Você que me lê, me ajuda a nascer.

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domingo, janeiro 19, 2025

Ouvi dizer...

 ... que metade ou mais da metade das coisas que a gente se irrita no dia a dia, se a gente lembrasse delas daqui a um ano, a gente ficaria com vergonha de perceber que a gente se chateou à toa. 

É isso, sem mais, dizer mais o que?

Só quero saber do que pode dar certo, mesmo tendo tempo a perder. 

Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí.


 

Corpo Humano: Nosso mundo interior.


 

Doleira: a história de Nelma Kodama.


 

sábado, janeiro 18, 2025

sexta-feira, janeiro 17, 2025

terça-feira, janeiro 14, 2025

segunda-feira, janeiro 13, 2025

Uma menina que mostra a língua.

Passando ali na rua de carro uma menina negra de cabelo trançado andando de bicicleta me deu língua. Ela não viu, mas depois que passei por ela com minha cara de surpresa, eu só consegui sorrir. Quem dá língua nos dias de hoje? Ninguém mais. 

As crianças precisam ter "bons modos", se comportar. Já imaginaram onde as crianças guardam a raiva que sentem, a inveja ou a tristeza? Uma língua mostrada no meio da rua pode ajudar a melhorar o dia. Depois fiquei pensando: apesar de achá-la muito corajosa, ela foi muito prudente também. Deu língua para alguém que não faz parte de seu ciclo de relações próximas, ou seja, isso porque para que eu parasse o carro e fosse até à casa dela reclamar com a mãe de uma língua dada, só se eu estivesse muito, mas muito chateada mesmo (e sem nada para fazer). E, ainda assim, a reclamação seria bem menor do que se ela tivesse dado língua para a tia ou a avó. Melhor impossível.  

Coragem e prudência, não sei em que ordem. 

Mas o que ficou em mim daquela imagem foi a coragem de uma menina negra me dar língua - meio sorrindo com o desenho da boca - no meio da rua, brincando com os(as) colegas - mais meninos que meninas, eu vi - de várias idades que eu só pude sorrir. E sorrindo estou só de lembrar da cena.

Depois desse dia, procuro por ela, para devolver-lhe a língua mostrada, mas ainda não a vi. Queria dar a certeza para ela que, se ela continuar com essa sabedoria toda, ela pode se tornar uma adulta corajosa igual a mim, que devolvo língua mostrada para criança sem pudor algum. 

Quem dera eu tenha coragem de mostrar a língua de novo para qualquer coisa, um dia, assim como ela.

domingo, janeiro 12, 2025

Três meses.

Você quer namorar comigo?

A gente se perguntava assim, lembrando o personagem Zé Pequeno do filme Cidade de Deus perguntando à moça que ele gostava se ela queria dançar com ele. Usando a mesma entonação, a gente sempre se perguntava assim, antes do pedido oficial, feito por ele, lá em São Paulo, três meses atrás. 

Eu ri, ri e desacreditei, mas disse sim, porque achei que não seria nada demais dizer sim. A gente diz sim para fazer dar certo, como o eu te amo que vem no começo para firmar o sentimento. Eu gosto.

Agora com três meses, eu falo que já passou o tempo da experiência, a gente pode assinar contrato.

Você quer casar comigo?

Você quer viver comigo?

Você quer brigar comigo?

Você quer ficar de bem comigo?

São todas variações feitas com a mesma entonação do personagem no filme que a gente tanto gosta. 

Eu digo sim para todas, porque o que eu quero mesmo é viver junto. E viver junto é fazer junto até o que não se quer ou não se pensa em fazer (ainda). 

Tiffany Haddish Presents: They Ready, T1.


 

A milionária, o mordomo e o namorado.


 

quinta-feira, janeiro 09, 2025

Carlinhos Maia por João Pimenta.


Como a gente não tem orgulho de ser baiana? Poxa, difícil. Que rapaz maravilhoso, gente. Fico emocionada com tanta inteligência. Obrigada, João. Obrigada mesmo.


 

Só você e eu/Amado, Vanessa da Mata e João Gomes.


Delícia demais. Uma coisa puxa outra, né? Eu assistindo Roda Viva com ela e a ouvi falar de João Gomes. Fui caçar a música. É como ver o Roda Viva de Fernanda Torres e ouvir falar sobre o livro e a minissérie que ela escreveu/roteirizou. 

Uma coisa puxa a outra e a gente se alimenta.

 

Um homem por inteiro.


 

quarta-feira, janeiro 08, 2025

Olhos de água e sal.

É só quando você olha de novo e de novo para os olhos que tinham água de mar para ver que eles também tem sal e o que você viu também pode ser tristeza.

Sim, a vida é isso mesmo, tudo junto e ao mesmo tempo. Você é quem escolhe se pega carona nessa cauda de cometa ou fica à toa na vida sem ir quando o amor chama.

É você, só você quem pode escolher nessa fração de segundo que a tristeza e a felicidade espreitam o nascer do dia para saber com quem você vai dormir.  

Nem tudo é negociável.


 

segunda-feira, janeiro 06, 2025

O beijo na parede, Jeferson Tenório.


Leiam o livro de Jeferson. Eu amo livros que falam das infâncias de crianças e esse livro conta a história, em primeira pessoa, de um menino negro de 11 anos chamado João. A lucidez de João pode fazer a gente pensar que é a voz do autor ali presente o tempo todo, mas de fato João poderia pensar tudo aquilo mesmo, e para que a gente soubesse disso, bastava aprendermos a escutar as crianças.
 
Parece extraordinário para quem não convive com crianças, mas Tenório apresenta um menino negro de 11 anos perfeitamente possível para quem consegue ouvir as crianças. Há belíssimas passagens no livro inteiro, mas a ideia do título, o tal beijo na parede, é um soco no estômago (dado com a força de um menino de 11 anos). 

Com a imagem que a expressão evoca, o autor consegue sintetizar tantas dores e violências que meus olhos ficam marejados só de escrever aqui. Talvez porque eu também tenha beijado paredes, em sentido literal e figurado.  

Jeferson Tenório






 

Dopamina: a molécula do desejo, de Daniel Z. Lieberman e Michael E. Long.


Terminei o livro animada com a ideia de ter aprendido mais sobre mim e sobre áreas de estudo que eu não domino. Tenho dificuldades em acreditar piamente em qualquer coisa que queira me dizer que resultados são deterministas e definem coisas. Estou mais para combinação de resultados para compreender fenômenos. Aprender sobre dopamina é mais um desses temas que nos ajuda a entender o complexo quebra-cabeça que são as pessoas.

Não define o desenho do quebra-cabeça, mas colabora com algumas peças. Isso é muito massa. Durante a leitura do livro, fiquei me perguntando como sou e como ajo frente à situações que "exigem" mais ou menos dopamina. Foi gostoso perceber também que o caminho que tento seguir, o de menos tela e aplicativos e mais presença pode ajudar a encontrar a harmonia nos dias atuais, em que buscamos prazer imediato e muitas vezes irrefreado. 

Atividades manuais dão prazer enorme e agora eu entendo mais ainda porque. Por isso gosto tanto de escrever cartas (preciso voltar a fazer isso). A sensação que sempre tive e a presença exigida talvez sejam responsáveis por ser como sou hoje. Isso é incrível. Quando falo em escrever cartas hoje, é coisa de uma por mês, mas já tive tempos na vida - período da graduação - em  que eu escrevia cartas todos os dias.

Todos os dias. 


Daniel Z. Lieberman e Michael E. Long



 

Sem escalas.


 

quarta-feira, janeiro 01, 2025