Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, dezembro 29, 2020

segunda-feira, dezembro 28, 2020

Inelutável.

Quero aprender a abrir e fechar os caminhos em mim. Quero aprender a ficar só comigo, bem comigo. Chorando, sorrindo, caindo, levantando. Eu quero.

Não há melhor lugar do que dentro da gente, do que perto da gente, quando a gente se ama. E a gente se ama porque não tem saída, tem de ser a coisa mais inelutável da vida, nos amarmos. Tem de ser.

Eu não quero desistir, mas há dias tão cansativos que eu choro no travesseiro esperando o sono, meu bom companheiro. Às vezes ele demora, mas vem. Ele me conduz direto para um outro dia, com luz na janela e yoga. 

Respiro. 


Peso.

Fiquei pensando que a relação monogâmica tem isso de a gente eleger UMA pessoa para ser aquela com quem vamos dividir tudo, completamente. Isso é falso. UMA pessoa não pode ser aquela que ouve tudo de você. Não vai dar certo. 

Por mais atento e por mais suporte que alguém possa nos dar, não vai dar para ser o tempo todo, de todo o jeito que a gente precisa e é por isso que a gente tem de aprender a dividir as dores com mais gentes, amigas, amigos, exnamorados, colegas, conhecidas, todo mundo que passa pela nossa vida. Você pode continuar fazendo sexo só com  uma pessoa, caso queira, mas delegar a ela a responsabilidade de cuidar de você completamente, é pesado demais da conta.

 

domingo, dezembro 27, 2020

All about love.


 

Silêncios.

Sinto falta de ter alguém para reclamar atenção em dias tediosos. Reclamar atenção de alguém é coisa que se faz quando há compromisso, ou quando você não tem medo de mostrar tudo que sente, porque sabe que não vai se machucar a ponto de desistir. Eu não sei impor nem pedir, eu sofro calada, como Clara do livro Preço de noiva, de Emecheta. Se quero ir ao cinema, é certo que eu diga 

viu aquele filme novo que está em cartaz?

É só quando sinto reciprocidade que me abro inteira e falo tudo que está dentro de mim. 

Essa vontade de dengo chega todo dia 26 do mês e depois vai-se embora como chegou em uns poucos dias, mas enquanto ela está aqui, fico amarrada em mim, com boca fechada para que as palavras não me traiam e todo mundo perceba que eu só preciso de um pouco de atenção, só um pouco, daquelas que dizem coisas como 

lembrei de você 

estou com saudade 

queria estar aí contigo nessa rede

Sem emoji nem meme nem gif, umas palavras e eu seria ficaria plena de paz, sabendo que tenho a quem pedir atenção ou que tenho alguém que sabe me ler e me dá atenção sem que eu peça, depois de uns ahn, tá bom, certo e tchau.


Clemency.


 

Mussum, um filme do Cacildis.


 

Minha casa é onde estou, Igiaba Scego.



Gente, que lindeza. De tudo. Nem sei por onde começar. Igiaba é meu novo amor. 
Não gosto de Caetano, mas ela tem um livro sobre ele e até penso em ler, só para ver o que ela fala, de tanto que amo os livros dela que conheço.
Esse livro me capturou tanto, tanto. Li muitas partes para muitas pessoas e indiquei para outras tantas. De verdade, acho que é o livro do mês. Do ano? Não sei. Mas ele é realmente incrível.
Alguém que nasce na Itália mas é somaliana e se sente em casa onde está, Roma, é para mim a coisa mais linda que eu poderia ler em prosa. 
Igiaba conta sobre sua mãe que, mesmo sem ler nada que ela escreve, é tão importante para ela e para tudo que ela faz até hoje. 
Queria escrever trechos enormes do livro aqui, mas fiquei com preguiça.

                                                                                    Igiaba Scego

Outros jeitos de usar a boca, Rupi Kaur.




Ah, entendi agora. Na wikipédia me ensinaram o que são essas poesias que estão fazendo por aí. Eu, sempre começando do fim. Lá diz que a sra. Kaur é "uma poeta feminista contemporânea, escritora e artista da palavra falada. Ela é popularmente conhecida como instapoet pela atenção que ela ganha online com seus poemas no Instagram"

Que eu não precise ler wikipédia para entender as coisas, eu peço. Isso nem é novo. Tem uns três anos que vi esse livro na casa de uma colega, nem abri, sempre achei que fosse prosa, vai entender. Eu às vezes tenho isso de não abrir um livro, não ler a sinopse do filme, quero que fique assim, intocado, até o dia em que tiver tempo para sentar e olhar com vontade. Que coisa.

