Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, março 31, 2022

Palavras.

Eu sou uma apaixonada pelas palavras. São sempre elas que me fazem tentar de novo. Qualquer uma delas, por menor que seja, me convence rápido.

Descobri com isso que só amo o silêncio se ele virar palavra. Quando ele não vira nada, eu fico pensando na palavra

silêncio

silêncio

silêncio

... para ver se ele vira outra palavra que não seja tão pesada como sua existência. 

É pela palavra que eu vivo e quando não estou com ela é por ela que eu espero. Eu sonho com ela, eu tenho desejos por ela, eu sofro por ela, eu choro, sorrio e canto por ela. Eu vivo por ela, eu vivo com ela.

Eu estou aqui escrevendo essa hora da noite porque eu preciso dela, é assim que eu me encontro com ela o tempo todo. Viciada das palavras, eu sou. Eu já sabia, agora confesso publicamente.

Preciso me (des)encontrar.

Deixe-me vir
Preciso entrar
Vou por aqui
A esquecer
Rir pra não morrer
Quero assistir à lua viver
Ver o fogo da vida acender
Ouvir os pássaros calar
Eu quero acalmar, quero aquietar

Deixe-me vir
Preciso entrar
Vou por aqui
A esquecer
Rir pra não morrer

Obrigada, Cartola, por não me fazer parecer louca.

O que é que eu tenho?

O que é que você tem?

Se eu soubesse, eu me diria também. É tristeza da falta, é hormônio pelo corpo saindo para fora com medo de alcançar o outro lado do oceano. De lágrimas. 

Eu sei que eu não tenho, quer ouvir?

Eu não tenho vergonha na cara, eu não tenho nenhuma vontade de parar de tentar, eu não tenho silêncios aqui comigo, eu não tenho reservas com as palavras, eu não tenho certeza se vou conseguir continuar.

O que é que eu queria ter?

Isso eu sei na ponta da língua, mas não sei se vale a pena dizer. Não para quem eu gostaria que me ouvisse demais e sempre a toda hora. 

Tem uma coisa que não vai embora, um aperto, um desconforto que acompanha a tristeza. Vamos dormir para acordar com vontade de continuar, com dores a gente vive, mesmo sabendo que não é preciso.

Viver é preciso, doer não é preciso.

quarta-feira, março 30, 2022

Mano a Mano: Lula.

 Dos tempos que eu ouvi esse, viu?

terça-feira, março 29, 2022

Be alive, Beyoncé.


 

Mano a Mano: Djonga.

Gente, quem consegue ter roteiro com Djonga?

Mais.

Sabe quando parece que você se apaixonou de novo, mais uma vez, pela mesma pessoa? Sabe, né? Eu sei e é uma delícia. 

Sabe quando você percebe que não falou as coisas mais bonitas de se ouvir - aquelas que você nunca gostaria de ter ouvido - e a pessoa ainda está ao seu lado, dizendo eu te amo (ainda que seja depois de um suspiro)?

Sabe quando você sente amor e saudade sem raiva ou medo? Espero que saiba.

Eu estive presa num sentimento estranho chamado ter razão. Inventei uma coisa para mim e ela tinha que ser como eu tinha projetado, ela não cabia mais distância. Só que as coisas não aconteceram assim e, mesmo assim, mergulhada dentro, eu me vi quase 24h do meu dia presa no que eu inventei, ainda que nada daquilo estivesse acontecendo, sem sentir prazer no que eu tinha e que estava bem ao alcance da minha mão.

Felicidade brilhando no ar e eu bufando de raiva porque estava, mais uma vez, namorando de longe.

Mas eu esqueci de olhar o que eu tinha. A beleza das palavras, a doçura das lágrimas. As alegrias de cada sorriso de longe, repetido de perto, as juras que só aumentavam. As saudades avolumando de todos os lados e a vontade de ficar junto que não sumia. Eu não vi isso, ainda que estivessem gritando ao meu redor.

Sabe quando você tem um plano e quer que ele aconteça? Você não olha para mais nada além disso, ainda que o amor bata à porta, você quer negociar com o amor para ele voltar outra hora, ou de outro jeito.

Com amor a gente não brinca. Amor a gente espera de mesa posta, coração aberto. 

