Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, setembro 14, 2021

Sapiens, de Yuval Noah Harari.



As pessoas diziam, leia Sapiens, leia. Aí um amigo que eu adoro de paixão e para variar está longe (e quebrou o óculos lendo o livro, porque dormiu em cima dele de tanto que não conseguia largar o livro) estava terminando de ler e eu já tinha comprado desde dezembro, comecei. Senti a mesma coisa que senti quando comecei a ler 1808, sabe? Aquela coisa de livro best-seller, não sei se gosto, não.

Eu comecei a ler e, tá bom, mas meu amigo que vive comigo quase o tempo todo é biólogo, é botânico, então eu já tinha ouvido tudo aquilo, não achei lá essas coisas. Já sabia que o ser humano é um imbecil de marca maior e não faço a mínima questão de que a gente fique aqui mais tempo do que a gente tem de ficar, que eu eu acho que deve até ser bem pouco mesmo, tanta desgraça que o ser humano faz no mundo, por mim. Não vou acelerar nada, mas também não tenho nenhum apego a nada de nada disso, destrói a natureza, acaba com tudo, vai, morre, morre.  

Por mim. 

Mas aí a coisa ficou melhor ou me interessou mais a partir do segundo capítulo, quando ele fala da ordem imaginada que vivemos todos os dias para fazer "um mundo melhor".

Descobri que, segundo o autor, minha religião é o humanismo socialista. Aha. Adorei isso. Mesmo. Real. Gostei disso? Não sei, mas me ajudou a ficar mais cética e dormir melhor, mais certa de que qualquer coisa pode acontecer e tudo bem. Tudo bem. Eu já vivi 40 anos e fui feliz na maior parte do tempo em que vivi, justamente porque tenho cada dia tentado viver o momento e não ficar pensando no que foi ou no que virá. Essa é a melhor coisa da vida.

O livro ajuda a ver como é arrogante a ideia de que somos humanos e, por isso, temos direito à vida. Temos direito à vida porque muitas pessoas antes de nós fizeram de tudo para dominar a natureza e tirar dela todo o proveito dela para continuar aqui. Vamos continuar aqui até quando? Nem sei e, sinceramente, não me preocupo muito com isso e nem acho que devemos durar mais ou menos do que nada. 

O livro tem muita informação, nem de longe falei tudo aqui (e nem tenho essa pretensão, só umas poucas notas sobre o que ando lendo, é isso); a forma como escolhe conta a história a partir de revoluções (agrícola, científica, cognitiva) e as relações que faz entre ciência, império e religião são ótimas introduções aos temas que ele estuda e nos apresenta. Eu recomendo demais esse modo de encontrar o conhecimento. Eu sinto assim, que como todo best-seller, há uma série de coisas que precisam ser respondidas, mas o autor não faz isso de modo superficial ou leviano (até porque a lista de referências é enorme, algo bem incomum para um best-seller).

Fico sonhando agora que adoraria se meu fim fosse um dinossauro pisando com seu pé enorme em cima de mim, enquanto eu leio um livro, tomo um vinho ou como todas as comidas que amo. Acho que seria um bom jeito de acabar. E fim.


Yuval Noah Harari

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