Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, junho 20, 2008


criança criança em qualquer canto
Ciudad del Este, rodoviária.
Vez por outra lembro do que me disse um amigo a quem chamo carinhosamente de Professor. Chovia muito depois de um dia cansativo, e eu reclamava caramba, quero ir pra casa E ele, com toda a paciência do mundo, me disse eu não tenho pressa, já tou em casa E fez um círculo, ele tava dizendo que a casa dele era bem ali, o mundo todo. Fiquei sem graça. Fiquei mais calma. E agora, quando tenho tempo, e normalmente eu sempre tenho uns retalhos de tempo, eu ando mais devagar. As pessoas quando passam apressadas, me perguntam tá cansada? Eu respondo não, tou andando devagar mesmo Elas continuam, sem entender nada. Acabei descobrindo que a gente está sempre correndo, mesmo que não tenha nada pra fazer. Pela força do hábito? Ou pela desforça da mudança? Se eu vou chegar em casa, preparar um lanche, ver um filme, que me custa andar mais devagar e reparar que a rua onde eu moro mudaram as placas? Não me custa nada papear mais um pouco com aquele moço dali do semáforo, vai ser bom pra mim, vai ser bom pro mundo, minha casa. ______________________________________________________________________ Tem coisa que eu quero escrever, mas esqueço. Isso acontece com você? Estou aprendendo que aprendi tudo errado, então tenho muito chão pela frente. Quando vou estudar sobre sincretismo religioso, descubro que ele nunca existiu. É tudo intriga. Quando vou estudar sobre o candomblé, descubro que o candomblé nagô não é o único, e que a matriz bantu também traz coisas interessantes, como a questão da ancestralidade, inquice. Remédio pra ignorância é leitura, mizifi. Mas eu vou e volto. Li em algum lugar que esse troço de livro e leitura só não é coisa de inteligente. Coisa boa mesmo é produzir conhecimento. Mas isso a gente não aprende na escola, e é por isso que a gente gosta da rua, por que na rua você pode inventar e ser o que quiser, na escola tem trrrrim pra entrar e trrrim pra sair, eu fico pensando no quanto de mal eu faço às crianças, queria ficar ali só ouvindo elas todas, mas tenho que organizar as coisas, mediar as coisas, meudeusdocéu, eu com minhas adultices destruo partes de sonhos, metades de imaginações, cabo de vassoura que era cavalo e cabou, migh chegou, é hora de fazer pipi, tomar água, hora do parque, hora do lanche, hora de não ser mais feliz. Tento ao máximo não me intrometer na vida e no sonho deles e delas, mas eu sou a chata que estraga festas em reinados impensados, mando levanta menino e menina, vem limpar nariz, vem trocar fralda, vamos cantar música, dança assim, sorri agora, desce da mesa, ops, não era mesa, era navio, pum, cabou. Fico pensando nisso tudo e fico pensando como elas são legais de me deixarem ficar ali perto delas, todos os dias eu chego para organizar a vida delas (como se isso fosse boa coisa), e mesmo assim elas me abraçam e me beijam, me dizem, tá, a gente te perdoa, mas hoje eu posso subir na mesa só um pouquinho, elas pensam que eu vou deixar, mas eu não deixo de novo, eu sou má, mas elas sempre me perdoam. São crianças, enfim. E eu que roubo tanto delas, brilho, graça e vida, o que dou a elas? O que de mim elas podem levar pra casa? Faz algum tempo que minha rabugentice com gente adulta me faz adiar reuniões, detestar encontros de trabalho, fugir de compromissos com gente que quer ser grande a qualquer custo. Esse é um dos meus defeitos