Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, julho 29, 2007

Doo-waaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Procurei, achei. A melhor versão de It Don't Mean a Thing If It Ain't Swing é do Cab Calloway e o Duke Ellington. Ah! Aumenta o som! What good is melody, what good is mu - sic If it ain't possessin' something sweet? It ain't the melody, it ain't the mu - sic -- There's something else that makes the tune complete. It don't mean a thing, if it ain't got that swing -- Doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat. It don't mean a thing, all you got to do is sing -- Doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat. It makes no diff'rence if that rhythm's sweet or hot, Just give that rhythm ev'rything you got. It don't mean a thing, if it ain't got that swing -- Doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, Doo-wat doo-wat, doo-wat doo-wat, doo-waaaa. _____________________________________________________________________________________ Bobos e bobas do mundo todo, uni-vos! Meus olhos brilham, meus cabelos enrolam no alto da cabeça, frenética, frenética! Por que eu danço na frente do espelho, imito cantoras, sorrio e mando beijos. Eu sou modesta. E como disse Tom Zé, num show que eu não fui: NÓS SOMOS UM PUTA POVO PRETO! (e então só a minha amiga no show inteiro gritou, é isso aí!)

sábado, julho 28, 2007

Essa frase, essa semana, persegue: "O pudor é a forma mais inteligente de perversão" Lida no banheiro de um sobrado na Praça da Cruz Vermelha, no Rio, em 27/10/2006. Não fui eu quem disse que tava lá, tá aqui: www.consciencia.net/citacoes/temas.html Mas quem escreveu ali deve ter assistido Amarelo Manga, do Cláudio Assis, é o cara que passa na rua e fala pra senhora crente, assim, do nada, essa frase. Agora não me pergunte se Cláudio leu em algum lugar, pergunte a ele. Nem era sobre isso que eu queria escrever, mas foi. O resto todo mundo já sabe. Sódade, incertezas e imperfeições.

terça-feira, julho 24, 2007

Ler é o melhor remédio.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Os livros chegaram, não abri logo, desci ali na padaria, fui comprar pão, fiz café, coloquei música, fiquei olhando aquela caixa enorme me chamando... passei horas rindo, cheirando, tocando, me diz se tu não ficaria assim também se recebesse num dia frio na porta da sua casa uma caixa de 20 quilos de livros dos mais variados formatos e tamanhos? Não preciso de mais nada, agora vou sair por aí, com um jeans surrado e uma camiseta do tempo da faculdade, era a minha camiseta predileta, todo mundo me conhecia de longe quando eu estava com ela, guardei o dinheiro por algumas semanas para comprar, mesmo não sendo tão cara, por que era assim que funcionava. Nela tem escrito: "Axé tem cura, tome rock'n roll", e mesmo que não concorde assim ao pé da letra com isso é engraçado, ela tem uns seis anos de vida. Mas que é isso, tou me perdendo, estava falando de livros, vamos lá. Estou lendo Istambul, finalmente o comprei, mas não consigo terminar por que o amo desde a primeira linha, Pamuk é sensacional, é nobel mas não por isso, é tudo aquilo que ele consegue escrever que me deixa com uma sensação de tristeza feliz, não sei explicar, mas talvez seja o que ele chama mesmo de hüzün, é isso, se ele quer dizer o que é, ele acaba conseguindo nos fazer sentir. Há parágrafos inteiros que eu poderia transcrever aqui para falar de São Paulo, respeitando os limites e diferenças poéticas e geográficas. Até por que ele mesmo cita São Paulo em seu texto algumas vezes, então acho que é isso, falando de grandes cidades, medos e tristezas gigantes, cidades como São Paulo e Istambul estão emparelhadas. Vá à uma livraria, folheie o livro, veja as fotos, respire fundo, sinta Istambul. Já vale alguma coisa. Agora deixa eu ir, o Cartola está na penúltima música, frio e chuva fina me esperam lá fora. Não sem antes dizer que espalhei os livros pelo quarto, não quero guardá-los, quero ficar entre eles, quero que eles fiquem em mim, as palavras é que nos salvarão, meus caros e minhas caras, prestem bem atenção nisso.

Menina da Lua.

Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção Faça não Pode ser a gota d'água. Pronto. Passei 10 minutos chorando. Não quero mais. Enterrei essa coisa toda. O problema aqui sou eu, não é ninguém mais. Tenho a lua e um monte de estrelas para me fazerem companhia.

segunda-feira, julho 23, 2007

Cálice.

