Você que me lê, me ajuda a nascer.
sábado, janeiro 30, 2010
Blues.
Se oriente, rapaz.
"Preguiça" Baiana.
quarta-feira, janeiro 27, 2010
... lamento.
domingo, janeiro 24, 2010
Marinheira só.
quinta-feira, janeiro 21, 2010
Água.
Como prometido, um breve relato da situação aqui no Grajaú, ou mais precisamente no bairro Jardim Lucélia.
No ano passado a Prefeitura desalojou dezenas de famílias que viviam numa área de córrego aberto com a intenção de canalizar a área. A desalojação foi absurda, as famílias tiveram apenas uma semana para aceitar os 5 mil reais oferecidos e saírem do local. Algumas manifestações foram feitam, mas no fim das contas nada pôde ser feito.
As obras começaram ainda no ano passado, e para surpresa dos moradores dos arredores, as casas que até então nunca tinham tido problemas de alagamento foram invadidas pelas águas das chuvas.
O ápice aconteceu há dois dias atrás quando a forte chuva que assolou nossa cidade invadiu boa parte das casas e acabou com o patrimônio de várias famílias.Os moradores contactaram os bombeiros, que devido a sobrecarga de trabalho não apareceram. Dentro de poucas horas os moradores revoltados se reuniram na avenida que corta o bairro (Av. Dna. Belmira Marin) e iniciaram um protesto.
Logo a polícia chegou.
A repressão foi desproporcional, e o único motivo que impediu o CHOQUE de estar no local, foi que simultaneamente uma outra população carente protestava na Avenida do Rio Bonito, também por conta dos estragos da chuva e descaso do poder público.
No dia seguinte, logo pela manhã, os moradores do Jardim Lucélia se organizaram mais uma vez, e conseguiram dois ônibus (através da empresa Viação Cidade Dutra que também fica no Grajaú) para os levarem até a subprefeitura da Capela do Socorro.
Na subprefeitura conseguiram o compromisso que até aquela tarde um trator iria até o Jardim Lucélia retirar o excesso de barro, além de caminhões contendo comida e colchões para aqueles que precisavam.
A tarde passou, e no início da noite nenhum sinal da ajuda.
A população revoltada ocupou a avenida, trazendo também todos os móveis destruídos pelo alagamento. Por um bom tempo a manifestação transcorria bem, quando um grupo mais exaltado de moradores exigiu que o motorista e passageiros de um ônibus no local se retirassem para que fosse ateado fogo no ônibus.
Esse ato de revolta, realizado por uma minoria dos manifestantes, e totalmente compreensível dado o absurdo da situação, foi o estopim para que a região fosse infestada de policiais fortemente armados e sem suas identificações, assim como para que a impressa televisiva classificasse a manifestação como uma ação de vândalos arruaceiros. A subprefeitura, numa nota mentirosa, disse que havia enviado recursos de ajuda e que os moradores haviam impedido a entrada dessa ajuda no local.
Até hoje pela manhã um helicóptero da policia militar fazia rondas pelo céu de nossa região. A prefeitura ainda não comentou o assunto oficialmente e o clima fica cada vez mais tenso.
A população envolvida no caso é carente, e apesar de possuir uma associação de bairro, ainda enfrenta dificuldades de se organizar ante o ocorrido.
Moro há 15 minutos do Jardim Lucélia (morei durante 03 anos por ali), por isso não estou diretamente envolvido em todo ocorrido, nesse momento penso em alguma maneira de desfazer o imenso emaranhado de mentiras elaborado por prefeitura e mídia, e que engana até a população dos bairros vizinhos.
Detalhe Irônico, deixado propositalmente para o final:
Uma das reivindicações dos moradores do Jardim Lucélia é que a SABESP restabeleça o fornecimento de água para região, para que possam limpar suas casas. Explico, a tubulação de toda região do Grajaú está sendo trocado e portanto estamos há 3 dias sem água. Sim, FALTA ÁGUA.
Garçonete de avião.
quarta-feira, janeiro 20, 2010
Única.
Dona dos pezinhos.
Somos feias, mas estamos aqui.
domingo, janeiro 17, 2010
Sem título.
A questão parece ser: somos o que dizemos ser? O que escrevemos?
Somos o que pensamos ser ou o que pensaram sobre nós?
Fico pensando, pensando... por que eu realmente não sei se é só isso ou tem algo mais.
Acho que depois que entendi que o que importa é o método, o meio, e não a mensagem, as coisas ficaram mais simples.
Mas, ainda assim, não sei quem sou. E isso agonia de vez em quando.
sexta-feira, janeiro 15, 2010
Pezinhos.
Tana.
Encontros.
quinta-feira, janeiro 14, 2010
Terreiro de Mãe Stella sofre assalto em São Gonçalo do Retiro.
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quarta-feira, janeiro 13, 2010
Sabe?
Sabe como chama o sorvete de chocolate com pedaços de chocolate? Chocolate africano.
