Eu sou tão grata à vida. Ela me tira de cada enrascada que se eu contasse aqui vocês iam ficar tristes e pensar "mas como é que essa mulher consegue acordar rindo e cantando?". É sim, eu só conto para as pessoas mais chegadas e às vezes eu transformo em conto nos Cadernos Negros. Já tenho a ideia para mais um aqui na cachola.
Eu sou grata à vida porque eu passo cada uma, cada coisa estranha e que dá medo e depois me safo e me pergunto "rapaz, como é que eu entrei nessa?", e depois, aliviada, eu penso "rapaz, como é que eu saí dessa?". Eu saí e saio desses e dessas porque eu acredito que dias melhores virão. Só pode ser. Como agora, eu tenho certeza que até 31 de março vão descobrir uma vacina, uma loucura de gente tomando a tal agulhada e ficando bem.
É assim que eu penso a vida. Eu sou muito grata, embora odeie essa onda de tudo falar "gratidão". Eu amo ser grata, eu sou muito grata, mas acho um tédio esse povo que fala "gratidão". Vocês devem imaginar porque, não vou comentar.
Deixa eu dizer, ano passado mesmo, eu conheci uns caras dispensáveis total, mas eu não desacredito do amor, não. Mentirosos, covardes, medrosos, invejosos, abusivos, teve de tudo. Mas eu não desisto, não vou dar essa ousadia para o que não presta.
Sigo grata à vida, feliz e animada, minha vida é ótima.
Muito ótima mesmo. Sem querer parecer feliz num dia de quinta à noite. Sem querer fingir felicidade, eu poderia reclamar, mas escolho celebrar estar aqui, em casa, com um teto, comida e contas pagas.
Vou ali terminar de ler Agualusa.
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