Eu já deveria saber disso. Porque eu resisto? Eu tenho medo de sofrer algo que eu desconheça. Mas, será que existe? A gente sempre quer se enganar.

Lingui, the Sacred Bonds.


 

King Richard.


 

segunda-feira, março 28, 2022

sexta-feira, março 25, 2022

quarta-feira, março 23, 2022

Casa.


 

The Masked Singer.


 

Headhunters.


 

Áspera.

Sou inquieta, áspera e desesperançada, embora amor dentro de mim eu tenha.

Talvez.

Essa música sempre me ocorre quando navego águas intranquilas. Essa música me lembra que nem sempre eu vou saber o que fazer. Não está tudo bem, mas vai ficar. Será que existe alguém que acredita em mim?



terça-feira, março 22, 2022

Aprendendo.

Uma passarinha me contou que se você é dura demais com você, difícil não ser com as outras pessoas. Eu peguei o recado do bico dela quando ela passou bem rápido e vou levar para vida.

Preciso ser menos dura comigo e perdoar tudo de errado que eu faço todos os dias, para conseguir ser mais amor, love e leve com as pessoas que eu amo. Eu estou aprendendo isso de um jeito difícil que só, mas eu vou conseguir, sim. Eu sempre consigo.

É incrível ter 41 anos e sentir que estou aprendendo tudo do começo, de novo. 

Mudanças.

Ontem eu vi um senhor de 71 anos dizendo uma coisa tão certa.

Nem a gente é o que a gente quer o tempo todo, porque a gente exige isso das outras pessoas, que elas sejam o que a gente quer?

Porque a gente faz isso, porque a gente quer botar as pessoas na caixa que a gente criou e reclama se elas saírem? 

Eu acho que sei. Porque a gente vive, aprende, cai, levanta e a gente só tem a gente. Por isso que a gente endurece e qualquer coisa que trisca perto da gente a gente já está com olho aberto e em posição de ataque para revidar. Aí a gente diz assim, se quiser ficar perto, vai ser do meu jeito. E a gente não acha isso nada demais, afinal, a vida não deu mole para a gente, porque é que é mesmo que a gente vai dar mole para quem se aproxima?

E a gente vai achando que esse é o jeito certo, o nosso jeito é o certo. Mas é porque é, sim, nosso jeito nos trouxe até aqui, então está certo. Mas não é certo também, porque nosso jeito também deixou gente pelo caminho. Como tudo na vida. E a gente perde as pessoas, tem gente que vai embora sem nem avisar, tem gente que não fala nada, só fica ali, mas não aprova metade das coisas que você faz.

E você vai vivendo, meio vivo e morto, sabe? Eu sei. O que eu não sei é onde aperta o botão para estancar a dor e a angústia de não conseguir falar o que sente, compartilhar, trocar, ficar bem. 


Um homem que grita.


 

Perturbação.

Porque a vida boa fica tão pouco tempo por perto? Eu lembro com saudade de um tempo em que eram só belezas, mas agora já parece tão longe. Tão longe.

Palavras doces, belezas, amores, carinhos. Sinto falta.  

Eu sonho com a volta de um tempo em que eu sorria sem nem saber porque. Eu sei que eu posso viver isso por mais tempo. Eu sei que eu consigo. 

Mas eu também sei que eu não sou doce o tempo todo. Eu firo, eu falo, eu faço tempestade quando a paciência fica longe de mim. Eu tento respirar, mas nem sempre dá. Eu sou toda errada, também, querendo só o bom da vida.

Eu tou confusa, eu tou com medo, eu não sei se estou fazendo o que devia, mas eu vou. Eu vou comigo, eu vou sem mim, mas eu vou. Passando as horas pensando no que eu poderia (não) ter dito e o que disso tudo é meu. 

Eu acho que eu nunca vou saber direitinho o que é meu e o que é do mundo. Está tudo misturado aqui, confusão dentro e fora.

O que eu faço se isso acontecer mais vezes?

Me diga você, que me lê.

David Quinn - Palestra.


 

The reason Europeans erased Africans from Histoy.


 

G1 ouviu: EP#184 Gloria Grove: quem é essa menina de vermelho?