Sabe como chama saudade de uma pessoa só? É vontade.
Sabe o que eu tenho? Não é preguiça, é lassidão. E eu me entrego tanto...
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Do jeito que sua nega gosta.
Hoje não fiz nada o dia inteirinho que deus deu. Não fazer nada é ficar em casa, escrever cartas e textos, dormir, dormir, comer, conversar com mainha. Não ir à praia, enfim, nem cinema. Nem amigo chamando para ir ao Pelourinho. Isso incomoda um pouco, mas incomodava mais no começo das férias. Me sentia meio inútil. Mas a gente acostuma com o que é bom. Ficar sem fazer nada. É bom ter algo para fazer - eu queria ser escritora por que sonho que algum dia na vida eu poderia ficar só escrevendo na maciota, nada tipo mil livros por ano, miacoutamente falando - é bom não fazer nada para fazer o que quiser.
Mas quero ser diplomata.
Escritora.
Cantora.
Dançarina.
Professora de pilates (inspirada no filme As Leis de Família, de Daniel Hirzman).
Eu escrevi certa vez um conto quando estava aqui em Salvador. Perdi o rascunho. Era um texto sobre mangas e desejo. Manga è sempre bom para falar de desejo, vai saber. Mas eu morava em outra casa. Era outro calor e outro jeito de sentir o mundo. Aqui não sinto a mesma coisa. Se um dia encontrasse o rascunho... lembro vagamente da sensação quando escrevi o conto, um dia, se ela passar por perto, aprisiono o sentido e tento escrever coisa parecida. Là era tenso, aqui è mais calmo. Mas nem por isso menos desejo.
Fui eu quem parei para enxergar outras coisas. E o desejo mudou.
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Minha vó diz:
minha fia, como passou de ontem pra hoje?
Eu lembrei do Ano-Novo. As pessoas me perguntam como a gente passou a noite do ano-novo e eu digo
dormindo
Elas não gostam muito. Em qualquer outro dia do ano, seria comum.
quarta-feira, janeiro 06, 2010
As plantas de Dona Lindú.
Uma cena no filme Lula, o filho do Brasil me fez chorar. Nada não. É a hora em que Dona Lindú recebe a notícia que seu filho Ziza foi preso. Ela está fora de casa, num pátio externo, lado esquerdo da casa. Ela chora, e na sua frente, muitas plantas. Fiquei pensando na doçura da cena, por que essa coisa de ter planta em casa parece coisa de antigamente. Muitas plantas eu digo, e não uma plantita aqui ou ali. Pensei como a cena foi montada, quem deu ideia das plantas, a feliz ideia, agora o filme vai, pensei eu, digo, emplacou, não ficou fake nem apelativo, é só ela chorando e as plantas, entendam o que quiserem, fui eu quem entendi assim. Talvez ninguém ligue para isso. Talvez apenas eu perguntasse isso numa entrevista coletiva com o diretor. Talvez nem ele soubesse responder.
Fiquei emocionada só por que lembrei de minha mãe – hoje ela voltou para casa serelepe por que encontrou uma muda de uma roseira na rua dando sopa, veio trazendo animada me contando como é que a planta vai crescer, onde vai por, detalhes. Fiquei lembrando da minha casa cheia de plantas. E como essa cena diz muito sobre Dona Lindú e Caetés. Em Pernambuco e Bahia, em pessoas que gostam de plantas e não, isso não é bobagem.
Quem cresce vendo planta e bicho crescer não consegue se desvencilhar disso fácil. Tenho por perto pessoas que são assim, que saem da roça e substituem o bode que criavam por algum animal doméstico – fiquei surpresa quando uma aluna minha de seis anos disse que tinha uma galinha que se chamava Brenda –, vão se arranjando com essas mudanças que a cidade grande traz, para não empedrar o coração, para não esquecer de vez como é a canção e a história com final feliz.
Eu cá no meu canto fico me perguntando quando e onde foi que a gente perdeu essas coisas todas. Esses costumes, conexões. Fico me perguntando também onde viveram quando crianças as pessoas que hoje acham tudo isso uma grande bobagem e não veem sentido na vida. Bom, não ver sentido na vida pode até ser compreensível para alguém que pensa assim.
Aproveitando o ensejo, vem aí O Jardim das Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro.
terça-feira, janeiro 05, 2010
A-pegação.
Me apego, me apego. Números, cadeiras de cinema, copinhos de café. Presenticos, adesivos, pedacinhos de papel, letras. Sou uma romântica inveterada, embora não acredite no amor. Sou uma velha rabugenta também. Não me peçam para trocar o número do meu cartão de dois anos atrás – eu quero que seja o mesmo –, quando me roubaram a bolsa dentro de um restaurante eu fiquei triste por que minha carteirinha de natação mudou, minha identidade também, tinha foto de 10 anos atrás, tinha uma história, entende? Agora é desde 2009, e não tem graça nenhuma. Respiro fundo, eu que falo tanto em mudanças, me apego, me apego. Gosto dessas coisiquinhas por que talvez me lembrem mesmo com as mudanças todas de vida, de amor, de paixão e cidade, eu ainda continuo aqui, são minhas referências, mesmo café Bahia, mesma sandália de couro, nesse pedaço de papel sou eu e meu amigo de anos atrás, tenho medos de me dissolver.
