Ouça você também.
Você que me lê, me ajuda a nascer.
segunda-feira, janeiro 31, 2022
Ela.
Hoje, acordei de um sonho com ela. Ela, de vestido e cabelo solto, não falava muito, mas estava ali. Senti o frescor do seu sorriso quando acordei, como se a tivesse visto pessoalmente, segurado sua mão e sentido seu abraço. Ainda lembro aqui dentro da minha cabeça sua coragem de ir ao encontro do mar sem nunca ter sido a ele apresentada. Lembro também de como ela nem se importou com a altura que subimos para ver a cidade lá de cima.
Ela.
Eu não consigo entender uma vida sem crianças. De tudo que a pandemia me roubou, do que mais sinto falta é delas.
domingo, janeiro 30, 2022
Descontrolada.
Você acharia engraçado se eu dissesse que estou apaixonada há quatro meses mas só agora eu assumi para mim mesma que paixão tem consequências como descontrole e medo? Não ria.
Eu sei que estou apaixonada faz tempo, estou escrevendo isso faz tempo aqui, vocês sabem; mas alguém teve de dizer para mim que paixão não é uma coisa controlada, não. Paixão não é só uma palavra para encher poesia, paixão bagunça a sua vida, deixa você fora do ar, descontrolada. Paixão é justamente não saber o que fazer, não ter certeza de muita coisa e só querer saber de quem se ama.
Estou falando bobagem, não é? Todo mundo sabe disso. É, mas eu fingi para mim que paixão não ia fazer nada disso comigo. Aí eu enchia a boca para falar de paixão, mas achava que eu não tinha sido picada por ela. Eu era uma apaixonada racional, uma apaixonada que havia dominado a paixão. Ledo engano. Tivesse eu sido menos marrenta, talvez ela não tivesse chegado lascando com tudo. Bem pouco. Toma, distraída.
Sabe quando eu descobri que eu estava redondamente enganada?
Quando ele foi embora e eu passei o dia sem vontade de fazer nada e só levantei da cama no outro dia. Quando ele me manda uma mensagem e o meu coração vai na Lua e volta. Quando eu sinto o cheiro dele mesmo quando ele não está aqui. Quando fecho os olhos e penso em tudo que ainda não fizemos juntos - comer beterrabas cozidas, tomar banho de chuva e dormir deitados na grama do quintal.
Aí eu vi que estou descontroladamente apaixonada sim e pronto. Estou morrendo de medo e assustada, mas estou indo bem. Ainda estamos aqui, de mãos dadas e amantes.
sábado, janeiro 29, 2022
Eu te amo, Amor.
Eu amo o amor, mas isso todo mundo sabe. Já me disseram isso uma vez e eu prontamente acreditei. Hoje me perguntaram se eu tenho fé, eu disse "no amor".
É pelo amor que eu tento de novo, todos os dias, que eu quero querer e continuo sonhando sonhos que não se devem sonhar só.
É pelo amor, não quero a dor nem o sofrer. A gente nem sempre pode escolher. A tristeza pode te alcançar no meio de um sábado solitário, ouvindo músicas que te dizem que você não deveria estar se sentindo assim, afinal, é sábado. A tristeza chega, você encontra com as amigas, se diverte mas na hora de dormir uma coisa sempre te consome, sempre vai te consumir, vai, sim.
Preciso aprender a só ser, Gilberto Gil.
sexta-feira, janeiro 28, 2022
Versões.
Eu escondo de mim versões minhas que não gosto de conviver. Passo muito tempo sem elas, nem lembro que elas existem, mas elas estão aqui. Como quando eu lembro da raiva de uma sogra racista que eu tive; eu tive muita raiva dela e não gosto de lembrar disso, mas sei que tive e ainda não acho que quero deixar de sentir. E não é porque eu seja boazinha que não queira sentir raiva, é que dela eu não queria sentir era nada.
