Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, julho 31, 2021

sexta-feira, julho 30, 2021

Um tio quase perfeito 2.


 

Um outro Brooklyn, Jaqueline Woodson.




Livros são amigos. Eu nunca mais estarei sozinha depois de ter descoberto isso. Nenhum lugar é chato o suficiente para acabar com a minha alegria se eu tenho um livro para ler. 
Esse é um livro sobre a amizades de quatro meninas negras. Quando o livro terminou, eu fiquei sentindo o cheiro e o som dessa amizade toda, da infância daquelas crianças num bairro de uma cidade grande, fiquei pensando sobre minha infância e adolescência e como era minha relação com as minhas amigas. Fiquei pensando nas imagens que o livro me faz ver. É como se eu estivesse ali, ao lado de Augusta, da janela do seu prédio, vendo as pessoas, vendo a vida inteira do bairro a correr lá embaixo... é como se eu estivesse com ela, ou fosse ela, naquele beco em que ela deu o primeiro beijo em Jerome e lhe disse não. 
As imagens, elas voltam, toda vez que pesco uma parte do livro, quando o abro ao meio procurando as palavras dele, mesmo agora depois que já o li. Há frases inteiras lindas e uns sentimentos estranhos quando lembro da mãe de Augusta, seu tio, seu irmão e seu pai. Coisas que embolam na garganta, mas que existem por aí e por aqui também. 






 

quinta-feira, julho 29, 2021

Linguagem não-binária: potências, limites e caracterizações.


 

Roda Viva: Laurentino Gomes.


 

Racismo Estrutural, de Sílvio Almeida.


Eu já deveria ter lido, não é mesmo? Pode falar. Por mim. Nem te ligo. Se eu já deveria ter lido, você também, então não precisa de comentário aqui, não.

Sílvio Almeida

Ainda há tempo.


 

terça-feira, julho 27, 2021

segunda-feira, julho 26, 2021

quarta-feira, julho 21, 2021

Leozinho, Leãozinho.

Gosto muito de você, meu benzinho.

E, não tendo mais nada a dizer, morri de amor, no lindo lago em que se toma banho de água fresca.

(ele veio andando felino, mansinho, sem fazer barulho, pelo nos pés. E pisa no meu coração de leve, sem fazer marquinha, só para dizer que chegou)

A felicidade é um pingente que a gente pendura no pescoço e balança perto do coração.

 Cabe em qualquer lugar.

terça-feira, julho 20, 2021

O problema do identitarismo, Sabrina Fernandes, Tese Onze.



Lutas anti-opressão é uma expressão bem melhor do que lutas por identidade.



 

Cadernos de Memórias Coloniais, Isabela Figueiredo.


Ouvi falar deste livro e achei que valia a pena. Logo na semana em que assisti muita coisa sobre branquitude, acho que tinha tudo a ver estudar mesmo este livro. Ler, estudar, nem sei ao certo, porque há tanta informação aqui que fico atônita com a escrita de Isabela, que é maravilhosa, que faz doer, que é necessária.
Faço um parênteses aqui para dizer que acabei tendo contato com o primeiro capítulo do último livro de Fernando Henrique Cardoso (2021), um livro de memórias. Eis que leio:

À parte esse fato, dessa época recordo que passava tempos em nossa casa a filha de uma ex-escrava de meu bisavô Pinto Fernandes, chamada Alzira [...] e outra moça, Aracy, aparentada de Floriano Peixoto. 
Alzira e sua mãe eram agregadas da família, não apenas da família de meus pais, mas da família extensa: ora moravam com uns, ora com outros. Alzira, que eu chamava de Zizi, havia sido minha babá. De pequeno, e mesmo já grandote, eu não calçava meias nem sapatos: esticava as pernas e ela os punha. Em casa de minha avó, não me dirigia diretamente às empregadas, dizia em geral "tenho sede" ou "quero comer". 

Não sei a página, li no Kindle e é um saco saber a página do livro. É logo no começo, não vai demorar de achar. Assim, Fernando Henrique é bem polido para contar uma história que se cruza com a história de Isabela, que é muito mais explícita para falar do racismo e do colonialismo presente na relação entre os portugueses que foram à Lourenço Marques civilizar os pretos, como ela mesmo diz que o pai dela diz.

