Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Ainda criança.

Estava eu, ali, brincando na sala com o laptop de uma criança, de brinquedo, estava eu ali, digitando, absorta, no que me cutuca uma outra criança, me prevenindo tá sem pilha, professora Me ajeitei na cadeira, fingi não ouvir bem, continuei teclando, todo mundo agora sabia que era tudo mentira, que não tinha pilha e era só minha imaginação, não se fazem tempos e espaços como antigamente, quem dirás das crianças, ora vejam só. Antes eu tinha passado na casa de Vó Teté, já falei dela aqui, já falei de Vô Florêncio, em dezembro completam 50 anos de casamento, hoje ele me disse eu amo essa moça aí mesmo, por que o que ela me aguentou Vó Teté suspira, lamentando o periquito que morreu, Vô Florêncio resmunga só falta morrer o dono da casa Vó Teté se irrita e diz, se você morrer, é melhor que eu vá logo junto, aguento não Tanta dose de amor assim, no meio do dia, quem não aguenta sou eu. Dormi um pouquinho e vim trabalhar. Não sem antes ouvir vô dizer gente criada no mundo fica danada demais. eu nunca estudei, sou analfabeto, mas o mundo é uma escola para quem não sabe viver

quarta-feira, setembro 24, 2008

Vamos estudar que é bem bom. Clica em cima que aumenta, vice, não tem desculpa pra não ir.

4º Prêmio CEERT Educar para a Igualdade Racial.

alguém quer agarrar meu copo,
edson e o jongo,
sambando com pai de billy,
me deixe,
Além de estar lá, dançar e sorrir, ganhei o prêmio. Eu aCEERTei, mãe. E agradeci a mainha, claro, mulher guerreira que me criou, e que com a sabedoria do cotidiano me deu as palavras certas na ponta da língua para enfrentar discriminações e preconceitos, sem ter aprendido em banco de escola nenhum, na lida do dia-a-dia forjou as armas necessárias para continuar vivendo, vivona. Agradeci às mulheres negras que me antecederam e aquelas que aí ainda estão, ofereci para elas o prêmio, por que
mulheres negras nunca desistem
Me aplaudiram, mas teve gente que torceu o nariz. Quem disse que eu ligo? Samba, cerveja e sorrisos.

Manuel de Barros.

Por que como diz Manuel de Barros as coisas muito claras me noturnam com as palavras se podem multiplicar os silêncios se a gente não der o amor, ele apodrece em nós (nós, pessoas, nós, pedaço de corda - penso eu) E eu gosto da invenção da vida que ele faz, tudo o que ele não inventa é falso, é isso mesmo. Demora pra entender tudo isso, mas a vida é isso mesmo, invenção.

Só sorrisos.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Ana & Ana, livro de Célia Godoy.

Capa do livro
Crianças, o que elas podem (e devem!) fazer.

terça-feira, setembro 16, 2008

Eleições 2008.

E eu que não tenho tempo de assistir TV, ouço minhas crianças comentando o horário político. professora, o Maluf disse que é meio rico e meio pobre No que a outra emenda meio pobre de consciência, né? E uma outra mocita o Kassab fica dizendo por aí que construiu um monte de AMA. Mas de que adianta construir, se não tem médico? Fiquei só calada ouvindo as discussões pipocando, as crianças defendendo esse e essa ou atacando esse e essa, exercendo enfim, seus direitos de escolha, de debate. Mais engraçado foi quando eu expliquei o que era democracia. Eu disse alguma coisa sobre poder do povo, e todos e todas começaram a rir. Me perguntaram em que país tem democracia, professora? Mas aí expliquei que a gente votava e não cobrava, que a gente era responsável. No que vem uma e me sapeca mas minha mãe trabalha o dia todo, como é que ela vai ter tempo de ir lá na câmara reclamar? Aí a outra me mata a escravidão acabou, professora? Eu disse, é isso, é um círculo vicioso, blá, blá, blá. Depois dizem por aí que criança não sabe das coisas.

terça-feira, setembro 09, 2008

Vai lá, eu te garanto, eu de vestido branco e preto, eu sorrindo.

Vem, mas Vaz.

Encontrei enfim paz. No Vaz. O cara escreveu tudo que eu tentava dizer, quando queria falar de Sampaulo: são paulo é bonita por que é feia, e como toda feia que se preza, beija gostoso. que o Vinicius me perdoe, mas feiúra é fundamental Quer ler o resto? Se puder, procure a Folha de São Paulo de domingo, DNA Paulistano, um caderno que fala das agruras de cada zona da cidade e leia, na última página, a poesia concreta do moço. Se não conseguir, vai lá em casa que te arrumo o texto. E se gostar e quiser mais ainda, vai em http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/ Nem fui lá ainda, para não ficar mais louca de amor. Ainda. Respiro fundo.

segunda-feira, setembro 08, 2008

http://www3.fe.usp.br/efisica/negritude/ Se inscreva tu também. Eu já vou mesmo. E uma amiga minha me conta que o aluno dela diz professora, quem cacheia o seu cabelo? Ela, numa boa ele nasceu assim mesmo, seo moço Ele não entende, vai brincar. Como diz minha mãe, o errado é que tá certo, o certo é que tá errado Tá tudo de cabeça pra baixo, então pára o mundo que eu quero descer. Festa lá em casa dia treze dos nove, vai quem quer (e sabe o caminho).

sexta-feira, setembro 05, 2008

A tal lista.

