Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, março 30, 2020

Projeto de leitura.

Conversando com um amigo, pensei que seria bom retomar algumas leituras que nunca concluí, seja por birra, seja porque não eram específicas da minha área de estudo. Ele me disse, essas leituras são obrigatórias para qualquer pessoa, e ele está certo, me olhou com aquela cara esnobe descarada dele, ele mesmo fez biologia na graduação e leu esse livro que peguei para começar. 

Ajudou o fato de ele ter todos os livros e eu poder tomar emprestado. Vamos lá. O projeto é ler Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre, ou pelo menos os capítulos que não li. Depois, se possível, terminar também Raízes do Brasil e depois completar com Darcy Ribeiro. É isso.

O Casa Grande fica na cozinha, na mesa, me esperando, já que é uma leitura em que faço anotações, que preciso parar, respirar, eu me reto em cada parágrafo, a linguagem me irrita sobremaneira. O "Breve história" fica no quarto, junto com Angola Janga. Esses são para deleite, então posso ler na hora de dormir. Na sala, a TV e os filmes. 

É assim, espero dar cabo. Pensei em ler um capítulo  de Casa Grande por semana, aos poucos, devagar e sempre, não sei se conseguirei, porque me retei muito das dez primeiras páginas do primeiro capítulo. Fico querendo discutir toda hora, melhor ler quando estou sozinha. Argh.

Sim, leitura obrigatória, sim, vou ler, vou ler! Me deixem. 

Porque não li ainda?

Vai saber, li outras coisas, me deixem. 

De todo modo, quero dizer que nada tem me deixado mais feliz do que saber que tomo dois litros e meio de água por dia,  já que há dez dias tenho enchido garrafas de um litro e acompanhado direitinho. Por ora, isso me deixa mais orgulhosa do que saber se irei concluir essa empreitada com os livros. 

Porque quero terminar de ler Sobonfu Somé. Porque quero terminar de ler Patricia Hill Collins, por isos me reto. Mas, me deixem. Farei tudo que der e o que não der, me perdoarei linda. Porque só vou viver 205 anos, obviamente não farei tudo que preciso fazer nem o que devo.

Por mim e tudo bem. 

Replicas.


Uncorked.



Alguém avisa para a Netflix que é péssimo isso de fazer cenas para promoção do filme que NÃO estão no filme? Quem inventou isso, gente, não tenho idade para isso.

Filme da hora da vida, amei.




domingo, março 29, 2020

A Juíza.


Eu ainda vou fazer direito, sabia? Não estou com molequeira. 

Mi palestra su palestra.

Quem tem Facebook, consegue ver aqui.
Eu acho engraçado me ver assim, será que todo mundo sente isso?

sábado, março 28, 2020

Raveena, NPR Tiny Desk.



Quando você tem certeza que voz é instrumento.

Pode chamar de gorda?


sexta-feira, março 27, 2020

O babado da Toinha - a baiana que faz seu dendê.


Vento.

Amo o barulho de vento. Eu amo praia, mas quanto estou lá é perfeito porque tem barulho de vento.

UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Uma delícia esse barulho. Eu amo quando ele rodopia em meus ouvidos, amo estar dentro de casa e ouvir esse barulho lá fora, eu sinto me chamando.

UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Veeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem

Não tem coisa melhor da vida no mundo do que poder ouvir esse som.

quinta-feira, março 26, 2020

Anita: de Honório Gurgel.


A primeira noite de crime.


Passados.

Tenho sonhos eróticos com escritores. Bons escritores, diga-se de passagem. A bola da vez é Marlon James. Não tem como não se apaixonar por um homem como Marlon James. 

Irei escrever alguma coisa sobre isso. O Escritor, é ele. 

Essa semana, acho que reencontrei um rapaz, um homem que nasceu na Bósnia e por quem me apaixonei há quase 20 anos atrás. Abri o Google, digitei seu nome e de repente ele apareceu inteiro para mim, nas páginas de um site acadêmico. Virou professor, como eu, estudando coisas que eu gosto de ler e estudar também. 

Como a vida é realmente deliciosa. 

Escrevi um email para ele. Tímido, mas corajoso. Alguém sabe dizer como é que se faz isso? Não sei, só fiz e mandei. Não reli muitas vezes, acho que apenas umas duas. Encontrei vídeos em que ele falava algo sobre a política do país que havia nascido, ainda não sei se é ele, mas não importa. 