confessos. ____________________________________________________________________ Um cara aí, nem vou dar ibope, escreveu que a colonização ajudou a civilizar o Brasil, e eu penso, um cabra desse estudou com dinheiro meu, vai pra fora do Brasil e diz que representa o pensamento acadêmico nacional, blergh, que nojo. Sou rabugenta, não disse? Quer ver outro defeito? Ficar com a língua coçando pra dizer o que penso. Escrevi pra ele talvez isso seja estranho para você, mas de onde eu venho, pessoas gostam de pessoas e quando as pessoas são gostadas, a gente cuida delas. Não é que eu saia transando por aí com qualquer pessoa, ou falando de mim para todo mundo, então quando acontece, é sempre uma coisa especial, que ao meu ver tem que ser cultivada (não necessariamente a trepada tem que ser cultivada – aha, mundo vegetal, cultivo de trepadeiras – mas a coisa de ter encontrado alguém legal para conversar, sei lá, sair, fazer coisas interessantes, tomar porre, etc). É uma pena que você não seja livre. E não falo pelo seu casamento, não. Conheço gente casada há anos que são bem mais livres do que você. Digo, livre dentro, da cabeça, do coração, sabe? mas tá, pode ser uma grande bobagem, pode ser que tudo isso que você diz e que eu acho seja só uma desculpa sua para não aparecer mais (e eu queria dizer aqui que você não precisa se assustar comigo, não, não quero casar com você, nem vou aparecer na sua porta nua, essas maluquices engraçadas de mulher apaixonada), mas de qualquer modo, não deixa de ser uma pena. Se você não é livre, é uma pena. E se você precisou fazer tipo pra conseguir transar comigo, é uma pena também. não se importe com o que eu estou escrevendo. É que quando eu quero falar, eu falo mesmo, não mando recado. Sei que não estou certa sempre. Mas não deixo de falar por que senão fico agoniada (quero ter o direito de dizer meus erros todos em voz alta, já disse Max de Castro), fico mal, pensandopensandopensando ufa, ufa. Pra acabar com os pensamentos, eu falo pra pessoa o que eu penso, só por que eu acho que ela tem o direito de saber o que acho dela, só isso. E por favor, não me ache atrevida! Esse costume de ser direta, mandar na lata o que sinto e acho ainda vai me causar problemas... mas não tem preço dizer o que pensa, né? também não pense que quero te ver de novo e só por isso escrevi. Eu seria bem clara e diria “quero te ver”, como fiz das outras vezes. Esse e-mail é só o que tem nele, só isso, nada mais, nada antes, nada depois. Ele existe pelo simples fato de que eu não consigo me acostumar com algumas coisas, não consigo me contentar com pouco na vida. sabe, às vezes penso também que você deve me achar uma moça muito legal e que não merece um cara tão enrolado e confuso como você do lado. Não deixa de ser uma outra boa desculpa! Eheheheheeheheh... não se chateie comigo. ___________________________________________________________________ 20.06.2008 Gabriel Joaquim dos Santos, filho de ex-escravizado com mãe nativa, no filme O Fio da Memória, Eduardo Coutinho, diz Pensa que sou eu quem faço essas coisas? É tudo espiritual. Eu mesmo faço, eu mesmo me admiro. Erci da Cruz de Souza, mulher do neto de João da Cruz de Souza, fundador do simbolismo brasileiro, mesmo filme, Meu pai era um negro bacana. Minha mãe era negra. Não tinha nada de mistura, não. E meus avós eram escravos. O filme tem lá seus problemas de interpretação, feito em 1988, mas mesmo assim, assista, chore, tenha orgulho de ser negra.

