Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, agosto 31, 2020

sábado, agosto 29, 2020

Meu caco preferido.

Você é meu caco preferido, sabes disso

Fiquei boba porque aprendi com ele que caco, para um arqueólogo, é coisa fina. 

Dos elogios mais lindos que já ouvi.

Blindspotting.


 

Santana.


 

Verde Seco.


 

Sleight.


 

A ditadura perfeita.


 

sexta-feira, agosto 28, 2020

Wax Print.


 

Um casamento americano, Tayari Jones.

 


O livro é massa. O livro é massa. Leiam, não tenho o que dizer muito. Não é que seja uma escrita daquelas que te arrebatam o tempo todo, mas ainda assim há trechos de tirar o fôlego. Tenso, doce, in-tenso.

Eu parei de escrever resenha falando a história do livro, porque todo mundo encontra isso fácil na Internet. Geral comentou desse livro e falam que vai virar filme. Então eu não preciso dizer aqui que é sobre um casal que tem uma situação horrível no começo do casamento, a prisão do rapaz por um crime que ele não cometeu. 

O livro me lembrou de como muitas vezes aproveitamos pouco a vida, porque temos uma ideia do que queremos que aconteça com a gente. Se não for como estamos pensando, a gente se desapruma e sai do lugar, perde a órbita, perde o bonde e não consegue mais ser feliz como a gente pensou naquele sonho lá de trás. 

E não deve ser assim, a gente deve reaprender sempre que pode ser diferente e amar o processo, o enquanto, o durante. É isso mesmo que é a vida, eu sinto assim. Depois de ler o livro, eu quero ainda mais viver o que há para viver enquanto e durante eu tenho a vida, sem me ancorar num futuro possível. Aprender a amar o que é reinventado por nós mesmas, com as nossas forças, com aquilo que fomos errando e não sabendo como fazer, sentir prazer em não ter dado tudo certinho do jeito que a gente pensou.

Se eu faço planos? O tempo todo. Mas, não é que a gente não tenha de fazer, mas ser maleável consigo mesmo quando não puder pegar aquela rua e ir por outra. Sorver a dor e a delícia da mudança. 

O melhor da viagem é a viagem, em todos os sentidos. E sim, é um slogan de alguma companhia aérea também. 


                                          Tayari Jones


terça-feira, agosto 25, 2020

Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak.


Todo mundo tem de ler, não é mesmo? E ler tudo que ele indicou também, e ver. Quando leio livros como esse, sinto uma vergonha por não saber quase nada sobre a população indígena no Brasil. E dá vontade de aprender mais, de saber mais, na mesma intensidade que a vergonha aumenta. 

Eu não sei como resolver isso. 

O livro me ajudou a ter vergonha e também a descobrir como ser melhor, mas não resolveu nada. E não precisa, também. 

Só de me dizer do sonho e da esperança, já me fez mais forte uns 500 anos. 

 

sexta-feira, agosto 21, 2020

Undercovered Brother II.

 

Lattes que eu tou passando.

Eu amo o Lattes. Tenho um apego bom. Minha vida profissional está toda ali, ele é um lembrador de belezas, porque eu amo o que eu faço. Não tenho preguiça nem raiva de preencher nada, sinto um prazer amoroso. 

Acho fofo quando ele está arrumadinho. 

Mas, a coisa toda é que descobri outro marcador de idade. Você sabe que está ficando velha quando publica alguma coisa e já não fica com a mesma animação do primeiro artigo. 


 

quinta-feira, agosto 20, 2020

terça-feira, agosto 18, 2020

segunda-feira, agosto 17, 2020

Brown Skin Girl, Beyoncé Knowles, Wizkido e Blue Yvy.

 

Adua, Igiaba Scego.


Livro lindo, capa linda. Comprei porque nunca tinha lido nada de uma pessoa que nasceu na Somália. Livro lindo, capa linda, conteúdo lindo. Desses livros que você queria ficar lendo pedacinhos todos os dias pela manhã, antes do café. 
São várias vozes a partir de várias perspectivas. Pai, filha, uma voz que fala no fundo da nossa cabeça. É Somália e Etiópia, é colonização e Itália, é deslumbre e medo. A cena em que a menina conhece o cinema é uma das coisas mais lindas que eu já li na vida. Na vida.

