Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, maio 30, 2023

Planos de Aula - Igualdade de Gênero na Educação Básica.

Rapaz, tem um material massa aqui

Eu não conhecia essa editora, e vocês?

Birrenta.

Gente, quando é que as pessoas vão perceber como é chato dizer:

É sobre isso

Onde que 

Houve um tempo em que parei de falar 

Então 

Dava agonia ver as pessoas usando então e tipo para pausas. Dava, sim. Sou birrenta com as palavras? Sim. Ouvindo toda hora, jovens, cansa demais. Nada em excesso presta mesmo.

Mas a verdade é que... eu não gosto de gente que fala fala fala e não fala é nada. Não se mostra, não aparece, não apresenta nada além de frases feitas e palavras repetidas. É um esconderijo péssimo, mas as pessoas que moram neles acham que estão bem escondidas. 

Air: a história por detrás do logo.


 

Depois a louca sou eu.


 

domingo, maio 28, 2023

Direção.

Se você faz uma coisa todo dia, você aprende?

Aprende. 

Mas não pensa que foi fácil tirar essa foto, não. Mas tudo bem, eu consegui. Segurei a moto com uma mão só, parei, cliquei e subi a ladeira, depois de treinar fazer voltas e mais voltas num pátio grande do fim da rua.

Eu olho para mim hoje e não acredito que já estou assim. Quando Gal Costa chegou, eu nem sequer saía com ela sozinha até a frente de casa. No dia que tentei fazer isso, caí por cima dela e me machuquei. Mandei fotos contente dos machucados, como uma adolescente quando quebra o braço e pede que escrevam no gesso. Me senti jovem de novo, quem é que tem machucado no cotovelo com 42 anos? Só alguém que está se aventurando por aí. Passou uns dias, tentei de novo subir na Gal e dar partida. Fui indo. Fui empurrando a moto, como ainda empurro, mas agora já estou quase na fase de descer a garagem em cima da motoca. 

Tive muitos professores. Um deles era maravilhoso, não me ajudava em nada. Só ficava de longe, olhando. Me observando e vendo o que eu conseguia fazer. Eu não sabia como tirar a moto do lugar, porque eu não sabia andar de bicicleta. Eu não sabia para que lado a moto tinha que ser virada se eu queria levá-la de um canto a outro. Ele não fazia nada, com muita paciência me esperava. E eu ia. Devagar e sempre. Até que um dia eu pedi que ele fosse com a moto dele me acompanhando e ele não foi. Eu percebi, mas continuei indo. E indo. Aí voltei e ele estava lá, batendo palmas para mim em frente de casa. Passei por ele, desci a ladeira que eu nunca tinha descido sozinha. Voltei. Desci de novo. E ele lá, me olhando.

Foi muito importante cada pessoa que me ensinou um pouco e ainda hoje eu aprendo (hoje mesmo um novinho me ajudou a voltar para casa).  



E hoje, depois de duas horas de pilotagem, finalmente eu pude usar um Salonpas para uma queda em frente de casa novamente, quando esqueci de ligar a moto.

Meu amigo me diz

você é a única pessoa que se machuca e fica feliz

Vai entender. Eu entendo. Eu amo cada coisa em mim que vocês nem imaginam... eu amo, inclusive, descobrir as coisas que ainda nem sei. E sorrio chorando quando sinto que essas coisas me doem também, mas também me animam a querer mudar.

Se a gente faz uma coisa todo dia, a gente aprende? 

Aprende. Eu escrevo todos os dias. Eu assisti um documentário, As faces da beleza, e as moças dizendo isso, de como a gente precisa todos os dias acordar e se falar de amor para nunca esquecer como somos incríveis. Eu a entendo, porque eu também aprendi isso. Me olho no espelho muitas vezes ao dia, a vaidade é uma amiga fraterna. Olho sempre o que tenho e que amo, olho o que não gosto e penso como aquilo é pequeno perto dos 42 anos de vida e saúde que tenho até aqui.

José Nunes dizia

do tempo que eu nasci e ainda estou vivo

José Nunes, aliás, é o nome do carro. 

Quando escrevo um post assim, que mostra muito de mim, eu geralmente deixo no rascunho. E alguém pode dizer que eu não mostrei nada de mim, mas só eu sei o quanto tem de mim nas palavras que escrevi aqui, mais até do que quando esbravejo em fim de namoro. Eu sei.

Eu sei que pensava que pilotar e dirigir eram difíceis porque na real aqui dentro eu achava que não eram coisas para mim. Não entendi que a barreira que eu construí em torno da dificuldade em aprender vem dos atrasos que a pobreza e o racismo me proporcionaram. É isso mesmo que dizem, todos os clichês: tudo que a gente viveu faz a gente ser o que a gente é, então eu sou feliz de ser como sou, mas eu reconheço as ausências e o que elas provocam em mim. 

E estar aqui, ainda tentando. me dá uma sensação poderosa de felicidade e liberdade tão grande, que a água vem para o olho de um jeito tão besta que nem tem como ficar triste num dia ensolarado de domingo como hoje.

Descoragem.

Estou cansando das descoragens do povo, sim. Tenho direitos de cansar. E, mais ainda, de descansar. Às vezes, me sinto rodeada de gente sem iniciativa, com medo, indecisa, parada, sem se movimentar para as coisas que ama.

E isso vai dando uma vontade de navegar outros mares. De encontrar gente que tem ânimo para fazer o que é necessário e o que dá brilho no olho, que vai atrás, que se aventura, se arrisca. Gente que faz o coração dar pulos de admiração.

