Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, dezembro 27, 2018

Eu não pareço com você.

me ensina a descolonizar o corpo?

vem comigo, meu bem. isso você só aprende respirando junto, bem perto

terça-feira, dezembro 25, 2018



eu não quero ser salva, eu quero ser feliz

25 de dezembro.

Há um ano atrás, conheci um moço que me fez apaixonada. Eu suspirei por ele meses seguidos e resolvi pôr um fim nisso porque a gente não se entendia direito. Até hoje, eu sinto que não é que ele não gostasse de mim, a gente só tinha entendimentos diferentes sobre o que a gente queria e como a gente queria, por isso achei melhor pôr um freio em tudo. 

Mentira. Eu pus um freio porque senti uma paixão louca e não sabia o que fazer direito com isso, porque eu não entendia o que ele sentia. Também tinha coisas que eu não gostava e não sabia lidar, como o machismo de todo dia com alguém com quem você não sabe até onde pode ir. Aí parei.

Parei também pelo orgulho de não saber lidar com alguém que, apesar do carinho que aparecia em vários momentos, não parecia estar apaixonado por mim na intensidade que eu estava. Não estava ou não demonstrava, vai saber. Ele também não parecia receber a minha paixão como eu gostaria que ele recebesse. Então foi orgulho, mau jeito, foi sensação estranha de não ter controle do que eu tinha ali. 

Mas hoje, um ano depois, quando ele me liga, eu tenho consciência disso tudo que eu senti e passei. Meu corpo responde com batimentos que se apressam e gargalhadas que querem esconder a falta das palavras, mas ainda assim eu digo. Digo a ele que ele é especial e que fui apaixonada, que queria estar no coração dele. Ele diz que eu estou, eu não acredito (não acredito porque não estou do jeito que eu quero estar, eu não quero pouco, sempre quero tudo). Eu digo que ele é arisco, ele diz que não. Ele diz 

vamos nos ver

eu digo 

calma senão volta tudo

ele também ri.

Eu não ligo para ele, tento nem falar com ele, mas eu penso nele quando estou sozinha, sim. Penso, penso, lembro, sinto. Escrevo e ele sempre me responde, nem sempre com o carinho que eu quero, mas responde. Eu sou uma marrenta de marca maior porque sempre tive homens por mim suspirando, ele me desafia com o querer dele que não é como eu quero que seja, ele me irrita mas eu faço as pazes com ele porque ele me ensina que não pode ser como eu quero e pode ser bom, como é difícil quando a gente gosta de controlar tudo, como é gostoso (e irritante) essa sensação de perder o chão, de não ter certeza se ele gosta ou não de mim como eu acho que tem de gostar, que loucura.

migh, eu tou aqui te ligando hoje, você sabe muito bem, eu não ligo pra ninguém

Eu sei que sim, eu sei que é, ele me ligava quando saíamos a contragosto, eu desinstalava whattsapp só pra ele me ligar, ele me pedia com jeitinho
instala migh, por favor, é melhor pra gente

mas eu não queria, eu saía na pirraça só pra ver se ele ia me ligar, eu sou assim. Ficávamos horas e horas mas eu queria mais, como eu sou assim, gente, eu apaixonada não dou pra o que presta.

Que coisa mais doida que é o sentimento. É tão bom sentir, eu nem sei direito o que é, mas gosto tanto dele como antes todas as vezes que a gente se fala. Eu gosto de tê-lo aqui, um ano depois, tanta coisa aconteceu, paixão, tesão, zanga e sorrisos, mas ele é para mim algo que ninguém mais é, uma coisa que eu não sei direito o que é, mas é. Isso torna ele único e especial, assim como alguns outros na minha vida. Só ele me toca assim, desconcertadamente, diferente de todas as pessoas e necessário. 

É pra isso que a gente vive mesmo. Pra sentir tantas coisas diferentes por tantas gentes. 

Incorrigível, mas comportada.