Raiva ainda é alguma coisa, é de um tempo que senti amor e queria ser aceita. Por isso, me dá raiva sentir raiva dela.
Eu escondo de mim as versões que não quero saber que existem. Como minha falta de traquejo com redes sociais. Lembrar disso me faz ver o quão coisas estúpidas me fragilizam. E eu não quero saber que eu sou isso também.
Ao mesmo tempo, não gostar de versões de mim e escondê-las é saber que elas existem e, como eu não preciso me perdoar, ao fim e ao cabo estou convivendo com todas elas aqui. Só finjo fingir para não ficar tão cansativo, tudo ao mesmo tempo não seria possível, nem se eu tivesse duas vidas.
Clube das mães Cansadas, Podcast #EP5 - Amamentar é lindo, mas cansa!
Eu falei que estou na onda do podcast, pow.
quinta-feira, janeiro 27, 2022
O avesso da pele, Jeferson Tenório.
quarta-feira, janeiro 26, 2022
Excluir conta II.
Eu nem sabia que eu ainda tinha uma conta no Instagram. Pense vocês.
Há muito tempo atrás, eu fiz uma conta, que não durou nem um mês. Achei aquilo tudo tão chato e tentei excluir, mas não consegui. Aí eu fiz alguma coisa para remover temporariamente, só que de tempos em tempos, quando alguém me mandava um link nesta rede para ver alguma coisa, sem querer, eu acabava ativando a conta. Ontem, isso aconteceu de novo. Não me pergunte, quando vi já estava novamente dentro de uma conta chamada mighdanae.
Eu já havia removido todas as fotos faz tempo.
Aí ontem encontrei um site que de um jeito muito simples me ensinou a excluir a conta. Foi tão fácil que eu me perguntei porque é que eu já não tinha feito isso antes.
Eu não sei em que momento da vida eu passei a ter aversão à redes sociais. Eu sei, geral pode falar, tu já começou namoro pelo Orkut, com direito à "casa comigo?" e choro em aeroporto, o que tu quer falando de rede social? Eu não sei. Só sei que tenho uma ojeriza quase angústia a qualquer rede social, inclusive whatsapp. Num mundo perfeito, eu não teria nenhuma dessas redes.
Eu sempre digo que os problemas não são as redes, sou eu. Em cinco minutos de ativação de Instagram, eu vasculhei coisas que passaria a vida sem precisar saber, encalhadas na memória da vingança e do ressentimento.
A única rede que eu gosto é a de dormir, instalada de vez agora no meu quarto. Não sinto que preciso de nenhuma rede virtual para sobreviver, mesmo nesse tal mundo paralelo chamado Internet. Prefiro ler, escrever, ver filmes e dormir.
Eu já tenho um blog, há mais de quinze anos e isso já é demais para mim.
Despejando amor.
Hoje eu ouvi que eu devo despejar em mim o mesmo afeto que dirijo às pessoas que amo. Na mesma hora tive a visão de uma grande bacia com uma coisa parecida com placenta cheia de amor - o amor, se for líquido, deve ser uma coisa viscosa - e eu tomava banho nele.
Nessa visão, eu me banhava numa bacia, mas também derramava esse mesmo amor na minha cabeça. Sorri feliz. Essa noite eu tive sonhos de abandono e tristeza quase a maior parte do tempo, e não é que eu possa lutar com isso facilmente. Eu só sei, eu só sinto que muito do que sou vem desse lugarzinho nebuloso dentro de mim onde tem um buraco.
Não sei se um dia essa sensação vai deixar de existir e eu nem saberia viver sem ela. Ela está aqui há muito tempo e se ela fosse embora, eu não sei o que me sustentaria. Talvez parte do que eu faça seja para compensar essa fenda profunda, vai entender as pessoas.
Vai passar, sempre passa. Eu sei, eu conheço dias e noites tristes, mas também conheço a alegria e a felicidade.
terça-feira, janeiro 25, 2022
Calma.