Ah, do livro? Gostei um pouco mais do que o "gostei não" mas, mais dos escritos de amor, certamente. 

                                                                                                                                         Rupi Kaur

El club de lo buenos infieles.


 

The man without gravity.

 


quinta-feira, dezembro 24, 2020

A escrava, Maria Firmina dos Reis.

 


 O conto está aqui


                                                         Maria Firmina dos Reis

Rasgos, Aza Njeri.


Gostei não.


                                                                                         Aza Njeri

 

Erin Brocovich: uma mulher de talento.


 

Big Hair, don't care, de Crystal Swain-Bates.

Ah, outra coisa boa do Kindle: poder ler coisas em inglês sem precisar ter que comprar, esperar chegar, pagar caro pelo frete... sempre quis ler os livros de Crystal e nada. Via os preços, quando viajava para fora, caçava nas livrarias... e nada. 

Agora já li uns três e acho que a gente não deve nada a livro infantil nenhum lá de fora, ora bem. Nossas ilustrações ganham concursos por aí, com razão. 





Tudo nela brilha e queima: rimas de luta e amor, Ryane Leão.


Poesia é fogo, viu? Gostei de algumas coisas, mas não de tudo. Não vou mentir para agradar ninguém. Achei pensei em chamar de poesia em estado bruto, mas não, porque há vezes em que o bruto é o que embeleza a vida. Que massa que a gente mulheres negras podemos publicar e eu posso ler e ver coisas que gosto e coisas que não. 

Começou lindo o livro, depois amargou, descambou sem sonho, sem imaginação. Senti falta da poesia, ficou tudo muito repetição da vida concreta que nos assalta o tempo todo, cadê a palavra que me engana, que faz diferença, que me aponta outras coisas?

poesia é recheio mole e quente da palavra dura 
para quando a palavra nos perfura a vida
poesia é o que derrete o concreto da estrada da gente

Fiquei achando que era mais rima de dor e luta do que de amor. A autora me diz nas entrelinhas para não confundir amor com dor, não acreditar que é preciso sofrer para aprender, que sofrer não é melhor que sentir nada. Eu li, concordei e fiquei querendo mais.

Mas leiam e briguem comigo. Por mim.

                                                                                                                 Ryane Leão

 

Surpreende.

Eu quero sempre ter espaço para sentir a surpresa na minha vida, no meu coração. Quando faço alguma coisa que alguém me retribui, ainda me encanto. Sempre acho que não vai acontecer, já vou preparada para me virar sozinha e alguém me diz, 

vamos, eu te levo para onde você está indo

Fico boba todas as vezes em que ele diz isso.

Algumas pessoas dizem, paixão é loucura, amor é mais calmo. Eu não acredito em nada nada disso. Sinto tudo aqui dentro de mim, ao mesmo tempo e com força. Não quero parar de sentir, não. Não importa muito o nome disso, só sinto que é bom. Quando a gente se abraça e não tem mais palavra para dizer o que sente, é isso que faz bem, nada mais. 

Não precisa ter medo.

No fundo do poço, Buchi Emecheta.


Dos três livros de Buchi que li, esse foi o que menos gostei, mas acho que, se você leu todos os outros três publicados no Brasil, não te custa ler esse, não. 
Fico sempre sem saber se não gostei foi da história, porque a escrita eu realmente gosto. Me dá prazer, me incomoda. Eu fico pensando no livro, as imagens se formam na minha cabeça. Posso ver o prédio em que Buchi morou com suas crianças, as vizinhas, as histórias, sinto o frio e o gosto da comida ruim. Então, não sei se não gostei da história ou não sei, porque a escrita, definitivamente, é realmente surpreendente. É tudo isso aí que escrevi, as sensações são tão vívidas que eu me pergunto se Buchi não é uma amiga que me conta sua vida em meu ouvido.

                                                                            Buchi Emechetta

segunda-feira, dezembro 21, 2020

domingo, dezembro 20, 2020

Falas Negras.


