Recebi esse livro de presente de uma amiga e não quero que acabe, como um tanto outros que li.
Mas ele acabou e a sensação de vazio, mas de umas coisas que eu bem sinto quando tenho medo e preciso continuar ficaram aqui. Senti-me acompanhada, mortal e feliz, por concordar muitas vezes com o autor. O livro é uma carta para seu filho que à época tinha 15 anos (há uma bela foto dos dois juntos no final do livro) e é contundente sem deixar de ser amorosa, como pessoas que amam devem ser, em momentos em que é necessário dizer alguma coisa, inclusive em momentos que não se sabe o que dizer, mas que ainda assim é preciso seguir.
Acabo por lembrar que disse esses dias a essa mesma amiga "acho que ficar grávida é um ato corajoso e eu sempre vou celebrar isso, mesmo com todos os problemas". Esse livro reforça essa minha sensação que é a gravidez, alguém que carrega dentro de si outra pessoa para vir ao mundo, depois tem que alimentá-la, nutri-la com tudo e fazer com que ela saia de dentro, saia de perto, para nascer de novo.
Tem amor mais bonito que amar e deixar ir, não.
A verdade é que devo a você tudo que tenho. Antes de você, eu tinha minhas questões, mas nada além de minha própria pele estava em jogo, e isso na realidade não era nada, porque eu era jovem e ainda não via claramente minhas próprias vulnerabilidades como ser humano. Mas estava instruído e domesticado pelo simples fato de que, se eu agora caísse, não cairia sozinho (p. 34).
Ta-Neishi também me lembra algo que sempre sinto, algo que já escrevi e que repito por aí: eu só acredito no corpo, só o corpo é real. Ele diz isso o tempo todo, em como o corpo é a única certeza que ele de que existe e é assim que me sinto também. Eu falava isso e só tinha lido Foucault dizendo algo parecido, então que bom.
Esta é a sabedoria: sabemos que não fomos nós que estabelecemos a direção da rua, mas apesar disso podemos - e devemos - conceber o rumo da nossa caminhada (p. 37).
Então, lá vamos nós, na estrada outra vez.
Quem quer saber mais sobre o autor, ouve essa moça aqui.
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