Com Lul por perto, eu teria sido impedida de me depilar como uma branca: "Mas se nós somalis não temos pelos, poruyqe é que você precisa se depilar?". E com certeza Lul proibiria que eu usasse cremes branqueadores, dizendo-me: "Mas você está louca? Essas coisas provocam câncer de pele! Além disso, sua mocinha burra, sua melanina é tão linda!" Também tenho certeza que Lul se oporia, como uma fera, ao alisamento dos meus cablelos. "Você fica ridícula com esses espaguetes, é absurdo, Adua" e me faria sentir quão bela é a liberdade de andar com seus cabelos enrolados na cabeça. Lul me ensinaria a ter orgulho de mim mesma. Entoaria minha árvore genealógica como um poema em decassílabos e diria: "Você nasceu dos ossos desses antepassados, não se esqueça dos ossos deles, de suas raízes". Com Lul por perto, ela me obrigaria a ligar para o meu pai. "Os pais devem ser amados" (p. 150).

Elefante, Titanic e fantasmas, nada precisa ficar de fora na literatura, ainda que ela esteja falando de nossa história, sangrenta história. 

                                                   Igiaba Scego

 

domingo, agosto 16, 2020

Black is king.

 

[...] Nós fazemos a alegria parecer fácil

E

A gente era beleza antes da beleza se chamar beleza

Loving: Uma história de amor.

 

sábado, agosto 15, 2020

It's her day.

 

I am killer.

 

By any means, Jorja Smith.

 

Daquelas coisas que eu quase choro mas não choro de primeira, mas sei lá. Rapaz.

quinta-feira, agosto 13, 2020

Hanayrá Negreiros, colunista da Elle.

 


Quanta coisa bonita. Podem ler tudo.

Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves.

 

Conheci este livro há cerca de seis anos, quando ele chegou até mim em PDF. Não sabia do que se tratava, não havia lido nada nada nada sobre ele e quando comecei a ler, não gostei da apresentação (não havia capa nem orelha para guiar minha leitura), deixei-o de lado. O que eu não gostei? À época, eu tinha muita irritação com romances históricos, com literatura que romanceavam histórias que haviam acontecido com a gente, população negra no Brasil, porque eu achava que nossa historiografia era ainda muito frágil para essa coisa toda, eu achava que ainda não tínhamos como fazer isso no Brasil sem nos colocar no lugar em que deveríamos estar, como pessoas que fizeram história e ciência. Para mim, esse livros embotavam a percepção das pessoas sobre o que realmente aconteceu neste país, já que muitas partes de nossa história ainda são vistas como invenção. Há quem diga, por exemplo, que Luísa Mahin não existiu. Livros como esse, na minha cabeça de 2014, não ajudavam em nada. 

Uma birra mas, como toda birra, merece atenção.

Foi aí que lá por 2018 eu comecei a perceber o barulho que o livro fazia, as pessoas comentando, eu ainda sem saber se era literatura ou pesquisa, não havia procurado saber nada do livro; foi por esse tempo aí que eu entendi que era literatura escrita a partir de pesquisas e leituras de livros sobre a história do Brasil, aí pensei, vou ler para ver se gosto. E gostei de descobrir que gosto de livros grandes, porque com estes a gente pega uma amizade, uma coisa de familiaridade, quando ele acabou, fiquei uns dias me sentindo órfã, com vontade de ter uma história longa me acompanhando há um mês para chamar de amiga, lá vou eu fazer as pazes com Chimamanda e ler Americanah, vou sim.  

Li o livro em um mês, porque a leitura é fácil e se você deixar, ela acontece. Não muito por beleza, digo, não há aquela coisa arrebatadora de muitos dos livros que eu leio (Ruby, de Cinthia Bond, por exemplo, me pegou de jeito, e olha que ainda nem terminei), mas há qualidade na escrita que não te faz parar de ler por umas trinta ou quarenta páginas. Ainda assim, a história, a meu ver, não é a mais fantástica de todas e a personagem principal, se não merece julgamento, nem de longe pode ser considerada uma representante das mulheres negras brasileiras ou das muitas mulheres de Uidá que aportaram no Brasil na época da escravização. 