Por que não, eu não sou forte. Ligo pra ele e minto coisas. Digo que estava meio alta. Mas resisto. Agora não faço mais isso não. Nem é porque mudamos de ano. É que digo para mim que criei vergonha na cara. Mas acho que criei mesmo. Num chora pelo que tu nunca teve, fia.
Escrever melhora. Conversar também. Mas tem gente que não gosta de conversar. Mainha gosta. Tem horas que eu não gosto. E aqui eu aprendo a conviver com essa diferença toda, dividir coisas e casa e quartos e computadores. Não é fácil. Mas é gostoso. É gostoso ter tentado e conseguir, outras vezes não conseguir. Esse balanço todo de tudo embala a vida. A gente quer ir dormir contente do serviço feito, mas nem sempre é possível. Aí tem o outro dia que tem mais coisas para se fazer. E você esquece da dor de ontem. Das decepções e das coisas que tinha para fazer. Tem coisa que era para fazer ontem. E ontem já foi... não dá vontade de fazer mais. Acontece.
Aliás, parece que a vida gira sempre nessa toada. Drummond até já disse isso. Vaievemviraporquetornaahistóriaésemprequaseamesma. Amor, ódio e uma pitadinha de inveja. Às vezes é só amizade. Acho que é a parte mais legal de tudo. Se você conseguir isso, bata palminhas e seja feliz.
domingo, janeiro 03, 2010
vintedez.
Não sou nacionalista. Matar e morrer pela pátria. Mas não gosto dessa classe mé(r)dia imbecil – perdoem-me a reiteração – que vive a falar mal do Brasil. Que aqui não presta, que as coisas não funcionam, essas coisas. Que nos EUA as coisas são assim, na França são assado... dá vontade de responder que eu gosto de cozido, principalmente o que mainha faz, mas fico na minha. As pessoas tem direito de falar o que pensam, eu mesma não falo aqui, não falo por aí quando me dá na telha?
Também não sou louca e digo vaiembora assim do nada. Mas as pessoas parecem que não sabem das coisas e não lembram que o Brasil teve a constituição de 1988 feita de um modo que nunca foi feita uma constituição no mundo, utilizando a tecnologia mais acessível da época – a tv’, como ainda é hoje – para divulgar o que estava acontecendo e como as pessoas podem participar.
E depois falam mal do Lula. Eu não tenho medo de falar que gosto dele, mesmo muita gente apontando os grandes erros que ele fez. Mas é comodíssimo – quis escrever comodíssimo mesmo, e não comodismo. Aliás, esse blog é revisado. Qualquer erro gramatical será sempre intencional –, a classe mé(r)dia adora aproveitar os bancos de universidade pública para virarem críticos de qualquer coisa, inclusive crítico do governo. Tem jornalista por aí que acha que isso é até mesmo um trabalho digno, de plantão nas escorregadas do Lula ou coisa parecida. Esqueceram-se que o presidente sociólogo com cátedra não-sei-aonde-e-não-me-interessa não abriu uma universidade pública em oito anos de mandato e ainda abriu as portas para que empresários como Ormetto (barão do café de Araras) dominasse o ramo educacional com essas unijoana, unipaula e unifernando – com o perdão a quem tem esses nomes – da vida. Se é preciso um presidente analfabeto para que a gente tenha universidades públicas abertas, filho de pobre chegando à universidade, espero que a/o próxima/o seja indígena e não tenha aprendido a escrever, quem sabe assim a gente recupera uma de nossas línguas-mãe, o tupi guarani, coisa que o Paraguai que é bem menor que o Brasil e teve metade de sua população masculina assassinada por nós conseguiu fazer com muita coragem e respeito às tradições, além de enfim, fazer a classe me(r)dia entender que sim, não se deve governar para os ricos, já que estes, quando a bomba estourar, tem jatinho para voar para Marte.
Ah, e não é chique falar que gosta do Lula também, sabe, em roda de amigos. É pobre, é out, é brega. É a burrice da classe mé(r)dia que quer contaminar o proletariado, empregadas domésticas que não entenderam ainda que elas são bem mais importantes que seus patrões e ficam repetindo as asneiras deles. Elas tem pena. Mas um dia, não terão mais. Ihaveadream, eu diria.
Filmes apelativos à parte – para o qual Lula vetou subsídios públicos, diga-se de passagem – eu gosto dele. E não tenho a mínima vergonha de dizer isso.
Engraçado, mas essa matéria aqui não foi capa de jornal...