Não consegui achar o trailer do filme... pena. Forte, mas necessário.
Você que me lê, me ajuda a nascer.
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quarta-feira, agosto 24, 2016
segunda-feira, agosto 22, 2016
Homens brancos.
(foto de Sasha Kargaltsev, Saiba mais aqui)
(esse é um texto que fala das coisas que eu penso, das coisas que eu sinto. Não tem a pretensão de universalizar nada, é só como eu consegui analisar o que sinto a partir das minhas relações com as pessoas)
Eu nunca vi muita televisão. Quando
eu era pequena, nem tinha uma em casa. Não sei se por isso, nunca gostei muito
de ver TV’, achava muito fora da minha realidade. Ainda hoje, o máximo que
consigo ficar ali, na frente da tela, é no máximo uns 30 minutos. Fui ao cinema
pela primeira vez com 18 anos e com o passar do tempo, meu olhar tem sido
orientado para buscar filmes que falem sobre coisas com as quais me relaciono. Procuro não ver mais esses filmes que não mostram realidades para
além de uma família branca, porque não, o mundo não é assim em nenhum lugar que
eu conheço e se é em algum lugar, eu não estou interessada em conhecer.
Digo isso pra explicar parte do
que sinto em relação aos homens brancos. Apesar do homem branco ser a norma –
aquele cara que todo mundo quer namorar – para mim ele não fazia parte do meu
sonho de príncipe encantado (eu me apaixonei por Michael Jackson em Bad quando
eu tinha 14 anos!), porque ele não existia nos lugares que eu circulei quando
era adolescente. Pode ser bem certo que ele não
quereria nada comigo se existisse e me conhecesse, mas eu não estive tão perto
deles para saber disso na adolescência e assim, como nem estavam
presentes, não fui rejeitada por eles e nem me senti mal por algo que eu nem soube que poderia acontecer.
Fui rejeitada e amada por homens
negros. Lembro com carinho inclusive de um rapaz negro cor da noite – Rômulo –
por quem fui perdidamente apaixonada por anos e que quando declarei o meu amor,
me disse que nunca tinha percebido (depois de conversar com uma amiga, lembrei que tive uma paixãozinha por meninos brancos com 13, 14 anos. Mas nota: eu os achava fofos e inofensivos, não homens. Pelo menos é assim que eu me lembro deles). Eu tinha 16 anos e ainda hoje lembro com
carinho de ter sido Rômulo o primeiro cara por quem me apaixonei. Era tudo gente preta,
até que me mudei de cidade com 23 anos e depois de um tempo tive mais contato com homens brancos. Descobri o
que pensavam de mim e como me hipersexualizavam. Aí entendi outras coisas, mas
eu já tinha passado da fase de me sentir feia ou inferior apenas porque um cara
branco não queria ficar comigo. Aí, eu já sabia como o racismo funcionava,
eu já refletia sobre isso. Não é que ele tinha parado de funcionar comigo, mas
eu já tinha mais de 25 anos e ele não me atingiu como atinge as meninas e
adolescentes negras, naquela fase em que a gente só precisa se apaixonar e
quebrar a cara por mil coisas, menos por causa de coisas como racismo e
questões de classe.
Aí comecei a pensar sobre isso e
descobri coisas. Que eu me lembre, assim, de cara, todos os homens brancos que
eu conheci na minha vida – TODOS – tinham uma situação social econômica melhor
que a minha e que a de meus amigos e namorados negros. Assim, estes meninos (eu
não consegui escrever homem aqui, deixei como veio) sempre tiveram um melhor
suporte das famílias para se tornarem quem são. Suporte financeiro, mas também
mais carinho e uma base emocional mais sólida, com mães declarando amor e a
necessidade de tê-los perto, o que mudava substancialmente o modo como eles se
colocavam nas relações comigo.
Me vi pensando nisso agora porque antes de me relacionar com
um homem branco – eu tive um namorado branco apenas – e conhecer alguns outros,
eles não eram referência para mim. Durante toda a minha vida, foram os homens
negros que constituíram a imagem de homem que eu tenho na minha cabeça. Os
homens negros eram os piores e os melhores, não havia comparação com outro
grupo racial. Isso tudo eu tou sabendo agora, depois de muito tempo vivendo
sobre a terra e percebendo que todas as minhas referências mais próximas foram
sempre de pessoas negras. Assim, esperava que o homem branco que eu conheci
melhor fosse HOMEM como eu achava que um HOMEM TEM DE SER. E aí me peguei
perguntando, será que eu não estava sendo sexista ao dizer que eu esperava UM jeito de ser HOMEM? Me perguntei e descobri uma resposta.
Basicamente, assim como eu penso
de mulheres, para mim os homens são HOMENS QUANDO SÃO pessoas que tomam as rédeas de sua própria vida. Isso
pode acontecer de várias maneiras, não há um só jeito de ser HOMEM e não
precisa usar azul, arrotar na mesa ou falar palavrão. Pode usar echarpe e
brinco nas orelhas, pode usar rosa e chorar. Mas para ser homem, assim como
para ser mulher, eu sinto que é preciso enfrentar a vida (inclusive, conheço
HOMENS NEGROS GAYS e digo que não conheço HOMENS BRANCOS).