quarta-feira, junho 18, 2008

De verdade.

Escritoras.

Escritoras. Ladras de palavras alheias. Guarde bem as suas quando eu estiver passando. Como quem não quer nada, vou roubá-las todas e usar como e quando quiser, meu bel prazer. Muito cuidado comigo. Olhos atentos e abertos. Ouvidos prontos e presentes.
Oxi, tou feliz por demais da conta. Cabeça de escritora é coisa doida. Tu passa pelas coisas e já fica pensando como tu vai escrever, mas eu tento respirar fundo e não me desesperar, pra viver tudo e ao máximo, senão as coisas embotam, é como viajar e ficar tirando foto, ver as pessoas e a cidade pela tela da máquina, eu acho isso tudo um saco, como diria o Raul. O Seixas. Quando o Seu Flô falava, eu já ficava imaginando como ia escrever. Tentava me concentrar na história dele, mas a palavra vinha por detrás da orelha e me sussurrava, escreve, escreve, a palavra me persegue. Não consegui escrever tão bem, escrevinhei rápido, meio do expediente. O riso de Seu Flô me pegava, me fazia voltar pr'aquele mundo chuvoso de domingo na zona sul do Grajaú.

terça-feira, junho 17, 2008

Seu Florêncio e Dona Teté.

Em casa, domingo chuvoso, sem muito dinheiro? Tome uma lotação, vá em direto na casa de Seu Florêncio e Dona Teté, zona sul de SP. Os dois baianos. Conto pro Seu Flô que tá passando no cinema documentário sobre a construção de Brasília pelos nordestinos, final da década de 50. Ele me diz, como quem não diz nada Eu tive lá também E desfia o rosário de histórias. Vai contando de onde veio, para onde foi, o que fez, o que não fez. Mas só tem graça de ouvir com Dona Teté do lado, que vai contando o não-dito pelo Seu Flô. Quando lhe pergunto, por exemplo, por que é que veio pra São Paulo, se a vida tava tão boa e quietinha lá pros lados do interior da Bahia. Foi mulher, esse danado não ficava quieto, bolinando mulher dos outros Ele faz cara feia, e me pergunta se eu quero saber a história por ele ou por ela. Olha o relógio, me diz que tem que ir pra igreja. Me diz também que quietou, agora tá com 72 anos, e é crente. Mas que como é que vai dizer não pra mulher bonita, me olha com uns olhinhos miúdos e me pergunta, sem maldade Eu tenho culpa, menina? Deixo Dona Teté falar. Ela também tem as suas histórias, que por vezes encontra com as dele, outras é história de mulher só, na lida. Digo pro Seu Flô que vou comprar uma câmera pra vir filmar tudo isso que ele me conta, ele me diz, mas pra quê, e depois emenda, se vier, venha cedo, por que um dia só não dá conta. É um moço esnobe, no fim das contas. Quando tu pensa que acabou, vem arrastando as chinelas lá da casinha de trás vó Toninha, mãe de criação de Dona Teté. 89 anos, quer falar também. Entre uma história e outra, sua neta pede conta a história da sua bisavó, índia caçada pelo bisa. Como era mesmo o nome dela? Vó Toninha olha pro lado, faz cara de surpresa e emenda mas quá, menina... deixa eu ver... vou consultar o registro... isso é lá pergunta que se faça, menina? Vou lá saber o nome da minha bisavó? Conversa vai, milhões de histórias vêm, Seu Florêncio já todo enbonitado pra ir pra igreja, são seis e meia da tarde. As duas moças falando, vó Toninha me contando um dia meu marido veio querendo me enganar, me deu uma carne preu comer e dizia por que dizia que era carne de sucuri e de que era, vó? era carne de jibóia, minha filha oxente, vó, e como você sabe? Vó Toninha me olha com a cara de pena, me sinto besta, olho bem pra cara dela e sei agora qual é a cara da sabedoria minha filha, uma é de água, outra vive na terra, assunte Vai ficando tarde, vai ficando mais frio, e eu não quero ir embora, aquelas histórias têm o cheiro, o gosto e a quentura de saudade e de família, ficar ali e comer biscoitinho feito ali mesmo, tudo ali, ali. Acaba não, mundão.

domingo, junho 15, 2008

Leia.

Escrever é um número De picadeiro de circo pobre: Dedos rápidos, coelho na cartola, Pombo no lenço ou no bolso. Jeito estranho esse de guardar, Mostrando diante de toda a platéia O que se pretende esconder. Há caixas serradas E cofres Que se abrem Sem segredos Mas há mágicas que se revelam Só mesmo quando se desmancha o truque. Correntes, ovos, casulos, corações Só têm graça quando arrebentados, Partdos, desfeitos ou pisados. thompson loiola. Quem é? Não sei. E o que importa? Ele me deu um postal com palavas escritas, palavras que juntas formam frases, sentidos todos aí. Onde ele está? Não sei, mas você também pode cruzar com ele, basta uma palavra e ele te diz oi. E te dá um postal. E some.

sexta-feira, junho 13, 2008

Idosas.