 

Graça.

Eu sou muito grata à vida, eu já disse isso aqui várias vezes. E porque? Nos últimos meses, fiquei pensando muito sobre isso. Perguntei à amigas e amigos, por exemplo, se já haviam ficado desempregadas. Muitas disseram sim e me contaram como lidaram com a situação. Eu, desde que comecei a trabalhar para me manter, aos 23 anos - sim, antes eu trabalhava, comecei aos 14 e, de modo intermitente, trabalhei até os 22 anos, para ajudar minha família também - nunca fiquei desempregada. Isso tem um efeito grande sobre mim. Grande mesmo.

Eu não sei o que faria se ficasse desempregada. Isso mexe muito comigo, me afeta muito (talvez seja por isso que fico louca procurando emprego para amigas, falando de concurso, essas coisas). Nunca passei por isso e nem vejo como passar, porque desde cedo dei um jeito de trabalhar em empregos que não me dessem essa dor de cabeça. Sei que poderia não ter dado nada certo mas, por sorte, deu.

Trabalho, para mim, não é a coisa mais importante da minha vida, mas tem um lugar especial porque é com ele que consigo ganhar dinheiro para fazer coisas necessárias à minha sobrevivência. Eu dou valor a isso porque preciso, porque nunca consegui dizer não para o dinheiro que eu ganho com o trabalho. Essas coisas estão relacionadas, dinheiro e fazer coisas porque eu não tive outro caminho na vida. Pode ser que soe aqui que eu valorizo o trabalho além da conta, mas é que eu não conseguiria separar uma coisa da outra, trabalhar e viver. Não dá para mim e eu nem sei se eu queria que desse.

Eu nem acho que a gente tem de trabalhar para viver. Eu gostaria muito que as pessoas pudessem fazer o que quisessem, assumindo as consequências de suas escolhas (apesar de saber que isso nunca é assim, diretamente relacionado. Tinha um mundo em desencanto no meio do caminho, no meio do caminho tinha um mundo em desencanto). Se você quer passar a vida com pouco, tocando violão ou pintando quadros, que viva. Se vai precisar de ajuda e outras pessoas querem te ajudar, que seja. Eu quero dar aulas, quero viajar o mundo e fazer um monte de coisas que nesse mundo eu preciso de dinheiro. Então, tá bom. Não quero fazer nenhuma ode ao trabalho, não. Queria escrever um texto sobre vida, trabalho e expectativas.

Dito isso, volto dizendo que passei por outras coisas, mas não pelo desemprego. E acho que isso manteve de pé uma parte da minha crença na vida, nas pessoas, no amor. Eu fico interessada em saber o que me mantém de pé (você não fica?). Aprendi a lidar com as pessoas sem esperar muito delas na minha vida profissional, porque a relação no trabalho para mim sempre foi outra.

Por não esperar de pessoas no mundo do trabalho - já que essa coisa de puxar saco para continuar no emprego não foi uma tônica, porque eu nunca tive "chefe" - eu aprendi a estar no mundo público de outro jeito. Aprendi a encarar o trabalho como o lugar onde tiro o meu sustento - e, em parte, das pessoas que amo - e não necessariamente um caminho para o reconhecimento. Eu não acredito em reconhecimento profissional. Veja, eu amo ser professora. Eu tenho uma realização pessoal com isso, não profissional. É que esse lance de reconhecimento profissional só serve para manter a ideia de produtividade funcionando à toda num modelo capitalista de sociedade, e eu refuto. Para mim, quando encontro uma criança que lembra de mim na rua, passados três anos que a gente conviveu junto um ano letivo inteiro, é uma coisa tão intensa e animadora que eu não poderia descrever. Isso não me dá mais dinheiro, isso não me faz querer ser pesquisadora qualis A1, isso me dá prazer, algo que eu preciso para viver o tempo todo.

Hoje vejo que a maneira como eu lidei com tudo isso já era um pouco de como eu me movimentava no mundo, na vida toda. Eu aprendi a ser quando saí de casa para ir atrás do que eu queria, até porque, quando fiz  isso, quando saí de casa para o mundo, eu fiz também - para não dizer que foi só por isso - porque eu estava apaixonada. Uma coisa foi movendo a outra, eu precisava de segurança financeira para arriscar, então fui, eu precisava controlar, antecipar, programar. Hoje, preciso menos e me permito deixar as coisas acontecerem (ainda racionalizando muito, ainda pensando que eu estou me colocando ali para não controlar tudo, não vem assim, "natural") e que todo mundo possa isso. Acho que posso isso também porque vivi a vontade do controle,  o medo do amanhã, porque hoje a vida está mais leve, depois de 40 anos. 