Esse podcast é tudo de bom. Eu nem sei qual é minha música preferida do álbum, mas hoje eu vou de SFM. 




Agouro, Tasha e Tracie.


Como é que ninguém me conta dessas mulheres? Rapaz, fico besta.

 

segunda-feira, março 21, 2022

Eu vou ficar aqui.

Se você quiser, eu vou ficar aqui.

Se você quiser, eu quero.

Se você quiser, eu posso esperar.

Se você quiser.

Eu só preciso saber, se você quiser.

Eu sei, eu fui embora muitas vezes. Eu disse isso, eu repeti (eu me envergonho). Eu faço isso o tempo todo, eu não fico junto. Eu fujo, eu escapo. É verdade.

Eu não quero fazer isso agora, eu não quero. Eu quero ficar, quero aprender a ficar. Com você, ainda que de longe e em silêncio, eu vou conseguir. Por que eu sempre consigo o que eu quero. Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim.

Meu mundo é hoje. Mas você é meu futuro prometido.

Adulto, Whindersson Nunes.


 

Tranversais.


 

domingo, março 20, 2022

Fim.

Escrevi um email ao som da noite que tenho em casa, cercada de mato e bicho. Um email para um fim anunciado de uma das melhores coisas que me aconteceram nos últimos meses.

Eu amo, eu amei profundamente alguém que me fez muito feliz com cada eu te amo e cada sorriso. Cada alegria pontilhada nas belezas que dissemos um ao outro, nas viagens, no risco. Eu nunca vou esquecer de nada, nada mesmo, porque tudo sinto, ainda, na carne, queimando, fora e dentro de mim.

Sou a pessoa mais sortuda do mundo por amar todos os dias, intensamente. Eu sei e sinto que fui e sou amada também. Amor é importante para fazer a gente vivo e é ele que me ensina que precisamos de um pouco mais para viver junto.

Atenção beijo compreensão comunicação cuidado dedicação desejo esperança, eu poderia escrever tudo que eu preciso em ordem alfabética, mas não tem motivo nenhum para fazer isso. Pedi ajuda de Audre Lorde e ela me socorreu. Ainda bem que as minhas amigas não me abandonam nunca.

Não vai ter mais ninguém aqui para ler essas coisas quando a luz se acender novamente. 

 

Mulheres Grandes, Baco Exu do Blues.

Eu quase ouço Baco dizer meu nome nessa música.



Já fui apaixonada por Baco demais. Na verdade, deixei de ver fotos para a paixão acabar. Aí uma amiga me mandou umas que ela catou numa rede social dele. Ah, ainda bem que eu não tenho redes sociais. Quando eu tinha, mandava um "vamos sair?" na lata para todo mundo que eu estava apaixonada.

Não pensem vocês que eu não pesquei peixe grande. 

É de mim mesmo, Whindersson Nunes.


 

sexta-feira, março 18, 2022

Email.

Contei quatro amizades e mandei o email que escrevi por uma hora para alguém que ainda dormia (ou não). Não consegui enviar para quem devia, porque tinha eu demais ali. Muito eu pode confundir, machucar ou entristecer um coração, às vezes.

Sei que lerão e responderão que eu sou ótima, mas não é disso que eu preciso. Espero que me digam que não entenderam nada, será mais fácil para mim saber das minhas durezas em me comunicar. 

Eu sou intensa, diriam por aí. Eu acho que eu sou Míghian a maior parte do tempo. 

Música.

Acordei bem cedo e fiquei inventando música. Lembrei de duas músicas de Lueji e fiquei cantando emboladas.

Você grita silêncios


Eu não tenho chão
Nem um teto que me queira

Depois descobri que a letra nem era assim. Mas era chororô e tirania de uma tristeza, sim.

A música é sua amiga, a vida eu não sei bem. 

quinta-feira, março 17, 2022

Dar certo.

Sabe o que é amar? Sabe o que é, de verdade? É acordar todos os dias como se fosse tudo de novo e querer muito que dê certo.
 
A vida, as coisas todas que você inventou para continuar viva, as pessoas que você escolheu, amar é querer fazer tudo para dar certo, o tempo todo. É não desistir, ainda que pareça bem difícil, muitas dores espalhadas por todos os lugares, ainda assim você sorri para quem você ama e diz eu te amo. 