Escrevi

me liga

E ele me ligou, tinha de ser rápido, não tinha muito tempo. Eu disse que queria falar ao vivo, que tinha de ser pessoalmente, mas eu também queria dizer naquela hora, então eu não sabia o que fazer, se dizia ou esperava, mas ia levar tempo, então eu disse.

todas as vezes em que te vi, todas as vezes, eu pensei em fazer amor contigo

Tchau, tchau. Desligou. Fiquei ali, de pé, telefone entre as mãos e o peito, olhos fechados, sorrindo. Porque eu disse isso? Porque eu quis. Porque me excita a presença dele quando o vejo, em qualquer momento ou lugar. Não precisa de clima, é só olhar e eu penso coisas. 

Fiquei pensando que não deveria ter feito isso. Pra que, pra que. Pra nada, só para perturbar a mente do moço, pra perturbar a minha também. Ah, por mim. Tem uma coisa, sabe? Eu fui tomar banho e enquanto a água caía sobre meu corpo quente de praia e piscina eu descobri o quanto tem de prazer nisso de me sentir errada em coisas miúdas, isso me lembra da minha humanidade que às vezes querem perdida, errar, achar que errei, sentir vergonha, assumir o erro, me divertir um pouco com uma safadezinha besta, daquelas que não tiram pedaço e fazem a vida mais gostosa, mais quente. 

Todo mundo precisa disso. De entender que erros nos constituem e as vontades de fazê-lo precisam às vezes serem alimentadas. Porque não? Eu não sei o tamanho do seu erro, qual convenção você precisa desafiar. Eu estou conhecendo as minhas e brinco com elas também, sem me sentir a pior pessoa do mundo, me divertindo em me descobrir. Eu tou chamando aqui de erro aquilo que me dizem erro, quando quebramos uma convenção social estabelecida, como paquerar o namorado da amiga ou dizer à mãe coisas que dizem que elas não precisam ouvir. Erro? Não sei. 

O que é erro para mim, alguém pode ler e se perguntar. Erro é quando você não consegue conviver com as pessoas ao seu redor. Ainda assim, às vezes é necessário gritar e fazer coisas impensáveis porque somos carne e desejo. O que se faz com isso, com o erro, é o que justamente eu estou tentando pensar aqui. Posso me flagelar, acordar com a tal ressaca moral ou posso fazer uma celebração do quanto esse meu erro me conecta com partes de mim - "boas", "ruins", vai saber -, com eus que são meus e que também precisam ser conhecidos, aprendidos, experimentados, para descartados ou vivenciados. 

Vai ver essa conversa toda aqui foi um erro também. Paulinho da Viola disse que eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim. 

sexta-feira, dezembro 21, 2018

quinta-feira, dezembro 20, 2018

Dirty things.

Quanto de desejo pode caber numa ligação de telefone?
Eu não sei. A gente esteve ali por quase meia hora e eu falando coisas que chamam de sujas ao telefone, coisas que envolviam calcinhas e sex shop (eu e minha mania de manter distância, às vezes isso funciona, às vezes não... a gente sempre tenta...), mas foi quando ele disse, depois de um silêncio que dizia que ele ia dizer algo sexy, que

sua boca é muito bonita

... que meu peito arfou lentamente, no compasso de uma nuca quente, foi quando eu não sorri. E desejei.

Boa noite, tchau, sem beijo.

Carolina, de Sirlene Barbosa e João Pinheiro.


[resenha a fazer]


quarta-feira, dezembro 19, 2018

Marshall: Igualdade e justiça.


Quantas línguas você fala?


Quando você tem uma professora de inglês que também quer descolonizar a sua mente. 
Só amor. 

terça-feira, dezembro 18, 2018

Aprendiz.

Eu adoro começar coisas que eu não sei nada. Foi assim quando aprendi a nadar. Ficava atenta, ainda que preguiçosa, a tudo que meu professor me dizia. Ele foi meu professor de natação por oito anos e eu sinto muitas saudades dele, que sempre me tratava, todos os dias, como se fosse a primeira vez. 

Aprendi a nadar, mas parei com as aulas. Gosto mais da hidroginástica por causa do grupo divertido de senhoras e senhores que fazem aula comigo. Eu danço, canto, dou risada, me alegro. Não é a toa que marquei um xis na caixa "fazer amigos/as" na pergunta que faziam sobre qual era o motivo de fazer esporte no formulário da academia.