Fazendo hidroginástica, onde a moça mais novinha tem 65 anos e muita vida pela frente. O marido morreu e ela me disse, foi ali que começou a viver. Não recomenda casamento, mas sabe que quem nunca viu quer ver e me deixa quieta. Conversa comigo e me pega pelo braço, eu quero é mais ficar ali, naquele braço, no abraço dela, senhora de idade que sorri comigo e parece criança, crianças que somos perto da grandeza toda da vida. Foi aí que eu não entendi quando uma colega de trabalho me disse que trocou a hidroginástica pela academia por que só tinha velho, velha. Não entendi nada. Mas acaso não seria esse o motivo de estar ali? Talvez eu nunca vá entender mesmo nada da vida. Escrevi uma carta pra mainha, chorei quando li. Queria dizer em voz alta, digo aqui: Você foi a pessoa que me deu asas pra voar, e que mãe que você conhece faz isso? Normalmente as mães ficam a vida inteira querendo pôr a filha pra dentro da barriga de novo, e você, contra tudo e todos, me ensinou como ir sozinha. E você fez isso tão bem, que mesmo aqui de longe, posso sentir sua presença, e seguir com carinho tudo aquilo que tu me ensinou, por que é bom, por que vale a pena; me faz feliz saber que não preciso que você esteja 24 horas do meu lado para que eu seja uma boa pessoa. Se isso não é amor, nada mais é. É normal se sentir insegura, por que o mundo todo te diz que isso não é certo, mas você, subversivamente, me amou e me ama com liberdade (amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade). E eu? Eu te amo pra toda eternidade. _______________________________________________________________________ Ontem, meu aluno fessora, hoje num é o teu dia, né? Eu porque, porque o Curíntia perdeu ontem? Ele não, é dia dos namorados, e tu num tem... ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Para você, o que é inveja? Uma cena, uma palavra, uma coisa. O que é? Vou tentar pensar e responder.

quarta-feira, junho 11, 2008

Da série bebedeira e me esquece.

Começa assim...

Vem cá.
Desliga isso.


Só de onda.
Rindo.
Não, não.

terça-feira, junho 10, 2008

Beija eu.



Lição número um do curso "Beijando telas de computadores":
1. Olhe fixamente para essa tela.
Séquisi.

Um recadito: eu não me acho, eu SOU.

segunda-feira, junho 09, 2008

Elisa, Lucinda.

Elisa, luz que incinde sobre nossas cabeças e que faz todas as coisas da vida ganharem mais importância. Elisa, Luz-cinda sobre nós e nos faça mais feliz, mais amantes, despudoradas. Ainda bem que ela existe. E persiste. Da chegada do amor Sempre quis um amor que falasse que soubesse o que sentisse. Sempre quis uma amor que elaborasse Que quando dormisse ressonasse confiança no sopro do sono e trouxesse beijo no clarão da amanhecice. Sempre quis um amor que coubesse no que me disse. Sempre quis uma meninice entre menino e senhor uma cachorrice onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho quanto a sabedoria do sabedor. Sempre quis um amor cujo BOM DIA! morasse na eternidade de encadear os tempos: passado presente futuro coisa da mesma embocadura sabor da mesma golada. Sempre quis um amor de goleadas cuja rede complexa do pano de fundo dos seres não assustasse. Sempre quis um amor que não se incomodasse quando a poesia da cama me levasse. Sempre quis uma amor que não se chateasse diante das diferenças. Agora, diante da encomenda metade de mim rasga afoita o embrulho e a outra metade é o futuro de saber o segredo que enrola o laço, é observar o desenho do invólucro e compará-lo com a calma da alma o seu conteúdo. Contudo sempre quis um amor que me coubesse futuro e me alternasse em menina e adulto que ora eu fosse o fácil, o sério e ora um doce mistério que ora eu fosse medo-asneira e ora eu fosse brincadeira ultra-sonografia do furor, sempre quis um amor que sem tensa-corrida-de ocorresse. Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço sem medo da inspiração por ele acabar. Sempre quis um amor de abafar, (não o caso) mas cuja demora de ocaso estivesse imensamente nas nossas mãos. Sem senãos. Sempre quis um amor com definição de quero sem o lero-lero da falsa sedução. Eu sempre disse não à constituição dos séculos que diz que o "garantido" amor é a sua negação. Sempre quis um amor que gozasse e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse. Sempre quis um amor que vivesse a felicidade sem reclamar dela ou disso. Sempre quis um amor não omisso e que suas estórias me contasse. Ah, eu sempre quis uma amor que amasse. Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999, Tem mais em http://www.secrel.com.br/jpoesia/elisalucinda.html Mas me diz... tu também ia ficar besta se o porteiro do teatro te confundisse com a Elisa Lucinda. Tsc, tsc. Chato ser gostosa (e confundida com a Elisa).