Comecei, mas é tanta gente e a lista tá em aberto que decidi parar. Quem quiser, procura na internet. Contracotas:
Adel Daher – Diretor do Sindicato dos Ferroviários de Bauru e MS
Adelaide Jóia – Socióloga e Mestre em Educação Infantil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Adriana Atila – Doutora em Antropologia Cultural, IFCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Aguinaldo Silva – Jornalista, telenovelista
Alba Zaluar – Titular de Antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Livre-docente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), colunista da Folha de S. Paulo
Almir Lima da Silva – Jornalista, Centro de Cultura Negra de Macaé-RJ
Alzira Alves de Abreu – Pesquisadora do CPDOC da Fundação Getulio Vargas
Amâncio Paulino de Carvalho – Professor da Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Ana Maria Machado – Escritora, membro da Academia Brasileira de Letras
Ana Teresa A. Venancio – Pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz
Ângela Porto – Pesquisadora Titular, Fundação Oswaldo Cruz
Antonio Cicero – Poeta e ensaísta
Antonio Risério – Antropólogo
Arlindo Belo da Silva – Conselheiro Fiscal da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico (CNQ–CUT)
Bernardo Lewgoy – Professor Adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Bernardo Sorj – Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Bernardo Vilhena – Poeta
...
e por aí vai...

quarta-feira, setembro 03, 2008

Cabelo Pixaim.

Respeitem meus cabelos, brancos

Chegou a hora de falar

Vamos ser francos

Pois quando o preto fala

O branco cala e sai da sala com veludo nos tamancos

Cabelo veio da Àfrica

Junto com meus santos

Respeitem meus cabelos, brancos

Nem preciso ensinar pontuação, canto e as crianças entendem, deixam, deixam, a madeixa balançar.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Vinho.

Vinho. Cor de vinho. Muito vinho. A solidão é vinho, e a minha cabeça roda. Danço nua na frente do espelho, sorrio, choro, penso em coisas, penso em pessoas, tenho frio. Sorrio. Penso em dormir, em escrever. Não consegui assistir Nome Próprio. Não gosto da Clarah Averbuck. Não sei por quê. Acho ela pedante. Nem a conheço. Só acho, e não estou certa, vai saber. O filme é só baseado nela, ela mesma disse que não tem nada dela ali no filme, não no sentido literal, visceral. Mas não quero ver a Leandra Leal dando uma de junkie das letras, não faz o meu tipo esse tipo de escrita. Escrita como desespero? Até funciona, mas não daquele jeito. Daquele jeito do trailler. Para mim ficou fake demais. Talvez funcionasse com uma atriz desconhecida, ou, como chama as revistas que dizem entender de cultura, uma não-atriz. Mas talvez, só para me contradizer, eu assista e goste. Por enquanto, vou de música boa e som de tecla batendo noite adentro. Fico pensando que alguém que pegou meu telefone vai me ligar, e eu vou dizer não. Só pela graça de dizer. Ir dormir só, encostar na parede fria no meio da noite, despertar com sede. Gosto de conversar com pessoas, de fazer elas sorrirem. Gosto de rir com elas, de sorrir o sorriso delas, de ver a risada saindo da boca. Gostaria de saber dizer as coisas que sinto do jeito que sinto, mas não saem, não sei dizer tudo o que sinto, fecho os olhos e me concentro na guitarra que dedilha notas no meio de mais uma música, mas já passou, agora não vai dar mais, espero a guitarra, espero uma ligação, esperoespero. Com sono. E fez-me rir o Pedro, falando sobre o acordo ortográfico. Esse moço é um docinho: Algumas observações interessantes: ultra-romântico, será ultrarromântico; ultra-som, ultrassom; microondas, agora é micro-ondas; reescrever, talvez, passe a ser re-escrever – existe a variedade rescrever e também o conceito de composição para definir essas coisas. Agora, inter-racial, será inter-racial, mesmo, nada de interrracial, não senhor! Bastante lógico, não? O novo acordo, ora busca fundamentos na fonética, ora na cabala ou na astrologia (www.balaiodopedrao.blogspot.com) E viva Marcos Bagno, que me libertou, hallelujah, diz Ray Charles em sua música Hallelujah I Love Her So.