O pai, que morre depois que volta de Maputo, não viveu para ler o livro e para ouvir o pedido de desculpas de Isabela. Ela diz que o traiu, traiu a ideia de que as pessoas que voltavam de Maputo deveriam contar ao quatro cantos que sofriam horrores na colônia, que estavam lá a salvar o que Portugal tinha os mandado fazer. Ela diz, não o fez, não o fez. Voltou e não fez valer as palavras contra os nativos, palavras racistas que ouviu desde criança contra pessoas negras e que a fez ter certeza de que a colonização, nunca nunca nunca foi uma opção sensata.

Isabela escreve tudo isso muito bem. Emociona-me demais, mas não quero aqui copiar nenhuma parte do livro, porque as partes que fazem os olhos saírem água te tomam só se você ler o livro inteiro. Vale a pena demais. 

Gabriela Figueiredo
 

O mauritano.


 

sexta-feira, julho 16, 2021

Leão.

Como você pode ficar mais feliz só de ver o sorriso de alguém? 

Tem gente que tem esse dom, chega assim na sua vida e já vai fazendo tudo o mais só ter sentido se te fizer bem, sorrir, feliz, animada. É uma coisa que vem na pessoa, emana, acho que é um troço que fica por debaixo da pele, ela tem isso de encantar, por vezes ela nem sabe, eu penso, porque ela respira e o ar ao redor dela fica luz, sentidos embaraçam a mente, você só quer saber é da hora de poder ver de novo, ouvir de novo aquela voz, uma voz feita de uma matéria chamada namorar, eu quero tirar dez e passar para perto dele para me embolar na juba que ele tem e não desagarrar mais. 

Ela nem sabe e se tu tenta explicar, ela não entende. Eu penso que é porque ela nasceu foi para isso, para gravar áudios com pausas da medida do suspiro, para te oferecer fazer uma comida e te mandar cheiros, ela vive num tempo inventado só por ela, tu conhece um pouquinho de tudo dela e já fica viciado, quer saber em que mundo ela mora para saber em qual rua tua vida pode sei lá encostar na dela. 

Fico besta quando alguém me faz perder o controle. Eu dou muita atenção a gente assim, não vou mentir. Eu nem posso, meu olho entrega e meu corpo agita. Por mim, por nós. Eu quero. 

A vida é mesmo maravilhosa, quem pensa que sem rugir nem um pouquinho uma leão me faria presa? Presa de apertada bem dentro de um sentimento, coração. 

terça-feira, julho 13, 2021

Oprah Conversation: Emanuel Acho.


Oprah's New Book Club: Ta-Neishi Coates.


 

Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra, bell hooks.

 

Leia leia leia leia. 

E fique bem com a vida que você tem, sem deixar de buscar sempre o que te faz bem, junto das pessoas que você ama. Eu amo bell hooks, todo mundo sabe. Eu a amo porque eu acho que ela parece comigo, me sinto bem por me amar e amá-la. As palavras dela chegam em mim tão forte, tão diretas, tão eu e ela, ali, sentadas, conversando. Os textos são artigos sobre diferentes temas e ainda não li todos, acho que uma metade deles apenas. A maior parte dos artigos versa sobre feminismo em diversos aspectos, desde violência doméstica a escrita de mulheres negras. 

Sigo lendo quando posso e quando preciso me abastecer de amor.

Aliás, bell hooks sabe falar de amor e profissão como ninguém mais, não é? Rapaz, o que é isso. E não fica piegas, não fica boboca, não fica nada, não fica aquela coisa de psicologia barata. Fica certo, no lugar certo. É terapêutico, não terapia. É curativo.


bell hooks


domingo, julho 11, 2021

Amigos, Sons e Palavras: Fernando Henrique Cardoso.


 

Lady Night: Gloria Groove.


 

Qual o lugar do branco na luta antirracista, Lia Vainer.


Aproveito e vejo logo o outro.





 

Marighella.


 

Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada, Preta Rara.