Eu preciso dessa coisa, do admirar, de saber que a pessoa faz algo que gosta e se não está fazendo, é só ainda, ela está indo para o lugar que quer ir, onde quer chegar, ela está se movimentando para descobrir, se não sabe. Eu gosto disso, eu não posso ser a única pessoa perto de mim que vive fazendo isso o tempo todo porque senão, onde eu vou recarregar minhas energias?

Eu faço isso todo o dia? Todos os dias? Não, mas eu sei que faço muito. Eu sei o que eu não faço e não é isso, não é ir não atrás do que eu amo. 

Oxe!


Fleabag, TP1.


 

sexta-feira, maio 26, 2023

sexta-feira, maio 19, 2023

quarta-feira, maio 17, 2023

Miudices.

Engraçado como a gente engole um elefante e se engasga com uma mosca. Eu mesma me vejo fazendo isso. Às vezes penso coisas como

viajo o mundo mas não consigo pegar a escada e limpar a poeira que assenta no chuveiro mesmo todos os dias olhando para ela 

E depois tem as coisas que eu aprendo totalmente novas - como dirigir - e que eu achava que era uma coisa (força) e é outra (suavidade). Eu fico completamente absorta em pensamentos que me fazem ter a certeza que ainda sei muito pouco sobre a vida.

Vocês já escreveram cartas para vocês mesmas? Eu ando fazendo isso toda a semana, cartas para uma Míghian do futuro. Ontem mesmo recebi uma que mandei um mês atrás. Um mês atrás e eu estava com saudade e me sentindo sozinha o bastante para repetir uma música por muito tempo.

Uma música que nunca nem ouvi com ninguém por quem me apaixonei. Como a gente precisa de pouco quando quer reclamar da vida.


Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo.


 

sexta-feira, maio 12, 2023

Irmãos: uma história do PCC, Gabriel Feltran.



O livro de Gabriel é uma pesquisa extensa sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), nascido pós rebelião do Carandiru em 1992, que culminou com a morte de mais de 100 pessoas. Cheguei nele depois de ter assistido ao documentário em série produzido por Joelzito Araújo, esse aqui. Bem mais, porque a gente na real não tem certeza que os 111 noticiados que foram assassinados é o número real. E quando parece que não há diferença entre 111 e 245, é porque a coisa realmente está uma merda.

Faz muito tempo que sou viciada em temas como mundo prisional, boxe e infância. Coisas absolutamente fora de sentido para muita gente, mas esses temas me interessam real. Acabo por ler tudo que me chega às mãos e agora, aos ouvidos, como o podcast sobre Nenê da Brasilândia. Interesso-me por tudo aquilo que não vivi, outros mundos me completam muito.

Gabriel defende a ideia de que o PCC não é uma empresa e sim uma irmandade secreta e explica muito bem porque. Uma das frases que não consigo esquecer é "o PCC não quer dinheiro e sim que os irmãos ganhem dinheiro" tem realmente tudo a ver com associações como a maçonaria (ou, pelo menos, aquilo que a gente conhece dela) e como o PCC se organiza desde sua fundação. Faz todo o sentido ver o PCC como ele apresenta e completamente diferente do modelo que gere o crime no Rio de Janeiro, por exemplo. Faz todo o sentido, também, entender porque o PCC é o que é em São Paulo e pode não ser o mesmo em outro lugar do Brasil e do mundo, porque em sendo de fora, leva muito mais tempo para se tornar parte, algo imprescindível a qualquer irmandade.

Depois desse livro, faz todo sentido a frase "o certo é o certo" ou mesmo o motivo pelo qual fui abordada em São Paulo,  acho que em 2009, sobre a tatuagem yin-yiang que tenho no pé. Filosofia de malandro merece livro também e esse é um deles. 

Gabriel Feltran
 

Corajices.

Eu olho para mim e me vejo tão corajosa. Real. Tanta coisa que acontece comigo e eu penso: rapaz, lá vou eu aguentar isso de novo? De novo? E de novo? 

E ainda assim, não desisto. Fico pensando em situações pelas quais já passei e ainda passo por ser mulher, por ser negra, por ser baixinha, por ter 42 anos e fico pensando em como é que eu aguento. Como é que eu aguento? Nem eu sei, na verdade. Não mesmo. 

Ou sei, um pouco. Porque eu falo o que eu penso quando eu sinto que posso. Porque eu me analiso e analiso as coisas que vou conseguir sendo quem eu sou. Porque o preço para continuar sendo eu mesma é caro mas eu trabalho para pagar.

Aí eu acordo de novo, medito de novo, respiro de novo e continuo. E sigo. E vou. Nem sempre pelo mesmo caminho, às vezes usando atalhos. Eu vou. Porque não?

Porque sim. 


terça-feira, maio 09, 2023

segunda-feira, maio 08, 2023

domingo, maio 07, 2023

terça-feira, maio 02, 2023

Medo de se apaixonar.

Perdi o tesão por ele, porque ele tem tanto medo de se entregar que eu cansei. Cansei de esperar a flor do desejo e do maracujá desabrochar. Não quero provar mais nada.

E eu conheço há tanto tempo, mais de dois anos. Mais de dois anos e ele continua com medo de viver, fica vivendo aos pouquinhos, picado, fazendo só o que precisa fazer para não morrer e o resto do tempo, parado. 

Perdi tesão porque perdi admiração. E isso está tão nítido para mim que nem preciso mais fingir qualquer coisa. 

The Equalizer, TP1.


 

As faces da beleza.