sexta-feira, junho 06, 2008

No tempo em que eu ainda falava de futebol. Aha. Ainda gosto, acompanho e xingo, mas um tanto menos. Pena, pena. O Brasil perdeu uma comentarista. www.torcidabrasileira.weblogger.terra.com.br
05.06.2008 Aliás, eu e deus temos uma ótima relação: eu não acredito nele e ele não acredita em mim. Aha, boa essa. Gostou? Né minha não, é de Miguel Nicolelis, filho de Giselda, aquela que escreve pra criança. O cara é legal demais, montou tem uns 4 anos um instituto de ciência na periferia de Natal pra provar pra todo mundo que todo mundo pode fazer ciência, basta ter oportunidade. E lá tem moleque de 12 anos montando robô, tu já pensaste num troço desses? Eu nem, mas me emocionei quando li. Essas coisas tu só lê na Caros Amigos. Torçam o nariz o quanto quiserem, mas é uma das revistas que mais gosto atualmente. É a única que tem coragem de botar propaganda da Vale do Rio Doce e meter o pau na empresa numa matéria jornalística do lado da propaganda. Que pega o dinheiro da coca-cola, imprime a revista, paga os/as colaboradores/as, e na mesma revista fala pra tu não comprar nada deles, aha, pirem com isso, se irritem e bradem alto os retrógados e afetadinhas/os de plantão, que não entendem das jogadas que a vida te ensina a dar para manter acesa a chama do bom jornalismo. Se isso não é independência e compromisso em falar aquilo que ninguém mais fala (como o assalto de duas horas que aconteceu do lado da delegacia onde estavam o preso e a presa da vez, a saber, o casal Nardoni, enquanto milhares de jornalistazinhos lá estavam para cobrir um “furo” de reportagem), meu caro amigo, nada mais é. E mais não falo, assina a revista, bah. Veja se eu posso, eu ouço Não recuso o seu querer, mas sim o seu não saber ter o que quer E eu emendo Mas é que eu nunca tive o que eu quis, ahaahahhhhhashushuhuhsuhuhsu no que ele replica, implica gosto de você por que você é direta eu, rindo/caindo da cadeira mas como não ser, eu te quero e você não, melhor jogar limpo, a vida é simples assim É sempre assim, eu no meu canto quieta e ele vem. Pior que eu até gosto. Anima que nem cachaça em dia frio. Esquenta por dentro, o dia inteiro. Fazem dois anos e eu nessa de me apaixonar de novo sempre pelo mesmo moço de mundo distante. _______________________________________________________
1º de junho, 2008. Rua Turiassu. Se eu pudesse, compraria uma casa ali. Rua Turiassu. Adoro essa palavra, adoro essa rua. Me lembra tiramisu. Me lembra desejo, saudade e chocolate. Não gosto de Caetano pelo que ele fala, gosto de coisas que ele canta. Mas só isso não é suficiente. Toda arte deve ser engajada. Sim, engajamento é opção política de vida. um cara não pode cantar améliaqueeramulherdeverdade só por que fez sucesso, ou mascomoacornãopegamulata e ficar sorrindo pra mim. Mas tá. Caetano é um espertinho. Não que isso seja ruim, mas só acho que ele anda meio perdido. Sabe, é difícil ter sido artista na década de 60 e não ter morrido. Por que eles e elas não têm mais nada pra dizer, ou tem que reafirmar o que disseram, ou contrapor com coragem o que disseram (ahahaah, bem agora, Caetano cantando aqui pra mim “política é o fim”, em Ele me deu um beijo na boca, Cores&Nomes), mas ficam por aí, vagando, vagando, formando colcha de retalhos com pensamentos avessos, piacadinhos de pensamentos sem sentido, aqui e ali, ali e aqui. Mais coitado de Caetaninho. Peguei ele pra sacanear, né? É que ele assinou aquela lista contra as políticas de ação afirmativa (ahahaahah, ele agora canta “mas eu sou preto, meu nego”, mesma música, mesmo cd’), fiquei nervosa. E eu correspondi aquele beijo

