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quinta-feira, maio 21, 2020

Breve História de Sete Assassinatos, Marlon James.


Disseram que o livro de Marlon lembra Cidade de Deus, de Paulo Lins. Li isso em alguma crítica. O cara ganhou o Man Booker Prize, o cara manda bem. Manda bem demais. 
Todo mundo já sabe que o livro é sobre uma tentativa de assassinato que Bob Marley sofreu, tem documentário sobre isso até. Vi um filme por esses dias, uma história parecida com a desse livro e que foi filmada por Idris Elba - que diz ter se inspirado em Cidade de Deus - mas pelo pouco que li na internet, o livro não parece ter se inspirado nesse episódio da vida do Cantor, muito embora haja cenas que lembrem o livro de James. Yardie não foi traduzido para o português ainda, mesmo tendo sido um sucesso lá pelas bandas de UK.
Falando de "Breve História", é narrativa fluida, acho até que gosto mais das personagens femininas do que das masculinas. Não sei porque, mas ele consegue. Ele sabe coisa demais sobre tudo e põe tudo ali, quem tiver olhos para ouvir que leia. Do nada aparecem frases que dizem tudo no meio da história e você pensa, como ele sabe isso sobre mim, ele com certeza viveu uma parte da vida em algum lugar igual ao lugar onde eu vivi, só pode ser. 

Assassinatos não precisam de motivos. Isso aqui é favela. Motivo é pra gente rica. Aqui é loucura (p. 23)
E não tem nem como argumentar com esses caras, porque eles nascem sem a parte do cérebro que faz o cara ter bom senso (p. 42)
Eu sou o que eles chamam de mulata, mas mesmo com meu tom de pele, ver tanta gente branca junta era um choque (p. 46) 
Ninguém no jogo pode usar os pés, mas eles chamam de futebol. Eu adoro como os americanos podem simplesmente dizer que uma coisa é qualquer bosta que eles acham que é, apensar de haver provas claras ao contrário (p. 309)
Quando você vê já aconteceu, não é mesmo? Aquele momento em que um homem simplesmente assume o controle e passa a viver dentro de você (p. 310)

É uma pena que eu sentava para ler e esquecia o lápis, então não tem muita coisa assinalada, mas por mim, leiam. 
Ele quebra tudo quando cria personagens homens bandidos durões e gays. Mas não, eles não são gays. Peraí, eles são. Ah, não sei. Isso importa? Ele bagunça a gente. 


                          Marlon James, prazer é todo seu

  Mas como não bagunçar, como diz Dona Nono, uma barra de homem desse.                                     

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