E eu desejo que muita gente possa viver o descontrole, o deixar levar, sem doer, sem ser por algo que machuque. Eu desejo de dentro do meu coração.

Essa pessoa que fui, avaliando que seria melhor um emprego e uma vida profissional que me desse estabilidade, tem a ver com a forma como a vida me fez ser, pelos erros, pelas falhas, pelos medos. Eu cresci vendo minha mãe estocar comida, com medo do amanhã, porque de repente ela se viu sozinha, mas tendo que ser responsável por três crianças. Eu nunca passei por isso, mas levei essa coisa de se antecipar, de me programar, para a vida inteira, para todas as áreas da minha vida.

E eu comecei a escrever tudo isso para que, gente? Porque eu fiquei pensando porque ainda acredito. Porque ainda me animo com cada pessoa nova que conheço, com as histórias, com as pessoas velhas que voltam, porque sinto, porque sofro por vontade de amor, de atenção, porque sonho. É que eu sou alguém que aprendeu a esperar pouco de tudo que está fora de mim - sigo esperando muito de mim - e que não posso controlar - depois de ter tentado controlar muita coisa, até mesmo o engarrafamento de São Paulo, aha -, o que me deu mais beleza nos dias. Não é fácil aprender isso, acho que na verdade ainda não sei bem, não, mas já tenho isso como uma das coisas que mais almejo aprender sempre. Continuar a sentir e a viver com essa coisa do não esperar. A yoga me ajuda, a meditação. O amor também. 

Minha mãe continua estocando comida e eu, continuo tentando esperar pouco das pessoas. Esperar pouco não é ser pessimista ou maldosa. É compreender a fragilidade humana, saber que o erro das pessoas nem sempre vem porque elas são escrotas ou mentirosas. Eles vem por que vem. Vem porque fazem parte de nós. Delícia é encontrar gentes que erram, que dão mancada, mas que fazem você perceber que são maravilhosas, te querem bem, te fazem feliz, te amam e querem ser amadas. Não fizeram para te machucar, embora possam ter machucado, porque não sabem tudo de tu. E aprendem, encaram o desafio de continuar perto, sem vergonha do erro, com vontade de acertar muito. E conseguem, poxa, conseguem porque a vida é maravilhosa. Conseguem porque você acredita.

As coisas são como são é a frase mais linda do mundo.

Ao esperar pouco, tudo que vem é muito e tão intenso. Tão maravilhoso. As pessoas também, ao verem que você não depositou o peso da sua espera nelas, se acalmam e aos poucos dão o melhor de si. É preciso tempo, paciência. Foi assim que entendi que eu não espero, mas tenho esperança. 

sábado, dezembro 19, 2020

Intimidade, Izrra.


 Todo mundo que me conhece sabe que Izrra tem metade (45%, vai) do meu coração.

sexta-feira, dezembro 18, 2020

A última abolição.


 

Todos os meus (ex) heróis são machistas, Taís Bravo.


Segundo livro lido no Kindle. Ruinzinho, mas tá bem. Não vou comentar não, porque não gostei e não estou com vontade. Procura, se interessar.

Li dois artigos no Kindle também e achei uma delícia. Estava sem saco de ler no PC e eram artigos para trabalho, algo rápido e que eu queria fazer deitada, relaxando, porque eram temas que eu dominava, coisa de ler e ver se prestavam, mesmo. Gostei demais.
 
O livro nunca vai morrer, eu lembro que amava ler jornal e nunca li online, não gosto, não consigo. Meu negócio era ler ali, naquele formato, prazer imenso. Isso porque o jornal digital acho cansativo, não sei lidar, não dá. Não quero. Mas o Kindle, não achei cansativo e nem com cara de impositivo, não. Não achei assim cheio de mensagens e imagens e texto e etc. Só em ser preto e branco me acalma o coração. Amei.

Sob a pele: relatos sobre os efeitos do racismo na saúde mental, Lucas Ludgero.