 



Quem me conhece sabe que eu não concordo com a contratação de empregadas domésticas. Podemos fazer debates o dia inteiro, mas ninguém me convence que é preciso uma para trabalhar, ter crianças e conseguir dar conta de tudo. Podem haver situações em que uma empregada doméstica paga é indispensável - uma senhora idosa sozinha e convalescente, uma mãe com crianças e morando longe de toda a família, etc -, mas eu sempre fico assim, desconfiada. 
Contratar empregada doméstica é símbolo de ascensão social e as pessoas muitas vezes o fazem sem se perguntar se precisam mesmo. Começou a ganhar um pouquinho mais, duas coisas: escola particular e empregada doméstica. Há quem sempre teve e nem se pergunta, mas aqui eu falo de quem vem de família com todas as mulheres sendo empregadas domésticas e assim que podem, contratam uma, quando não "dão uma chance" para alguém da família mesmo. Eu fico besta que pagar um curso profissionalizante, inscrições em concurso público ou ajudar a estudar a tal "pessoa da família" que se "deu uma chance" nunca entra como possibilidade
Este livro tem depoimentos aterradores e eu quis ler, sim, para alimentar ainda mais o meu ódio por esses símbolos da classe média. Não há apenas relatos de empregadas, mas de filhas/os e amigas/os delas e até de estudantes de arquitetura que foram advertidos pelo professor para desenharem um apartamento com um quarto de empregada com porta para os fundos e sem janela. Pasmem?
Não, repensem a vida sem empregada doméstica e vejam que é possível. Se não tivéssemos essa opção, talvez pudéssemos lutar mais ainda por direitos trabalhistas para todas as pessoas - afinal, não tenho quem faça por mim, preciso de tempo na minha vida para fazer as coisas de casa e todas as empresas e instituições teriam de repensar a produtividade com base nesse tempo necessário para fazer as coisas de casa - e talvez consumiríamos menos, já que seríamos nós mesmos a tirar o pó dos livros, a sujeira daquelas souvenirs que não servem para nada que compramos nas viagens e a lavar e passar milhares de roupas. Talvez também, sem empregada doméstica, nós radicalizaríamos mais ainda as relações heterossexuais em que o macho não faz nada em casa e nem cuida da criança. Com outra mulher fazendo o que eu não consigo - uma mulher negra é o mais indicado, afinal, nós já temos esse "dom de cuidar", né? - como é que a gente aguentaria viver dentro de casa com homens que ainda não aprenderam que serviço doméstico e cuidar de criança é coisa para todo mundo fazer? Nossa paciência, certeza, ia esgotar bem mais rápido e talvez a revolução já teria acontecido, de verdade.
Estou sonhando? Mas se é só o que eu faço para conseguir aguentar essa situação, gente, novidade nenhuma. Pensem nisso e parem de me encher o saco.

Preta Rara

Assista:

Patricia Hill Collins na FLUP 2019.

 Ainda bem que eu tenho amigas que me indicam coisas.




A importância do cuidado com as crianças negras, Patrícia N'Zale para TV Matracas.

 As amigas amadas fazem o convite e como é que a gente diz não?


Acessem o canal da Tv Matracas.


terça-feira, julho 06, 2021

Dura Vida Mulher.

A vida é muito dura para mulheres, e a gente vai sentindo cada vez mais, porque a gente envelhece, fica mais tempo viva na terra, parece óbvio dizer isso, mas eu digo mesmo assim.

O medo de ser violentada fisicamente, a insegurança de andar sozinha é algo constante. Lembro-me de todas as vezes em que saí sozinha à noite andando por ruas e me senti segura, porque foram tão poucas que não tenho como esquecer.

Uma vez (teve outra?), por exemplo, eu queria ficar mais tempo no karaoke e meus amigos foram embora. Estavam com sono e eu não. Me deu vontade de ir para casa às 4h e eu fui, sozinha, andando pela rua, achando muito estranho ter coragem (o álcool ajudou um pouco) de fazer aquilo ali.

As escolhas que a gente faz para não ter medo, para conseguir fazer o que a gente tem vontade de fazer sem se sentir errada ou estranha. Os caminhos que a gente toma para não encarar de frente o que nos paralisa. A gente vai passando a vida fazendo isso todos os dias. Todos os dias. Quando a gente lembra que somos mortas, queimadas, violadas, abusadas, apenas porque somos mulheres, isso nos mostra como a vida é dura sim, para as mulheres.