Disse que começaria ano passado, mas finalmente comecei o longo caminho até a carteira de habilitação. Minhas amigas mais próximas dizem que eu vou amar aprender a dirigir e nada mais vai me segurar (tem como, mais que agora?). Então vou lá, pelo desafio de aprender coisas que eu não sei, para poder passar pelo frio na barriga da avaliação, sentar em carteiras, ouvir instruções, paquerar os moços nas carteiras, fazer piadinhas infames (eu as continuo fazendo como professora), toda essa coisa que envolve aprender coisas novas.

Imagino rotas novas, tenho já medos de coisas que nem sei o que vou sentir, penso, sinto, imagino, invento, mas continuo. Adoro as etapas, cada dia uma, cada mês uma coisa nova, eu quero. Como alguém pode parar de fazer isso?

No questionário de hoje eu precisei encher três linhas de planos para o futuro. Esqueci tanta coisa e ainda coloquei reticência... esqueci que ainda quero tentar ter um cachorro, aprender a fazer doces e coxinha, a andar de balão, a voltar a fazer yoga, a conhecer uma pessoa centenária, a aprender palavras novas, a me apaixonar de novo, a viajar atrás de alguém por quem vou me apaixonar, a ouvir novas músicas... 

segunda-feira, dezembro 17, 2018

quinta-feira, dezembro 13, 2018

segunda-feira, dezembro 10, 2018

Disque Quilombola.


Que belezura. Lágrimas nos olhos de amor.

domingo, dezembro 09, 2018

quinta-feira, dezembro 06, 2018

quarta-feira, dezembro 05, 2018

Vidas Ubuntu, Cristóvão Seneta.


Tenho saudades. 

Dourada preta.

Ali sentada numa mesa para o almoço, veio uma joaninha pousando no meu vestido. Um vestido de flores e bolinhas pretas, um vestido-joaninha? Teria ela olhado de longe e pensado que era um pouso-joaninha para asas cansadas de batejar por aí e ali? Não sei, mas ela veio. Ela, joaninha dourada com preto, solar, como me disseram solar naquele dia, um dos elogios mais lindos que eu posso ouvir na vida, um elogio que me faz escancarar a boca num sorriso-delícia, prazer ouvir "você é solar", coisa bonita assim no meio de um dia qualquer, lugar qualquer, mar qualquer. Só não a joaninha que não era qualquer.

Elas, bicho de sorte, eu mais sorte ainda por ver uma dourada ali, pousada no meu colo, no meu vestido. Devagarzinho foi caminhando, queriam foto, mas a foto mostraria mais que a joaninha, melhor não, porque sim, tinham outras coisas. Eu de cabeça baixa sem jeito de encarar um sorriso de frente que me mostravam, olhar no olho tem dessas, deixa escapar coisas que se pensam, eu nunca mais tinha passado por isso, que gostoso é ficar sem jeito, com palavras, sorrisos e joaninhas. 

A joaninha voou, voou, quando ele tocou nela ainda no meu vestido, pôs no dedo e disse algo que eu não lembro mais e nem mesmo na hora prestei atenção, o que eu ia inventar para dizer não com a boca, porque os olhos e os sinais, o corpo respirava outra resposta, isso não era segredo. Segredo era como eu ia dar um jeito nisso, isso eu não contava, eu não conto, só faço. 

Eu gosto do desejo, eu gosto da sensação de desejar, eu alimento, eu quero mais, eu tenho prazeres miúdos com a palavra que estimula, que acende, que anima, que bota o tesão na ordem do dia, eu gosto, eu brinco com fogo, eu quero. Eu vou até o limite e volto e adoro ser assim, das extremidades, cheia de arestas, eu não quero nem saber, o prazer está nesse descontrole, assim como estou escrevendo aqui sem olhar para trás, sem corrigir, sem revisar. Essa delícia que é quando não se sabe como vai ser, eu gosto. 

Eu não fujo, mas também não abro a guarda. Como se faz isso? Ainda não sei direito, mas depois do pouso da joaninha dourada e preta, descobri que estou no caminho certo. 


sábado, dezembro 01, 2018