Você que me lê, me ajuda a nascer.
domingo, maio 30, 2021
Menino de Engenho, José Lins do Rego.
sábado, maio 29, 2021
Sonho.
Foi um sonho bonito. Tinha água de chuva e mãos dadas.
É a segunda vez que sonho com ele. O primeiro, foi desejo. Esse, foi romance. Em todos os dois, a sensação me acompanhou durante muito tempo depois. Eu lembro e sinto o sabor e o cheiro dele, no sonho e depois dele. Fecho os olhos e é quase como se o visse perto de mim, sorrindo, como no sonho, como de verdade. Sim, ele existe.
Fica aqui assim uma vontade de acontecer. A dificuldade inteira é que sentimento não é produto, não tem para comprar, não tem uma fábrica onde ele é feito e te enviam pelo correio. Por mais que alguém seja fantástico, e você saiba disso, nem sempre o sentimento chega e aí, não dá para forçar.
O que eu tenho me faz bem, eu não sei o que seria ter tudo que tenho nos sonhos. Não sei se saberei.
sexta-feira, maio 28, 2021
Mensagem.
Aí você passa horas, dias, semanas esperando uma mensagem. Aí quando ela chega, você descobre que a espera foi bem mais legal do que ler a mensagem.
E toca esperar que a próxima mensagem diga mais do que o mesmo. E assim a vida passa.
Passou?
Rajas.
Eu li o Baghavad Gita e eu acho que eu sou rajas na maior parte do tempo. Rajas.
Quer saber o que é? Descubra. Mas, não fique lendo página de Internet, vai no Baghavad. Se você não pode, respire fundo e espere.
Insistir, persistir, resistir... desistir.
Como é que a gente sabe que chegou a hora de parar de tentar? Eu nunca sei e ouso dizer que quase ninguém tem certeza. A gente dança, dançando e joga, jogando, como canta Jorge Ben. Vai levando no improviso e aprende algumas coisas para desaprender outras, durante a vida inteira.
Nem sempre combina ou dá certo usar o que se sabe em situações novas. É tudo tão novo às vezes que a gente nem sabe o que não sabe, e lá vamos nós novamente metendo os pés pelas mãos. A gente insiste, eu insisto, eu resisto na insistência. Depois, eu desisto. E nem fico muito triste, não.
Eu só acredito em amor entre duas pessoas, amor a dois, quando é recíproco. Amor a dois não tem como ser de outro jeito.
terça-feira, maio 25, 2021
Talvez.
Às vezes, eu sou lenta. Ninguém acredita muito, mas é. Deixa eu contar.
Eu nunca lembro que as pessoas podem não estar no mesmo clima que eu, abertas, disponíveis. Eu sempre sempre sempre acho que todo mundo está no mesmo ritmo e no mesmo lance. Eu fico animada e aí, depois que sinto que não rola reciprocidade, eu lembro que
ah, ele pode não estar afim disso que eu estou
Aí eu paro, dou um tempo para mim, fico longe para descobrir.
Da última vez, eu acreditei que sim porque ele segurou na minha mão um tempo que pareceu longo demais, suficiente para a invenção de um sonho. Mãos que abraçavam minhas mãos completamente, envolviam-me nelas, eu achei que era possível pensar que o príncipe estava novamente perto, mesmo que ele nunca tenha chegado (leio Sula de Toni Morrison e fico assim).
Eu sou lenta, não nego. Mas não sou tola, eu acho.
segunda-feira, maio 24, 2021
Torto Arado, Itamar Vieira.
domingo, maio 23, 2021
Fechar a porta.
Um dia desses olhei para trás no tempo de vida que eu tenho tentando viver junto das pessoas e percebi que nunca havia fechado a porta. Nada de "tchau, não me procura nunca mais". Nunca disse isso para ninguém.
Eu vou embora, mas não fecho nenhuma porta e sempre achei que isso era uma qualidade. Uma coisa massa, olha como eu sou compreensiva e tenho os braços abertos para todo mundo que chega e quer ficar. Olha como eu não descarto as pessoas assim na primeira merda que elas fazem.
Mas, não é isso. Pode ser sobre ter medo de dizer não e ouvir um "tá bem". Pode ser sobre estar ali para todo mundo, inclusive para pessoas que te machucaram e porque? Medo de rejeição? Pode ser, pode ser. Estou pensando em mil coisas de novo e uma delas é essa aí.
Não sei de nada ainda, estou aqui desconfiada de tudo. De novo.
Agonia.
Sinto um aperto no peito, uma coisa que me diz, que me grita com todas as letras, eu nunca vou conseguir chegar na hora certa em que o trem da felicidade está passando
Eu sigo, às vezes mentindo
Mas quem não mente?