Pode parecer só mais um eu te amo, mas aquele eu te amo é que te reanima e te faz continuar de novo, acordar de novo, acreditar de novo, esperar de novo. E você ainda acha ele lindo, ainda vê um pouco de brilho nos olhos dele, e quando olha lá no fundo você se vê, sentadinha numa cadeira, esperando por ele. 

Amar é querer que dê certo, é fazer dar certo. Eu sinto que é assim, ainda que sinta frio e falta faz muito tempo. Eu vou continuar aqui, fazendo tudo que é possível para encontrar o amor todos os dias.

quarta-feira, março 16, 2022

Carta.

Eu ainda não entendi porque você ainda está aqui. Não entendi. Estou tentando explicar para mim mesma uma coisa que nem eu sei. 

Não está dando certo. Sem pele, sem desejo e sem vontade além das palavras, as coisas não conseguem dar certo.

terça-feira, março 15, 2022

Alto Cuidado (de mim).

Auto-cuidado é amor próprio, todo mundo sabe? Sabe, né? Estou velha nessa conversa. Sim e não. No fundo eu me amo desde sempre, desde começar essa conversa toda. Não sei direito onde aprendi isso, mas auto-ódio foi coisa que não encontrou morada por aqui.

Na real, às vezes acho que sofro de superestima. Eu nem sei identificar quando sou colocada de lado, quando me machucam de cara, eu demoro a entender porque nunca acho que a pessoa quer fazer isso com uma pessoa incrível como eu. Já viu dessa?

Pois bem. Auto-cuidado para mim é amor e tempo. Tempo para mim, mas não apenas para fazer coisas que eu gosto, mas tempo para entender o que está acontecendo. E eu paro, mesmo que não pareça, porque sou turbilhão, elétrica, dormindo 4h e já levantando falando fazendo inventando. Mas eu paro, sim.

Bem dentro de mim, sem ninguém ver, estou bem paradinha olhando para tudo.


Sabedoria.

A gente tem que saber a hora de sair de cena. Eu sempre achei que isso era uma das coisas mais difíceis de aprender. Eu, por exemplo, acho que nunca acertei a hora de ir embora. Não tenho orgulho disso, mas nem preciso. Todo mundo tem coisas que não consegue dizer em voz alta para si mesma. 

Deixar as coisas tristes pra depois, Tim Maia.


Obrigada, Tim Maia, por salvar a minha noite. 

Eu já sei que só eu mesma posso salvar a minha vida.

Eduardo e Mônica.


 

segunda-feira, março 14, 2022

Contradições.

Eu quero escrever que eu não quero escrever sobre o que eu tenho de escrever. Eu tenho, eu preciso, eu sei que quando escrevo eu renasço e muita dor vai embora. Muitas tristezas que estão dentro, imagens e lembranças vão embora. Tenho de escrever porque é forma de tirar de dentro, fazer sair, para fazer morrer, para fazer nascer algo que me faça não precisar escrever sobre a dor.

Bethânia me diz

Estou cansada, e você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz que lhe roubei

Porque será que é bem assim que me sinto? Eu sinto que as pessoas sentem também, mas não querem dizer mais nada. Parece que se a gente fala do que incomoda é que a coisa nasce. Só que a coisa já está ali, só ganhando espaço e fazendo marcas na gente inteira. 

Fecho os olhos e lembro. Toco meu corpo e sinto. Suspiro saudades e penso. 

Para ir embora, não é preciso abrir a porta. Tem gente que consegue ficar perto bem perto, bem junto e ainda assim estar bem longe, muito longe, pra lá de longe de você. E esse jeito de viver me desanima, me canso, eu desgasto. Eu acabo morrendo um pouquinho se não tem luz nem gosto, aquele gosto intenso de viver. 

Que seja forte, que seja frio, que seja. Eu preciso sentir coisas frias ou quentes, eu não consigo viver de um jeito morno a pouca vida que eu tenho para viver. Mas eu já prometi para mim mesma que eu vou ficar aqui, espectadora, esperando a vida passar, assistindo a vida passar, até que eu entenda o que está acontecendo (de novo) comigo. 