Não espero resposta, mas sinto um enorme prazer de conversar com partes do meu passado. Tenho fotos dele, fotos impressas, ele com uma camisa escrita Michigan, eu sempre adorei essa foto, nós dois juntos e ele com uma camiseta que é quase o meu nome, a vida é engraçada. 

Eu não esqueço de quando me apaixonei, escrevi-lhe (eu sempre escrevi) um bilhete num italiano ruim, joguei pela janela de sua varanda e esperei até que ele me contasse do bilhete. Ele me encontrou, não disse nada, eu perguntei e ele e disse

Não tive dúvidas que era você, ninguém que eu conheço escreve um italiano tão ruim

Eu me apaixonei mais, adoro pessoas que quando tem certeza, não falam muito. Não falar muito, eu admiro e acho bonito e não consigo, eu até finjo que gosto de gente assim, mas saibam, é mentira.




Papicha.


sábado, março 21, 2020

Me chame pelo seu nome.


Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa.


Não sei se todo mundo sabe do meu projeto de ler mais autoras negras, mas às vezes eu leio coisas que me indicam. Dessa vez foi o livro Nação Crioula, um amigo falou bem e me emprestou, li muito rápido as cem primeiras páginas e depois comecei a ler outras coisas, mas terminei hoje. 

O livro foi escrito por José Eduardo Agualusa, autor branco angolano que já ganhou prêmio por outro livro que virou filme (procure saber aqui). São cartas endereçadas a várias pessoas, a maioria delas por um português de nome Fradique Mendes, um homem que viveu entre Angola, Brasil, Portugal e Paris. O que me fez ler o livro foram as passagens que falam da cidade que eu vivo, São Francisco do Conde, recôncavo baiano. 

O livro pouco a pouco se transforma num romance histórico e é recheado de nomes importantes para nós a história negra brasileira, tais como Luís Gama, José do Patrocínio e outras figuras menos conhecidas mas também ali representadas por escravizados que lutaram nas revoltas brasileiras, aquelas como a dos Malês. Dá vontade de ler de novo e dá para começar a estudar muita coisa que nem está na escola a partir desse livro. Indiquei para colegas de trabalho da Letras. 

Curiosamente, gosto mais da carta final, em que Ana Olímpia, mulher negra de grande importância em Angola - mas que também foi escravizada, por não ter posse de sua alforria quando morre seu marido - relata passagens de sua vida e de Fradique. Fiquei pensando ali que a vida de Ana daria um bom livro ou, quem sabe, um filme. Eu mesma adoraria fazer parte dessa arte. 

Há coisas que aprendi com Ana que não esquecerei:

[... ] Se fosse hoje, ter-lhe-ia respondido com um provérbio crioulo da Serra Leoa, país que visitei recentemente: stone we dei botam wata, no say wen rain de cam, ou seja, uma pedra debaixo da água não sabe que está a chover (p. 152).

A definição de Ana para a maldade do mundo também me intriga.

Imagino às vezes a maldade como sendo um animal. Um amigo meu, austríaco, que passou muitos meses em Angola, estudando a fauna e a flora exótica dos sertões do Sul, defendia a ideia de que um formigueiro (ou um enxame) pode ser considerado um único ser vivo, em que cada formiga (ou abelha) é uma célula. De modo idêntico, penso na maldade como um vasto animal disperso pelo mundo, composto por pessoas, como os formigueiros são compostos por formigas. Não se conhecendo todas se conhecem, actuam em conjunto, movem-se numa mesma direção (p. 154).

Há tantos livros a ler, não sei o que faço. Tenho dúvidas, quero terminar alguns que comecei e não o fiz porque não me animaram. O que vocês fazem com livros que não atraem? Eu fico triste porque não querer terminá-los. Assim foi com Oreo, de Franz Ross. Ótimas resenhas, mas o livro não me desce. Escrita que não consegui ir com a cara, nem de cara nem deixando para depois. Tentarei, novamente, prometo. O que vocês fazem? 

Há um outro, esse não é ruim, mas por ser enorme, preciso ler em casa, pesado demais para levar para lá e para cá. Acabei não conseguindo me concentrar nele. Taí, bom momento para retomar. Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James. Esse muito muito muito bom, indicação de um exnamorado, na última vez que o vi nessa vida. Não, a gente não é de mal, até escrevi umas coisas lembrando dele pouco tempo atrás.