Digo isso porque Kehinde não me fez apaixonar por ela. Admiro sua força e coragem, óbvio, ao mesmo tempo que poderia questionar suas escolhas e caminhos. Se não o faço, é porque acho que personagens, assim como pessoas, precisam ser o que elas são. O que me incomoda é ouvir as pessoas dizerem que esse livro me representa ou poderia ser visto como O livro sobre a nossa história. Não concordo com isso. 

Eu poderia escrever muitas das passagens que me fizeram perguntar "mas porque é que as pessoas colocam esse livro nesse lugar?", mas não farei isso (porque são muitas). Escolherei aqui apenas uma das coisas que incomodou-me deveras e que não entendo apenas como uma escolha da personagem, mas algo que diz respeito a uma escolha política. Porque é que Kehinde, quando volta à Uidá, chama a população que lá vive de selvagem? Porque é que ela mesma se deixa chamar sinhá? Porque que é que ela volta e comercializa armas, as armas que fazem as guerras que fazem escravizados/as e diz que a escravização "não é problema dela" e "aconteceria de qualquer jeito". Não precisaria ser assim, e é aqui que para mim entram as escolhas de quem escreve. 

"Isso tudo aconteceu", algumas pessoas dizem. Está bem, mas se "isso tudo aconteceu" é o motivo para achar que essa história vale a pena ser contada como está sendo, eu deveria achar que muitos são os livros da minha vida. Nunca foi porque alguém conta uma coisa que dizem que aconteceu que um livro vira O livro. É como conta, como escolhe, como imagina, como sonha... são essas coisas que faz a gente amar um livro. Não é porque aconteceu, mas como ela conta o que dizem que aconteceu que faz a gente brilhar o olho. Ou não.

A história deste romance não precisava ser baseada apenas naquilo que disseram sobre nós, mas também naquilo que podemos dizer sobre a gente. Se há algum livro de história do Brasil que informa que "documentos mostram assim que, africanas retornadas à África preferiam ser consideradas brasileiras e chamavam seus conterrâneos de selvagens", eu poderia usar a força que há nas palavras e reescrever a história; numa aula com professor Wilson Mattos, ele me disse que podemos mudar o passado, numa alusão à ideia de que podemos olhar para aquilo que nos contaram a partir de outras lentes e enxergar novas coisas. Sankofa também é isso, em um sentido filosófico. Pareceu-me assim, ao final do livro que, nos momentos em que a literatura poderia ser usada para me salvar, ela desaparece por completo e é aí que, para mim, o livro perdeu todo o sabor. 

O nome do livro, fiquei pensando e pensando. Lá pela página 915, ela cita o motivo do nome, mas eu ainda acho que deveria estar na orelha, porque sem saber de nada, eu não sei se gosto do nome, um defeito de cor. Era defeito de cor ser negra no tempo que a história se passa, mas eu não gosto de me conectar com essa história a partir dessa lógica, uma lógica que não é a minha e foi a mim imposta, eu não gosto, sempre me incomodou esse nome. 

Eu recomendo que as pessoas leiam todos os livros que quiserem. Eu não acho que ele não deve ser lido, só não vejo beleza onde as pessoas veem e nem representatividade. 

terça-feira, agosto 11, 2020

Homens negros e a delicadeza.

Essa imagem eu fiz um print do filme O último homem negro de São Francisco e botei no meu desktop. Porque eu a acho tão linda. Tão linda.

Essa semana, ele falou comigo novamente. Liguei, ele me atendeu. Conversamos por 1h37. E eu sei que eu o amei, mesmo que eu minta para todo mundo. As coisas que ele me diz não são novidade, mas ainda assim, doem. Dói saber que alguém parece que não consegue, que sofre por não conseguir, não sei se sabe o que é o amor. 
Não sei.

Todos os homens negros do mundo devem aprender que amor vale a muito a pena. Sem medo.

Escrevendo uma nova vida.



 


 

sexta-feira, agosto 07, 2020

Do nada.

 você é um evento, com luzes fortes e um palco enorme

De repente uma pessoa entra na sua vida, do nada, do nada, e te diz coisas assim.