Eu não preciso estar no palco da vida, da minha vida, o tempo todo. Posso sair de cena e respirar, me acalmar, posso sim. Eu não sei fazer isso, mas assim como posso aprender a andar de bicicleta, também posso aprender a só ser, esperando.

Eu estou confiante e animada no futuro. No futuro.

Dores.

Eu fecho os olhos e ainda sinto a dor da rejeição e do abandono. Sinto o silêncio e a ausência pesando sobre mim, impotência, frustração. 

Eu quero viver bem. Eu quero ser a pluma que faz cócegas no rosto das pessoas que amo. Mas eu quero que seja leve para mim também, quero me sentir energizada pelo amor que existe no mundo, quero sentir calma e paz, quero oferecer o que tenho de melhor que eu tenho porque eu tenho.

Quero viver assim não, quero esquecer, mas quando eu lembro, dói. Dói muito. 

Não sei ainda o que fazer, mas parece que não tenho saída a não ser aprender com o que estou sentindo.


quarta-feira, março 09, 2022

Queria dizer...

Eu ouvi Rubel dizendo cantando

Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Por seis meses, como peixe pra te ver
Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste e que eu desista de você

Se for preciso, eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver

Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Por seis meses, como peixe pra te ver
Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste, e que eu desista de você

Se for preciso, eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Se for preciso, eu giro a Terra inteira
Até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás
Milhões de anos, quando todos continentes se encontravam
Pra que eu possa caminhar até você

Eu sei, mulher, não se vive só de peixe, nem se volta no passado
As minhas palavras valem pouco e as juras não te dizem nada
Mas se existe alguém que pode resgatar sua fé no mundo, existe nós

Também perdi o meu rumo, até meu canto ficou mudo
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida
E a vida é boa, mas é muito melhor com você

Não tem nada, para trás
Tudo que ficou, tá aqui

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Eu poderia só cantar esse final por umas mil vezes que acho que já ia ficar mais leve. 
E eu queria que ele soubesse que hoje, isso é tudo que eu queria ter dito para ele, mas a água no olho não deixou e a máscara molhada, se eu torcesse, iria inundar aquele terminal lá da zona Sul.

terça-feira, março 08, 2022

Fácil.

Tem gente que pensa mesmo que existem escolhas mais fáceis. Mentira. Tem nada. O que a vida tem são escolhas. E olha, nem sempre tem.

Quando tem, não quer dizer que seja melhor que não ter. Não mesmo. Vai dizer que não era gostoso ser criança e ter alguém decidindo coisas para você? Era sim, assim como não era também. A mesma coisa é agora, com momentos em que temos que decidir algo e em outros, quando não temos.

Nada vai te livrar de viver a vida como ela é, se você escolher estar viva. Nada. Nada, você leu bem?

Amar desamar aceitar não aceitar querer não querer todas essas coisas vão trazer sofrimentos e belezas. E não tem uma balança em que você pesa e sabe de cara ou mesmo depois o que é que vale mais a pena. A gente passa a vida tentando fazer essa conta, mas ela parece que nunca fecha.

Amiga.

Quem tem amizades, tem tudo. Elas me curam, me fazem bem, me dizem o que eu não quero ouvir, me aturam, me amam, me ensinam, me acalmam. Eu não poderia ser mais feliz com as amigas e amigos que tenho. Posso ser eu mesma, começar devagar e depois acelerar e elas estão sempre ali, firmes e fortes, esperando o outro vendaval. 

Eu não preciso de muita coisa, a não ser amor de amizades.

segunda-feira, março 07, 2022

Gambiarra.

Eu tenho em mim todos os sonhos do mundo, ainda que mal escritos e vacilantes. Eu não tenho muitas certezas mas estou disposta a encontrar. Eu preciso de ajuda (eu já disse isso?) para continuar, mas preciso de alguém que segure a minha mão.

Agora parece clichê, pedir que alguém segure a nossa mão. 

Quando a gente precisa inventar um paliativo para aguentar a vida, quando ela não sara, não passa e o amor não vence, mas a gente quer continuar tentando, o que dá jeito é gambiarra. Tem gente que chama de migalha também. 

Às vezes parece fácil, mas nunca foi inofensivo. Nunca é sem dor. Se alguém disser isso para você, ela mente.

domingo, março 06, 2022

Devagar.