Respira. Calma. Deixa tudo isso para lá. Pensa em você e no seu tempo. Nada disso importa, o que importa é você. Fique bem. Você é a pessoa mais importante do mundo que você inventou, lembra?
Então, para e vai fazer suas coisas. Ler, escrever, ouvir músicas, dançar na sala, comer comidas, dormir, olhar fotos antigas, dar risada, ouvir áudios, balançar na rede, vai.
Não esquece, só você vai estar aqui quando tudo isso acabar.
sexta-feira, janeiro 21, 2022
quinta-feira, janeiro 20, 2022
Desachora.
Como é que desachora?
Aprendi com menino Nito, o livro de Sonia Dias. Se bem que eu não lembro de guardar choro dentro, não. Eu guardo choro fora, mesmo. Já tem coisa dentro demais de mim, então eu vou deixando uma coisas guardadas fora. E outra eu jogo fora mesmo, fora de mim.
Com medo de encontrar por aí, mas jogo.
Folhas no Quintal.
Lá atrás, uma pessoa me disse que adorava rotina e eu disse que não. Hoje, eu digo que adoro rotina. Uma porque eu adoro fazer a mesma coisa por vários dias todos os dias e outra porque ela é rara.
Acordo, yoga, meditação. Banho. Preparar café ouvindo coisas como Mano a Mano ou um programa de entrevistas. Como e depois leio algumas coisas, livros que estou lendo. Mudei o horário porque percebo que dá mais certo ler depois do café.
Sento para trabalhar às nove e saio ao meio dia e trinta. Almoço. Por vezes tenho de fazer, por vezes, não. Sento para trabalhar de novo às quatorze e levanto quase às dezoito. Me preparo para recolher as folhas do quintal. Faço isso há duas semanas, todos os dias. Incluí mais essa coisa na rotina, antes de caminhar na esteira. Tem sido uma delícia grande varrer as folhas, recolher, jogar fora, todos os dias. Recomendo muito para os dias mais chatos da vida.
O vizinho passa, aceno um boa tarde para ele. Volto para a esteira e para algum vídeo no celular.
Banho. Cafezinho com um pedaço de bolo, escolho um filme. Vejo um pedaço ou quase todo, adoro muito ver filmes aos pedaços, como uma novela que você não quer que termine. Às vezes como de novo, às vezes, não.
Já são quase nove horas, eu vou para a cama ler um pouco e receber a ligação amorosa do dia. Durmo.
Não tem coisa melhor no mundo do que rotina. É que ela que me mostra o quanto eu sou sortuda na vida.
quarta-feira, janeiro 19, 2022
Sensação.
O amor é coisa que cura, muxima
E depois o mesmo que faz moer
Eu prefiro dizer assim. Quem espera que o amor seja uma ilha de paz não conhece o amor. O amor é a própria vida intensamente viva pulsando dentro de você. E eu só posso agradecer por sentir.
Hoje, quando fechei os olhos e pensei em qual lugar eu queria estar, lembrei de uma sensação especial de um dia especial que passei ao lado dele e que me fez sentir que eu era a pessoa mais importante do mundo.
Se você tem isso, você nunca mais quer viver sem amor. Curando e moendo, mas viva.
terça-feira, janeiro 18, 2022
A terceira vida de Grange Copeland, de Alice Walker.
segunda-feira, janeiro 17, 2022
domingo, janeiro 16, 2022
Pergunta.
Onde você esconde seu machismo?
Essa é a pergunta que eu gostaria de fazer para os homens que pensam que sabem tudo sobre não ser machista. Há sempre um lugar sob a carne em que se esconde o machismo, não se engane. Talvez ele esteja bem naquelas coisas que você não diz nem para você mesmo, ou aquelas outras que algumas pessoas dizem e veem e você não confirma porque tem vergonha de assumir o machismo. Ficou difícil de entender? Volta e lê de novo.