Como é que a vida pode? Ela sempre pode. Ela não te diz nada, ela só vem e acontece. A vida não segue regra nenhuma, nem uma. A vida chove e faz sol ao mesmo tempo, ela venta e seca em dois tempos, ela não está nem aí para você.

Ela vai viver, mesmo que você não queira.

Acho que só acredito no amor e na vida. 

Vida, vem que eu tou facinho pra você. 

quinta-feira, agosto 06, 2020

A vida secreta dos bebês.


Anna Cunha.


Como as coisas pegam a gente. 

Há uns anos atrás, vi essa caderneta numa livraria grande do centro de São Paulo. Fiquei um tempo olhando para ela, emocionada. Não tinha dinheiro para levá-la para casa e, por isso, antes de ir embora, voltei à livraria para olhá-la mais uma vez. 

Aquele pezinho ali, contra o mar, contra o mundo. Ou pelo mar, pelo mundo? Não sei direito, só sei que a imagem me acompanhou por um tempo. Hoje, mexendo em livros alheios, encontro no meio deles uma caderneta que me lembrou a mesma emoção. Olhei o nome da artista e encontrei courage, dear heart, no site de Anna Cunha. A artista que esquentou meu coração, ontem e hoje.

Como é bom sentir.

Momentum.


quarta-feira, agosto 05, 2020

Água.

Tenho dias em que desejo suspender a vida, os móveis, e deixar a água passar por debaixo e lavar tudo, levar tudo. 

Ela me leva e leva tudo que encontra. Não, há coisa que ela deixa no mesmo lugar, mas não do mesmo jeito.

O que seria da água se não fosse a vida em suspenso? 

O apostador.


terça-feira, agosto 04, 2020

segunda-feira, agosto 03, 2020

domingo, agosto 02, 2020

Como aprender.

Quando me dizem coisas sobre mim que eu de saída não acredito, eu presto atenção para aprender mais sobre mim. Ouço com atenção, mesmo que não pareça para quem diz, e depois eu penso e penso sobre tudo aquilo que ouvi. 
Dentro de mim eu fico ruminando todas as palavras que me disseram para saber quem eu sou ou pareço ser, para os outros e para mim. Vez por outra, eu desconfio que do que falam de mim tem coisas que são das outras pessoas, derramadas, transbordando para mim. Assim. 

Eu tenho a grama verde para deitar e o céu para olhar. Nada fica para sempre, não.

The Hard Way.


sábado, agosto 01, 2020

Ninguém vira adulto de verdade, Sarah Andersen.



Não sei se acredito nisso, mas tá bem.

Kindred: Laços de Sangue, Octavia Butler.



Terminei o livro sem saber se gostei ou não. Não sei direito. Gosto da ideia, mas não gosto da história. Gosto de cenas e eventos, mas não gosto da história. Mas leria outros dela, para me certificar que não gosto da história. 

Sei que as relações interraciais não começaram agora e tem essa coisa na escravização. Sei disso, só não é meu interesse agora ler sobre isso (muito embora eu esteja lendo também Um defeito de cor e seja quase apenas sobre isso). Eu gosto e não gosto, talvez eu fique esperando que me surpreendam, mas o que vejo é um pouco do mesmo.

Afrofuturismo me anima e inquieta, mas acho que não assim. Não quero saber que voltei no tempo para que não morra um homem branco, que estuprou a minha bisavó. Algumas pessoas podem dizer "ah, mas é mais do que isso", "ah, mais isso aconteceu na sua família" e tudo bem, eu aceito. Só que eu quero ler por agora coisas que me ponham dentro da cena ou que me façam viajar, re-imaginar coisas ou me deslocar completamente. Esse não foi o livro que fez nenhuma dessas duas coisas.

Mas assim, máximo respeito por dona Octavia, que afirma ter escrito sobre poder porque ela era isso que lhe faltava. E disse também que todas as lutas são sobre poder. Máximo respeito. Depois dessas duas frases, ela pode escrever o que ela quiser. 

Ou nem escrever mais, sei lá. 

Passar bem.