Amo minha mãe por me ensinar a ler. 

Ali, em cima da cadeira, do lado da cama, esperam-me três livros que devoro aos poucos, por serem de poesia (Sangue Negro de Noémia de Souza), quadrinhos (Angola Janga, de Marcelo de Salete) e um teórico (Pensamento Feminista Negro, de Patricia Hill Collins). Não quero que acabem, como não quero que acabe o mundo. Mas, por via das dúvidas, enquanto não acaba o mundo, darei cabo destes, tenho uma pilha a esperar-me na estante. Jurei a mim mesma não comprar mais livros enquanto não acaba a pilha mas, logo penso, se não comprar, não terei mais pilha e sem pilha, não terei nada a desafiar-me o tempo, assim, entro numa livraria virtual e compro mais alguns agora, aqui, já.

sexta-feira, março 20, 2020

Danser, Lisandro Cuxi.


O homem que não sabia chorar.

Ele perguntou a mim

Como é que você consegue chorar assim, eu queria conseguir chorar, as pessoas não acreditam que eu estou sofrendo porque eu não choro

E eu, que não sinto pena de ninguém, quase sinto pena dele, ali, sentado, parecendo mentir, parecendo se esforçar, sendo homem, enfim. 

Triste machismo. 

Foi a comediante Tiffany Haddish quem disse, "todo mundo nasce mulher, o homem é uma mulher que não deu certo", foi ela quem disse.

O Dossiê Pelicano.


Fim.

Please don't say you love me. Love does not suffer, love heals and does good. Reading you saying "I love you" hurts a lot, it hurts me, very badly. I'm not saying that you don't love me, I'm just saying that your love doesn't reach me. Your way of loving didn't do me any good, it didn't make me happy. You can love me, you can tell other people but, I'm asking you, don't repeat it to me, not after what you've done to me.
[...] 
I wish you had better days, always. Please, if you have nothing new to say to me, don't write to me. There is no need to continue this without something with the power to alter the past and remove this pain from me.

Míghian

quinta-feira, março 19, 2020

Grateful Life.

Eu sou tão grata à vida. Ela me tira de cada enrascada que se eu contasse aqui vocês iam ficar tristes e pensar "mas como é que essa mulher consegue acordar rindo e cantando?". É sim, eu só conto para as pessoas mais chegadas e às vezes eu transformo em conto nos Cadernos Negros. Já tenho a ideia para mais um aqui na cachola. 

Eu sou grata à vida porque eu passo cada uma, cada coisa estranha e que dá medo e depois me safo e me pergunto "rapaz, como é que eu entrei nessa?", e depois, aliviada, eu penso "rapaz, como é que eu saí dessa?". Eu saí e saio desses e dessas porque eu acredito que dias melhores virão. Só pode ser. Como agora, eu tenho certeza que até 31 de março vão descobrir uma vacina, uma loucura de gente tomando a tal agulhada e ficando bem.

É assim que eu penso a vida. Eu sou muito grata, embora odeie essa onda de tudo falar "gratidão". Eu amo ser grata, eu sou muito grata, mas acho um tédio esse povo que fala "gratidão". Vocês devem imaginar porque, não vou comentar.

Deixa eu dizer, ano passado mesmo, eu conheci uns caras dispensáveis total, mas eu não desacredito do amor, não. Mentirosos, covardes, medrosos, invejosos, abusivos, teve de tudo. Mas eu não desisto, não vou dar essa ousadia para o que não presta.

Sigo grata à vida, feliz e animada, minha vida é ótima. 

Muito ótima mesmo. Sem querer parecer feliz num dia de quinta à noite. Sem querer fingir felicidade, eu poderia reclamar, mas escolho celebrar estar aqui, em casa, com um teto, comida e contas pagas. 

Vou ali terminar de ler Agualusa.  

Lost Girls.


quarta-feira, março 18, 2020

Conseguimento.

Não acho que você não me ama, só estou dizendo que seu amor não me alcança. Não me alcançou, não deu conseguimento. A gente tentou, tentou, mas não ligou. Não funcionou.

E morreu. Mortinho, mesmo. Da silva.