O que eu não sabia é que mesmo quando um macho tenta, ele não consegue. O mundo está aí para ele levantar, aprender e cair de novo, o mundo todo está aí para acolher um vacilo que um homem dá numa relação, afinal "eles amadurecem depois", "eles aprendem a ser machistas desde pequenos", há tanta justificativa que você se assombra. Ele não quer ser machista, mas ele é. Ele é porque até o que ele faz achando que é um deslize, uma característica, pode ser mais do mesmo, o tal machismo.
Para nós, mulheres e negras, o que sobra?
Sobra se acomodar, se acostumar, só tem isso, não tem mais nada. Se alguém te disse o contrário, tudo bem. Eu mesma quando estou feliz finjo realidades sem machismo e desdenho dele. Não vou condenar quem quer tergiversar, eu faço isso também.
Eu não gosto de análises clichês sobre a vida, mas aí me pego tomando bem no meio da minha cara só porque não quero prestar atenção em sinais óbvios como machismo, racismo, inveja e recalque. Eu agradeço à vida por ainda não saber tudo e me permitir viver as coisas de novo. Só posso agradecer à vida por ser uma boba (quase) completa. Boba porque acredito, porque me surpreendo, porque me permito. Eu gosto disso, porque é essa coisa em mim que me permite sentir tudo, amor, paixão, desejo e tesão, mas também tristeza, raiva e impotência.
Eu me amparo em outras mulheres negras. E vocês, o que fazem? Eu me amparo em mim, em livros, músicas e filmes que falam sobre mim. E vocês? Eu me amparo no silêncio que sai da tristeza e da certeza, da lucidez que a cada dia mais eu sinto sobre a vida.
sábado, janeiro 15, 2022
Companheira de mim.
Eu sempre tive a mim por dentro e por fora, não vai ser agora que a vida vai se mostrar diferente. Então, vem, deixa que a vida ensina o resto e faz companhia na hora em que nada mais der certo.
Ensinamento.
sexta-feira, janeiro 14, 2022
Baby.
Baby, vem dormir comigo
Baby, sente a luz do sol
Eu queria estar sentada na praia cantando essa música bem baixinho agora. Mas eu não tou. Então, tá.
Amargura.
Não estou bem certo se ainda vou sorrir, sem um travo de amargura
Eu sempre gostei dessa parte da música. Acho que ela é profética, porque eu a conheço desde o tempo em que eu sorria sem nenhum travo de amargura. Hoje, não.
E não é que a vida esteja ruim. Aconteceu, foi o jeito que a vida veio. Eu sou grata por estar aqui.
Fico sempre curiosa de saber quanto aquela dor no peito vai mudar a mim e o meu jeito de ser, quanto aquela dor, aquele calo feito no coração vai me impedir de ver alguma beleza, mas isso é coisa que não dá para medir. Dá para sentir que a vida não volta atrás e é nela que eu ando.
É por isso que eu digo, não há saída, vamos viver.
terça-feira, janeiro 11, 2022
24h.
E eu, que achava difícil querer alguém por tanto tempo e mais e sempre, hoje me pego acordando e dormindo desejando estar no colo da mesma pessoa de ontem.
Fechamento.
Sabe que eu não entendia o que era fechamento? Eu não. Entendia, não. Eu ouvia a música, cantava, mas sabia, não.
Aí eu digo que o jeito mais legal de aprender o que é fechamento não é alguém te dizer, mas você sentir que tem alguém que ama você tanto, tanto e que está disposta a passar horas enxugando suas lágrimas por problemas tantos que você nem nunca falou com ninguém e que talvez nem você mesma tenha falado para você ainda.
A vida faz mal, mas a vida faz bem. As pessoas fazem mal, mas as pessoas fazem bem. Acredite nisso e tu vai longe, tenha certeza.
segunda-feira, janeiro 10, 2022
Convite.
Se um dia disseram que a tristeza é senhora, foi porque a convidaram a entrar pela porta da frente.