Vejo meus amigos homens indo e vindo por aí sem pensar muito nisso, sem medo e sem camisa. A gente nunca vai saber o que é isso direito. Eu sei o que é isso em algumas horas do dia, mas não em todas. Quando eles saem da minha casa à uma da manhã e eu digo "não, dorme aí" e eles nem ligam, eu vejo ali uma liberdade que eu acho que nunca mais provei, ou nem sei se provei.

A vida é muito dura para as mulheres, mas ainda estamos aqui.

segunda-feira, julho 05, 2021

O poeta, Pedro Nguvu.


 

Sobrevivendo no inferno, Racionais MC's.


O livro contém as letras do cd que fez parte da minha vida em São Paulo. Há um capítulo escrito por Acauam Oliveira. que faz uma análise muito completa do álbum, mas senti falta de alguma discussão sobre masculinidade negra. Nesse cd, menos que os anteriores, a gente quase não ouve (não vou lembrar de todas as letras agora, tenho de ouvir de novo) menção à uma ideia de mulheres vulgares (uma noite e nada mais).

Lembro de letras antes e depois desse cd que tem essa ideia. Olha Acauam falando parte do que está escrito no livro aí:


O que mais gosto em aplicativos de livros é que eu acabo lendo mais, porque tenho acesso a livros que talvez não comprasse, mas que gostaria de ler. Esse foi um deles. Não dá para comprar tudo e, quanto menos livro eu puder comprar, melhor (e doarei também tudo que der para doar). Eu, que era chata para os e-readers, sucumbi porque entendi que é verdade, a gente nunca vai deixar de ler livro só porque pesca um aqui e ali por lá.

din din don
rap é o som

Colônia.


Eu sempre me pergunto: porque a personagem principal não pode ser negra? Porque Wanda, nessa série e em muitas outras, é sempre a personagem coadjuvante? A história dela não pode ser contada? A gente não pode sofrer pela história de Wanda? Wanda não causa comoção nacional? Só mesmo uma menina branca filha de um fazendeiro faz a gente ir às lágrimas?
Fico besta como essas coisas se repetem, todas essas séries contando histórias da gente secundariamente, histórias que dão vida e recheiam a trama, com atuações incríveis, mas nunca como história principal. Porque não pode? Porque não dá? Seria uma série negra se fosse Wanda a personagem principal? Ora, quá, mulher, me deixe.

domingo, julho 04, 2021

Triste com T.


 

Aya de Yapougon, Marguerite Abouet.


Não sou mais tão fã de quadrinhos como antes, mas eu não faço só o que sou louca por. Todo mundo, né? Então li esse livro (e descubro que um amigo viveu lá a vida toda, marfinense que mora na Itália hoje). A história não acaba no segundo livro, mas me parece que não há mais deles aqui no Brasil. Achei apenas esses dois. 
A história de Aya e suas amigas não é diferente de muitas meninas negras brasileiras, mas também é diferente. Amei uma frase no final do livro:
Quando o bebê está na barriga da mãe, ele é dela. Quando ele sai, é do mundo inteiro
Algo assim, não transcrevi literal, o livro está longe de mim agora (já às volta com Erguer a voz, de bell hooks, que li 5 artigos assim, lindamente). Seria importante que pudéssemos pensar assim sempre, sim?




Marguerite Abouet

 

quinta-feira, julho 01, 2021

Ligação.

E ligação? Ontem eu fiz uma e eu percebi como isso do tempo numa ligação é tão maravilhoso. A respiração,  a pausa, as palavras que não são entendidas, as interrupções, os encontros de vozes... tudo isso eu amo.

Porque as pessoas acham que ligar é coisa de antigamente? Ligação é coisa linda demais, se for direto no meu celular, apaixono na hora.

Se as pessoas soubessem como é simples fazer alguém feliz. Ligação, café, carta e carinho. Esqueci alguma coisa?


Defeitos.

Eu sempre achei que me apaixonaria perdidamente por alguém que me dissesse de cara que tinha defeitos ao invés de qualidades. Sempre achei que uma qualidade que me chamaria atenção em alguém seria assumir defeitos. 

Achei isso, mas me enganei. Porque o defeito que ele tinha era justamente só falar que tinha defeitos e depois, sumir.