Comprei um Kindle. Esperei quase 4 meses e ele abaixou 100 reais, comprei. Eu não sabia se queria, mas não quero mais ficar comprando livro e livro e livro atrás do outro, principalmente porque comprei uns que eu nem gostei e nem quero dar. Aí, comprei. Passeando no e-reader achei coisas que não leria se não fosse ele, pela assinatura de leitura que você ganha quando compra. Aí gostei, vi vantagem. Achei coisas que me deram vontade de ler e ler sem parar, como esse livro curto mas muito bem escrito, simples sem simplificar. 
Recomendo demais. O nome já diz, né? Não vou escrever mais nada, então.

O Kindle não vai substituir o livro. Não tem como. É só mais um suporte. Eu demoro para aceitar, mas vamos nessa e não dá mais para acumular coisas. Estou na idade de querer dar a maior parte das coisas que eu tenho. Gosto de casa vazia, deitar no chão com muito espaço vazio ao meu redor.

Conheço dois amigos que começaram a morar sozinhos há 2-3 anos e eu amava a casa deles quando não tinha quase móvel nenhum... lindas, puras. Só com o necessário. Amo, quero viver isso na minha casa. 

Agora eu saio de casa com um Kindle e dois livros (mentira, da última vez foram três, mas um estava para acabar). Logo, logo vai chegar o dia que será um livro e um Kindle, com todos os livros dentro
 

quinta-feira, dezembro 17, 2020

quarta-feira, dezembro 16, 2020

domingo, dezembro 13, 2020

Solidão (que nada).

Há uns dias por aí que eu me sinto terrivelmente só. Eu não sei o que é. Acontece. Penso em coisas que já me aconteceram, umas bem chatas, saudades, pessoas e até penso também numas boas coisas que me acontecem agora e sofro, porque penso, 40 anos e eu nunca vivi isso, como pode, será por isso que fico assim boba para as coisas da vida? 

Vivo perguntando às pessoas o que elas fazem quando se sentem só. Elas dizem coisas diferentes, mas às vezes eu acho que quero ficar só para aprender o que quero, o que sei, o que não entendo de mim. Essa solidão não é para fazer mal, nem para o bem. É para saber de mim, e só consigo muitas vezes, sozinha, me afastando de tudo e de quem eu sou para outras pessoas.

Não sei se consigo sempre aprender muito, mas eu tento.



Péssimo.

O péssimo pessimista é aquele que desacredita, mas não desiste de viver e sonhar. Algum dia, pode dar certo, ele pensa, e espera que alguém o convença. Sorte a dele não encontrar alguém cansada, triste pelo caminho.

Tô ryca.


 

sexta-feira, dezembro 11, 2020

Nunca.

Eu disse, eu disse que não tenho medo de amar de novo, porque é ele. Porque ele me faz um bem danado e eu nunca nunca nunca me sentiria menor ou infeliz por uma dia o ter amado, porque ele é tão incrível e tudo que me dá e faz sentir é tão maravilhoso que eu nunca nunca nunca poderia ficar triste por ter amado alguém como ele, que me ajudou a melhorar quem eu era e a curar dores que ele nem sabia que existia.

Depois disso, só um abraço, né? E enxugar as lágrimas também. De amor.

Sankofa.


 

Afronta!


 

How to get away with murder.


 

quarta-feira, dezembro 09, 2020

Cartas.

Encontrei muitas cartas antigas de pessoas que disseram me amar. Reli muitas delas. Elas datam de mais de uma década, homens e mulheres, paixões, amigas. Amigos. Tudo aqui, dentro de mim.

Não li todas, algumas só vi a data, lembrei do envelope, sorri. Lembrei até de algumas que deliberadamente joguei fora, porque não queria mais ler. Esquecer, não consigo.

Fui feliz antes, sou feliz então. Eu conheço o amor. Podem me dizer que foram só palavras, mas elas me sustentaram. Eu recomendo a todas as pessoas que amam, escrevam e guardem o que sentem no meio das palavras, dentro de um papel.


segunda-feira, dezembro 07, 2020

Descoberta.

Alguém precisa avisar às pessoas que paixão só é passageira quando não é correspondida. Se a paixão encontrar um lugar para ficar, ela nunca vai embora. 