E eu aprendi um bando de coisas e fiquei mais esperta, dando ousadia agora para outras gentes, há gentes, há sempre gentes e que bom, eu não quero mais conversa com quem não sabe amar. 

terça-feira, março 17, 2020

Tuca no Carimbó, Nana & Nilo.


Boa sorte, Vanessa da Mata e Ben Harper.


Quero escrever milhares de palavras, mas são só palavras e o que eu sinto não mudará. Acredito na força do amor e às vezes fico zangada quando vejo as pessoa falando "eu te amo" sem nenhum pudor, sem consideração nenhuma ao sentimento, mas quem sou eu para dizer que ele não me ama, se ele diz que ama ele ama, eu que não quero esse amor, não desse jeito, não assim, para mim não é assim que o amor chega em mim, então, sou eu que preciso ir embora. 

Quem ama, não magoa, não machuca a pessoa que ama o tempo todo, a todo tempo. Deixa em paz, vai embora, mas não faz isso. Quem ama, não mente. Eu não acredito em amor incondicional e nem em amor mentiroso, uma mentirinha, uma bobagem que seja, eu não quero.

Vai pra longe de mim. Me deixa sozinha, eu estou bem. Meus discos, meus livros e meus filmes, eu estou bem. 

Sleeplees Night.


domingo, março 15, 2020

Minha cara.



Não estou aí e nem estou chegando.

Luta por justiça.


sábado, março 14, 2020

sábado, março 07, 2020

Celular sem.

A quem interessar possa, estou sem celular. Pifou.
Na verdade, esse post é só para uma pessoa, só. 
É para você, que passou o mês regando minhas plantas e me esperando voltar.
Isso mesmo. 

Me manda um email que estou com saudade: mighiandanae@yahoo.com.br

El piedra.


Todos lo saben.


Widows.


Canción sin Nombre.


sexta-feira, março 06, 2020

Black Miztvah.


Bai.


Minha cara agora mesmo. Rapaz. O melhor de tudo é que ainda estou inteira, e linda. Linda (não estou mentindo, rs).

Daqui a pouco eu viajo de novo.

Mas fazi um esforço

quinta-feira, março 05, 2020

Rapaz.

Eu estou aqui trabalhando e fico sentindo um prazer imenso. Eu amo mexer com as palavras, eu amo fazer isso, eu amo. Amo demais. Não sei porque amo tanto, mas música e palavra são minhas amigas há muito tempo.

Palavra há mais tempo que música. E tem dia que só tem palavra, sem música e eu consigo me amar mesmo assim. 

De tudo que aprendi nesses últimos dias, o que mais aprendi foi: como eu me amo e como eu gosto de ficar comigo. Comigo, com as palavras e a música. 

terça-feira, março 03, 2020

domingo, março 01, 2020

A Mulher de Pés Descalços, Scholastique Mukasonga.


Scholastique me fez pensar em minha mãe e em sua morte, um dia, quando vier, como vai ser. Desses livros que nos preparam para enfrentar a vida sem nem saber que está fazendo isso. A autora escreve um pouco sobre sua infância em Ruanda, durante a trágica guerra no país, patrocinada por outros países interesseiros em Ruanda. 

A mãe e as estratégias de viver em meio a uma situação caótica; sua visão de criança e a ideia que tem hoje, já adulta, morando num país do norte da europa. Quero ler mais, quero viver mil vidas para ler livros e livros. 

Não sei fazer resenha de livros, nem sei se quero. Quero apenas registrar aqui todos os livros que tenho lido, para me lembrar algum dia. Por vezes eu não sei o que dizer porque tudo que leio no livro é tão tudo que eu fico sem conversa para pôr aqui. Pois é assim, esse e um monte de livros que eu leio já bastam por ele, por existir, pelas palavras, pelas pessoas. 

Quer ouvir mais? Vai aqui.

Aos pulos.

Meu coração está aos pulos, apaixonado e intenso. Às vezes ele quer saltar para fora, chega perto do céu da boca e então eu preciso fazer algum esforço para engoli-lo novamente, ele está cada vez maior, crescendo de amor. 

Mas eu ainda tenho medo.

E tudo bem? Tudo bem, tudo bem, ou não. Sei não. Estou aqui, ainda. Firme e forte, com medo e firme e forte. 

Não sei o que escrever. Não estou com vontade nenhuma.