Simples assim.

Me diz, se tu gostou de sair com alguém, foi legal e interessante, tu vai querer sair mais e de novo, sim? Sim, vai. Mas aí tu tem um problema, um problema qualquer, e nunca pode sair com aquela pessoa. Tu não vai dar um jeito de resolver o problema pra poder sair com a pessoa de novo? Simples assim? Pois é, pra mim é. Tem tão pouca coisa no mundo que nos agrada gratuitamente que se isso acontece, é melhor correr e cavar lugar, pra não acabar, pra não morrer. Mas parece que só eu penso desse jeito. Não tem conversa fiada. Por isso que não dá pra acreditar que aquele moço gostou de tu se ele nunca arruma um jeito de se resolver pra vir te ver de novo. Vai entender. Pra mim, a vida é simples assim, como um dia de verão. Ou inverno, debaixo das cobertas. Por que eu quando gosto, eu gosto mesmo. E quando não gosto, deixo pra lá. Mas se de repente gosto, sempre digo. Acho que as palavras estão por aí, doidas para serem usadas, mas as pessoas em silêncio se escondem, se esquecem. Dizer, foi pra isso que vim ao mundo. Não canso, repito. Se não gosta, me deixe, me largue. É sempre simples assim. Engraçado, faz tempo isso, mas todas as vezes que vou fazer alguma coisa de muito muito importante ou legal, olho pros lados e estou sozinha. Boh. No filme Princesas, a moça diz, eu concordo, o que ela mais queria na vida era ter um namorado pra buscá-la no trabalho, eu também quero um pra me buscar no trabalho, na escola, pra brigar e falar besteira, é pra isso que eu vim pro mundo, foi só pra encontrar alguém e ele me levar no trabalho, me buscar no trabalho, foi só pra isso. _____________________________________________________________________________________ Sobre a funcionalidade do amor. As pessoas dizem, mas não tem sentido tu gostar daquele cara, mas eu digo, é por isso mesmo que eu gosto, por que não tem sentido, por que as coisas na vida não foram todas feitas para ter sentido, elas também existem pelo simples fato de existir, e pronto. Estranho entender isso num mundo onde tudo tem que ter uma função específica, onde se arrumam nomes para todas as coisas e lugares e pessoas, pelo simples fato que a agonia da pressa da ansiedade do medo da insegurança nos prende e apreende o tempo inteiro, se não tem motivo pra quê, pra quê você se pergunta, mas é justamente por que não tem motivo nenhum que é amor, é por que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa e estou pensando nele que é amor, por que amor não funciona. E é por que não funciona que pum você se apaixona pelo cara mais velho, mais feio, mais casado, mais chato, sem nenhum motivo aparente, é por isso, e só tem graça a vida por que é assim, se tudo fosse nominável e funcionasse a vida era como água, insípida de dar dó. Pergunte pro seu orixá Amor só é bom se doer Vice, menina? _____________________________________________________________________________________ 03.06.2008 Eu tou quieta, me deixe em meu canto quieta. Não vou perturbar ninguém, se passo com meu vestido curto e você me olha e depois vem querer meu telefone e fica me ligando pra sair é problema seu, não tenho nada a ver com isso, me deixe, me largue. Me largue!

quinta-feira, junho 05, 2008

Crianças.

Bia, 3 anos, ouve a professora dizer Mas você é esperta E ela Minha mãe não me chama de esperta, fessora A professorinha Ela te chama de quê, meu bem? E a meninota De Beatriz Costa E tenho dito.