Paixão, prima-irmã (gêmea) do amor.

Pequenino.

Às vezes sinto meu coração pequeno. Tenho medo de ter medo e acordo assustada, sem ter certeza se ainda estou fazendo a coisa certa. Faço, mas já não sei. Tenho medo de não fazer e não sei o que faço. Enquanto isso, o mundo continua girando; ele não para para apontar um caminho.

E eu? Vou vivendo, atropelando sentidos também. 

Um sinal, uma lágrima e aí eu descobri que um passo, outro passo, paciência (e, entre um passo e outro e paciência, respira e calma).

M-8: quando a morte socorre a vida.


 

sexta-feira, dezembro 04, 2020

Poeminha.

Se você vem às 18h
Um dia antes já sinto os efeitos
Desejo, sorrisos, esperanças

Quando você chega
Já fui ao céu de esperas simples e já voltei
Encontro-me à porta, portão aberto
Faceira, feliz, fagueira, fogosa
F I N A L M E N T E

Ai mi madre!


 

Nimic.


 

10 to 11.


 

terça-feira, dezembro 01, 2020

Lagartixa.

Todos os dias, pontualmente, quase às 18h, ela aparece. Minha amiga, lagartixa, me avisa.
É hora de parar de trabalhar
Assim eu entendo quando ela aparece, olhando para os lados, apressada.
Quem tem uma amiga lagartixa, tem muito.

The Ugly Truth.


 

Filha e mãe, mãe e filha.


Fiquei aqui pensando uma coisa faz tempo mas nem escrevi, pense.

Vi uma cena, uma mãe com uma filha pequena num ônibus há algum tempo atrás. Fiquei pensando nessa ideia de que as crianças precisam das mães, os bebês precisam dos pais e coisa e tal. Essa ideia é muito corrente e a gente se vê repetindo isso o tempo todo. Mas, porque a gente não pensa que a mãe e o pai também precisam do bebê? Caso contrário, porque é que muitas pessoas querem bebês (ou acham que querem, né, sei lá)? Será que seria simplesmente para ter alguém precisando delas ou é porque elas também precisam de bebês?

Tudo isso só se pode entender se você acredita que é possível criar uma relação mais horizontal entre pais e mães e bebês. Se não pensa que isso é possível (e necessário), para vivermos melhor em sociedade, não dá para entender nada desse texto.

Lembrei dessa imagem porque uma amiga me disse que não gosta da maternidade, no sentido lato da palavra. No sentido-poesia, todo mundo até que ama. Fiquei pensando que talvez ela ache que não goste porque maternidade tem a ver com essa coisa hierárquica, de mando, de autoridade sem questionamento, de verdade, de última palavra, de decisão, de sim e não. Não sei direito, tem muitos motivos para não gostar, eu acho. O mundo diz que a mãe deve ser mais responsável, e ela por conseguinte se sente mentalmente sobrecarregada, dar conta da criança é tarefa dela, por mais que algumas pessoas lhes digam o contrário, o mundo - e ela também - espera que ela seja a mãe modelo, aquela que ama fazer tudo que tem a ver com ser mãe, tudo, sono interrompido (tudo interrompido, né, o tempo não é mais o seu, não), bicos dos seios sangrando, corpo estranho, horas que não voltam, choro que não para, AAAAAAAAAAAAAAAA.

Uma relação que não é de amizade e nem de controle, como é que pode? Será que pode? E como? Como eu vou ser mãe, não vou controlar tudo e ficar bem? Isso é ser amiga, não? Não. Ser mãe é encontrar esse equilíbrio todo aí. Olha quem fala, alguém que até hoje só foi filha. Sendo filha, você aprende ofício de filha e vira observadora de ofício de mãe. Certeza. 

O que eu sei é que pode se dizer muita coisa, mas quase todo mundo concorda que maternidade é cuidado. Algo que bebês e pessoas adultas podem ter umas com as outras, mas a gente pensa que só pode cuidar quem decide, quem é adulto. Bebê não cuida quando aceita mamar e quando chora pedindo atenção? Porque não?