Passei a ver homens brancos como
não-homens porque todos que conheci pareciam não ter crescido, não por nenhum
outro estereótipo como serem mais delicados ou coisa do tipo. Não consigo
desejar esses rapazes porque gosto de gente que eu posso admirar, e não admiro
gente sem coragem de enfrentar as coisas, homem ou mulher (prova disse que minha paixão atual é Claressa
Shields. Meu desejo por ela não é sexual, mas um desejo que
envolve força, energia, tesão de viver). Descobri assim que homem branco,
diferente do que muita gente diz por aí, não me atrai. Quando isso acontece, é
porque ele tem características que admiro, como coragem pra enfrentar a vida, o
que pra mim, é coisa de homem preto que, querendo ou não, foi jogado nesse
mundão aí sem nenhum manual de sobrevivência. Curiosamente, quando presto
atenção em homens brancos, é quando eles tem características de HOMEM que, para
mim, são os negros (percebo também que quando dou trela para um deles, tem a ver com a relação de poder que se estabelece ao estar sendo cortejada por um deles e, mesmo que isso não envolva desejo sexual, é excitante). Tudo isso demonstra como raça importa.
Num primeiro momento, entendi que essas qualidades poderiam fazer os
homens brancos mais “sensíveis”. Mas não era bem sensibilidade o que eles
possuíam. Eles não aguentavam certas coisas, certos perrengues, porque aqueles
que eu conheci nunca tiveram de passar por eles, tinham um suporte que de certa
forma não os ajudavam a descobrir quem eram e a prosseguir nessa longa estrada
de aprender mais sobre eles mesmos e se verem em situações de adversidade – que
nem precisa ser não ter grana ou não ter amor, mas pode ser sei lá, algo como
enfrentar a morte de um ente querido ou ter coragem para ir naquela entrevista
chata de emprego.
A falsa impressão de possuírem mais sensibilidade inicialmente me conectou a eles, porque imaginei que ser mais sensível conteria uma
centelha de reflexão sobre a condição da mulher e em especial da mulher negra,
algo que alguns homens negros não possuíam – pelo machismo, sexismo e racismo
que infelizmente nos consome. Eles não precisavam ser machões, poderiam chorar
e continuar sendo homens sem serem questionados como os homens negros, eu achei
que esse privilégio de ser homem branco poderia nos fazer encontrar, no meio do caminho havia sensibilidade e acolhimento, havia acolhimento e sensibilidade no meio do caminho.
Ledo engano. Porque isso que
chamei de sensibilidade não é bem sensibilidade... É alguma coisa que tem a ver
com o fato de não terem necessitado crescer e enfrentar a vida, por terem o
suporte da mamãe e da família, às vezes. Continuam adolescentes, presos à barra
da saia da mamãe (para os homens brancos que não tiveram nada disso, não posso
opinar. Como eu disse, estou falando dos que eu conheci. Não havia nenhum entre
eles que tinha sido, por exemplo, uma criança indesejada. Mesmo que isso tudo possa ser
contestado, o que eu estou querendo dizer aqui é que, para mim, homens brancos
que fugiram a esse modelo não estavam
agindo como homens brancos e é aqui que reside a diferença de análise).
Claro que meus modos de ver
homens e mulheres tem sexismo e machismo no meio, não duvido. Mas existe algo
nisso tudo que escapa às definições que temos sobre o que é ser homem e o que é
ser mulher: estou dizendo que, para mim, nas minhas relações interpessoais, ser HOMEM não é ser homem branco (e isso muda tudo, altera o que dizem por aí. Mas eu sei que tem mais gente que sente coisas parecidas com as minhas). Não tenho dúvidas que o sujeito universal
seja o homem branco, mas é certo que eu consegui dissolver em parte sua presença na minha vida
cotidiana. Ao tornar o homem negro HOMEM, eu também não resolvi nada, apenas
sinto que consegui, 35 anos depois da minha existência, promover uma rotação de
perspectiva emocional.
Acho que isso só foi possível porque vivi
muito tempo entre as pessoas que pareciam comigo, sem buscar referências em coisas fora do meu contexto. Eu conheço homens negros que admiro e uns que não,
mas a verdade é que essa visão me faz humanizá-los, vê-los como pessoas, não esperar
deles apenas violência ou sacanagens. São pessoas, com os erros e acertos de ser. Quando
gosto ou desgosto, não é em relação ao que eles poderiam ser se fossem brancos,
mas o que poderiam ser se pudessem ser visto como pessoas (e é lógico que eu
sei que a branquitude é um dos lugares em que se pode acessar a humanidade em
nossa sociedade racista, só estou dizendo que acho que pouco a pouco, eu
consegui ver os homens negros também como um ponto de conexão). Acho que é por
isso também que ainda acredito no amor (e estou completamente apaixonada por um
deles agora mesmo).
(com isso tudo, quero dizer que
entendo que a luta feminista negra só será possível de ser feita junto com os
homens negros, acreditando que eles, assim como nós, precisam ser amados).
domingo, agosto 21, 2016
Science launches the 2016 ‘Dance Your Ph.D.’ contest
Jun. 2, 2016 , 8:30 AM
Calling all scientists! We want to know what your Ph.D. research was about. Or, if you're a current Ph.D. student, what are you working on now? But forget the PowerPoint slideshow. We don't even want to hear you talk. We want to see you dance.
The ninth annual Science/AAAS Dance Your Ph.D. contest is open! Got a free weekend this summer? Get together with your friends and labmates and make a dance video. It can be any style, from ballet and breakdancing to your own highly abstract interpretive dance. The final product should be not only fun to watch but helpful for others to gain an understanding of your scientific research. If you can pull that off, you can win a portion of the $2500 cash prize.
The deadline for submissions is 30 September. To enter the contest, and to see examples of past winners for inspiration, visit the contest homepage.
Good luck, scientists. Get your #DanceYourPhD on!
Mais aqui.
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