Até para acreditar de novo, a gente mente. E tá bom, é só saber e guardar a mentira de si mesmo até chegar de novo a hora de ir à estação, esperar o trem.
Apenas.
Foi quando ele repetiu a palavra só mais uma vez que eu pensei
só de apenas ou só de sozinho?
Mas, não perguntei nada. Li, ouvi, respirei fundo.
Quando histórias bonitas acontecem com você e você quer repetir aquele momento por várias e várias vezes, a invenção de um mundo paralelo em que só coisas bonitas acontecem; quando você quer que o tempo seja menos imperativo e apenas esteja ao seu lado quando a hora de ir embora chegar, o que você faz?
Fala
eu só quero isso acontecendo por muito tempo na minha vida
... ou se conforma com só ser sozinha?
Eu ainda estou decidindo sobre quais os sentidos que mais se aguçam quando lembro dele. Às vezes, não querer lembrar é também uma pista grande de que não tem mais volta, você já foi contaminada, ainda que pela palavra só.
quinta-feira, maio 20, 2021
segunda-feira, maio 17, 2021
Vaidosa.
Acho que não conseguiria viver com alguém que não dissesse todos os dias que eu sou linda. Por dentro e por fora. Acho que isso me incomoda. A cada dia que passo, tenho mais certeza. Muito embora eu não seja alguém que esteja em redes sociais, eu percebo que espero o elogio de quem está comigo todas as vezes que eu me sinto linda (e isso acontece todos os dias, em algum momento do dia).
Quando esse elogio não vem, eu tenho a absoluta certeza que a pessoa não entende nada sobre beleza. Às vezes até me demoro numa cena, para que a pessoa possa tomar tempo para dizer algo, mas nem sempre funciona.
Uma amiga me disse que eu era vaidosa, para mim eu apenas era comum, igual à todo mundo; eu sempre achei que todo mundo queria o mesmo quando estava com alguém. Ah, as pessoas, se soubessem, mudariam o mundo com poucas palavras
você está linda
eu te amo
eu me importo
beba água
tou com saudade
quero te ver
me dá um abraço?
deita no meu colo, vem
Mas a teimosia, junto com o medo de pedir por coisas que desconhecem, como amor e beleza, fazem com que as pessoas (se) estaquem, estanquem, estagnem, paralisem. E vai, pedindo apenas que dê certo mais um dia, sem amor, sem beleza, só mais um dia, sem promessas, sem desejos.
Que eu seja feliz
Que eu seja saudável
Que eu esteja livre de sofrimento
São as únicas coisas que eu peço hoje.
Eu ainda não sei explicar como é que se faz para viver o que vem, viver o presente, planejar um futuro e também não se frustrar quando ele não acontece, sempre começar de novo. Eu não sei, mas só sei que, para mim, acho que essa é a coisa mais importante que eu tenho tentado aprender nos últimos anos.
sábado, maio 15, 2021
sexta-feira, maio 14, 2021
Choro de emoção não tem fim.
quinta-feira, maio 13, 2021
(Mais) uma história de amor.
Entro no carro e Severino começa a me contar histórias. Eu pergunto, eu gosto de saber. Aí ele me fala que é casado há 33 anos e ainda hoje viaja com a mulher para o Carnaval de Salvador. Sabe o melhor lugar para ficar e onde é mais seguro, onde a cerveja é mais gelada e o que se deve fazer para aproveitar tudo.
Eu fico tão interessada que ele para o carro, chegamos ao destino e ele não vai embora, porque eu comecei a contar para ele de uma outra festa em Salvador que ele não conhece e agora quer ir, assim que acabar a pandemia. Ele toma nota. Ele quer ir, disse que vai com a mulher.
Pergunto se ele a ama, ele me diz que a ama sim, que a ama mais do que tudo, abaixo de seu pai e de sua mãe. Que ela é a coisa mais chata que ele já viu na vida, mas que com certeza ela deve achar isso dele também. Que ainda hoje, fazem pirraça um ao outro, brigam e ficam meia hora sem se falar.
Eu me emociono com essas pérolas que eu encontro no meio do dia assim, numa viagem de 20 minutos. Eu deveria olhar a paisagem, mas não consigo deixar de olhar a mão grossa de Severino que se agita quando ele conta sua história de amor, fico imaginando a casa dele, a esposa, os filhos, as viagens... Diz que agora, o filho de 16 anos agora quer ir junto com a namorada em suas viagens com a mulher, mas ele gosta mesmo é de pegar a estrada com ela. Há 33 anos.
Não tem como não gostar de viver. Todos os dias, quando alguém tenta me roubar essa beleza que é a vida, eu encontro Severinos para me fazer sorrir de novo.
A vida não é útil, Ailton Krenak.