Eu já escrevi sobre ser lenta. Sobre não entender as coisas quando elas estão acontecendo. Eu sempre preciso de um tempo para encontrar alguns sentidos e imagens que ficam marcadas no corpo. Essas sensações não são automáticas e eu nem quero que sejam, porque eu posso me enganar e eu não quero sofrer por alguma coisa que não valha a pena. 

Mas quando alguém me ignora, a imagem fica repetindo na minha cabeça porque eu não entendo, porque eu não consigo imaginar porque alguém tenha de fazer isso comigo para se sentir melhor ou para ficar bem (ou para nem se sabe o que). 

O que eu fiz? O que eu deveria ter feito? Começo a pensar que calar é opção para quem não quer se sentir punida por dizer o que sente.

E eu me calo. Em parte, porque eu falo. Falo sozinha, falo para quem quer me ouvir, para quem me deixa ser e falar. E falo. Falo. E espero e olho o tempo procurando solução. Eu não tenho outro jeito de viver a vida a não ser tentar viver do melhor jeito possível. E meu melhor jeito de ser Migh é falando do que dói.

Você pensa demais

Tá bom, vou parar de pensar. Aí vou começar a sentir. E não sei o que é pior, ou se tem algo pior do que o desconforto de não saber como dizer o que você quer que saia de dentro de você e não volte mais. 

Não.

Não foi você, não é com você, nem é sobre você. Não.

Eu queria sumir um pouco e depois renascer sem ter que lidar com as bobagens que fiz ou que falei. Eu cansei de estar sempre de frente à mim, muito embora eu não saiba outro jeito para viver a vida. Eu não sei, só queria poder sumir um pouco. Um pouco. Como eu já disse, queria poder não me ocupar das consequências, pelo menos algumas vezes.

Mas parece que você não tem muita saída quando se propõe a viver a vida que te cabe.


Água.

Eu queria ter virado água. 
Se eu virasse água, teria doído menos, eu sei.
Chorei tanto para conseguir que isso acontecesse, mas não funcionou. Quando abri os olhos, eu ainda estava ali, mesmo lugar, claridade e pessoas ao meu redor.

Eu não queria ver ninguém. Ver as pessoas era a confirmação de que eu estava viva e de que todo mundo viu que doeu.  

Eu queria ter virado água.
Ido embora, com a força da chuva que caiu à noite. Forte, certeira, quente, verdadeira. 
Como o meu sofrimento represado por lençóis que abafaram meus gritos. Meus lamentos.

Passei a noite em claro procurando respostas. Consultei até buscadores de internet, porque estive cansada de consultar meu coração e só encontrar tristeza. Eu queria um alento que me fizesse transbordar, mas só o que tive foi a certeza de que sentimento ruim pode voltar a qualquer momento, mesmo com as pessoas mais incríveis do seu lado.

Porque as pessoas são essa coisa chamada confusão e às vezes você está bem no meio disso tudo para elas. 

Queria que toda a água virasse confete, mas isso não aconteceu. Não virei água, não virei confete. 
Abri os olhos e a vida continuava no mesmo lugar. 


Mesmo lugar.

sábado, março 05, 2022

Você que me conhece, sabe porque alguém me faria sofrer? Não, né?

Mas o que você deve saber é: tem gente que não quer fazer a gente sofrer. Ela só não sabe o que fazer e, ao não saber, faz isso com a gente. 

Aí a gente aprende que se a gente ama, tem de saber o que fazer às vezes - ou pelo menos saber dizer que não sabe o que fazer - para não fazer sofrer a quem se ama. 

A gente aprende que cuidar da gente, aprender da gente, saber da gente, é o melhor que a gente pode oferecer para quem a gente diz que ama. Se eu sei falar de mim para quem eu amo, eu ajudo a vida da gente a ficar bem. Porque viver junto não se trata mais só de mim, mas como a outra pessoa que eu digo que amo se sente com meu jeito de viver.

Parece difícil? Acho que nem parece, nem é. Saber amar é se entregar para a outra pessoa com todos os defeitos que a gente tem, sem precisar fazer doer.

quinta-feira, março 03, 2022