Quando tenho bebês em casa, agradeço porque posso parar para brincar sem medo de pensar depois que perdi tempo. Esse cuidado que eles/as tem comigo, eles/es nem sabem. Esse cuidado existe só pelo fato de eles/as existirem. E nesse cuidado deles/as, vou aprendendo que tenho de parar e não fazer nada sim, que é gostoso e me faz bem. E fico na cama até mais tarde, ouço uma música por ouvir, (tento) fazer nadas. Nadas. 

Se a gente pensa que cuidado vem também dos bebês para nós, pessoas adultas, a relação vertical que é a mais comum de vermos vai desabando e vamos nos aproximando de um lugar em que bebês e pessoas adultas podem se encontrar com menos pressão, com a leveza que um cuidado pede para existir bem para todo mundo. Quem saiba a gente até possa ver que sentir raiva, dizer que tem raiva, ficar zangada, sair andando também podem fazer parte do cuidado que se tem, sem idealização de nada. 

Nesse caminho, acabo por ter de reconhecer que dar carinho e cuidado também é algo que eu preciso para viver. Sem isso, acho que minha vida ia ser bem feia e chata. Não quero aqui romantizar cuidado. Sei que muitas mulheres estão sozinhas nessa e cuidar sem ninguém para ajudar cansa, chateia, machuca, dói, faz sofrer. Um coisa que pode ajudar é aprender a ver cuidado num abraço da criança, no pedido de atenção, no eu te amo que vem sem pedir também. Na real, acho que as mães que aguentam, só aguentam porque veem assim. O que seria legal é se elas não precisassem se vestir de super mãe toda vez que qualquer pessoa aparecesse por perto ou até mesmo aquela coisa que fica dentro da cabeça dela começasse a falar. 

Será que dá para aprender tudo isso?

Só dá se a nossa vida não estiver tão embotada de tristeza e a nossa vontade de experimentar uma relação de menos controle for maior do que o medo de perder as rédeas. Então, dá.

Dá?

Cidadã de Segunda Classe, Buchi Emecheta.


Alguém vai dizer que Buchi não escreve bem, gente? Oxe. Nem tem como. Prosa fluida e precisa, tudo do jeito mais certo do mundo. Quem não gosta de ler, tem de ler Buchi, para começar a se apaixonar. É uma história que pode envolver mulheres mais velhas, que faz tempo não leem e que querem começar de novo. Vou comprar umas dessas trilogias e espalhar por aí, pelo mundo. 

Esse é o segundo livro dela que leio, estou já com os outros dois em mãos para continuar... lindo demais, acho até que deveria vir é todo junto esses três livros que tem esse fio condutor e revelador da vida de uma mulher negra com três filhos e sozinha. Fico dizendo às pessoas, não tem como ter um livro fantástico com menos de 300 páginas, que é o mínimo para desenvolver uma história. Sou uma chata, mas às vezes é isso mesmo. Com poucas páginas, você fica naquela coisa de quero mais, de que faltou falar mais, descrever mais, adoro descrições, de tudo, pessoas, coisas, lugares e objetos, sons. Tem livro fantástico com menos páginas, é brincadeira. É que quando ele é curto, fico órfã mais rápido, sem saber o que fazer. Deve ser por isso que sempre leio alguns livros ao mesmo tempo, para nunca me sentir só. Acaba um e eu já estou mergulhada em outro. Agora?

Estou lendo No fundo do poço, de Buchi e o Baghavad Guita. Lendo também, de leve, Movimento Negro Educador, de Nilma Gomes e Infância, de Górki.  

Ainda assim, tendo amado esse livro, gostei mais do primeiro. E porque? Ah, gosto de Alegrias porque conta de um tempo ainda na Nigéria, me interesso muito por conhecer coisas e detalhes de uma vida que não é a minha mas que também já foi minha e que não sei nada, me sinto familiar-estranha no meio daquilo tudo. Nesse livro aqui, começa a imigração para a Inglaterra, que leio e me interesso, mas não na mesma intensidade.

Sabe de uma coisa? Buchi faz a gente acreditar que qualquer pessoa pode escrever, assim como Toni. É por isso que amo as duas demais, demais.  

                                                                                                       Buchi Emecheta
                                                               

(engraçado, antes de ver a foto de Buchi, eu a imaginei, magrinha como Igiaba, pequenina como Noviolet... vai saber porque. Mesmo agora, que a vejo assim, fico com essa coisa na cabeça. É a minha Buchi, a Buchi que emerge para mim do texto)