A chuva me incomodou tanto aqui dentro e eu disse para mim mesma, por que não, vou sair lá fora, no frio e na chuva, ouvindo Rosa Passos, com lágrima no canto do olho, de saudades, de tristezas, por que eu tenho que ser boba, careta e cheia de historinhas, eu deveria ser simples, como a chuva, como a música, como a vida. No correio tinha uma encomenda para mim, eu que não gosto de falar da minha vida vou escrever uma frase que apareceu nas tantas cartas que recebi hoje: ...acredito que o amor seja estar num supermercado e sentir, numa tarde chuvosa, o cheiro do pão quentinho, você está na seção das manteigas e afins, dando vontade de levar pra lanchar em casa daquela pessoa que você ama... Não consegui, chorei sem reservas, até por que estou sozinha aqui, até me dei o direito de soluçar. E mais me escreveram: ... arrumo meus livros ali no armário, folheio as páginas de um deles, cheiro entre elas. Penso em tuas pernas, na tua alma... Não descobri ainda como criei em mim um regulamento interno que me compele sempre à ir em frente, não ter preguiças, não ficar à toa, roer unha, esperar mais da vida. Seguir normas, seguir receitas, todas minhas, mas não menos duras e sufocantes. Uma amiga que tenho fica encantada com o que ela chama em mim de disposição para viver. "De onde vem tudo isso?", ela me pergunta admirada. Nem eu sei, babe, só sei que continuo. Mas o problema é que esse regulamento que me põe na linha às vezes extrapola. É esse o mecanismo que me diz que agora é não, e que aquela história que eu pensei ter começado na verdade não tem fundamento, então eu levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima, não sem antes perceber que a cada dia que passa eu estou me acostumando a ficar sozinha, tenho medo de quem se aproxima, de quem quer ouvir o que eu tenho pra falar e me procura, me afasto. É só por que tem tanta coisa aqui dentro que eu queria compartilhar com alguém, tanta coisa que eu queria dizer e fazer para alguém que quando eu vejo que estou indo rápido demais eu fico triste, ninguém tem nada a ver com a minha solidão e ansiedade, ninguém quer saber de nada disso, olho em volta e tudo continua a acontecer, o cara que estava na esquina quando passei de manhã não está mais lá. Por que todas as fichas desperdiçadas uma vez não voltam assim do nada, me sinto de louça que vou quebrar em mil pedacinhos se você me olhar de novo e sorrir, por isso, não se aproxime, vou me machucar, já estou até chorando, percebeu? Flor da pele, qualquer coisa e eu desmonto. Mas eu sou danada, eu finjo bem, esse tal regulador interno me põe sempre em combate na primeira linha no dia seguinte, não posso vacilar, sempre atenta, em guarda. Hoje, por ser segunda, eu me permito chorar e curtir uma dorzinha, a dorzinha de mais uma vez não encontrar eco para as minhas canções, mesmo que dia desses eu tenha ouvido que minha voz parecia néctar, aroma de manga madura que perfuma a casa inteira e o quintal. Tinha até esquecido que cantava, tinha até esquecido de cantar e me fazer ouvir, quando a gente está em guarda não se tem tempo para pensar em cantorias, ora mas já se viu uma coisa dessas? Estou pensando numa proposta, chegar até onde posso chegar, o máximo, sem cruzar a linha com você. Excitante, penso nessa palavra e meus olhos brilham, a boca saliva. Pelo menos eu me divirto, tenho companhia e assim, a dor passa, me deixando pronta para o próximo combate.

domingo, julho 22, 2007

Links.

Assinem o Estatuto da Igualdade Racial. www.petitionline.com/afirmat/petition/html Um fotolog de uma moça, marida de um grande amigo meu. Não a conheço, mas conheço ele, e conhecendo ele, assino embaixo. www.fotolog.com/anacarolgarcia

Canção pra mim.

Um passo de cada vez, preta Agora eu já não preciso mais de nada, só ele existir aqui dentro e eu estou em paz de novo, nem importa onde ele mora e com quem ele esteve ontem à noite, eu só sei que ele habita no mesmo mundo que eu, ele é bonito e sorri, ele me ilumina e me aquece, não é bem ele talvez, mas o que eu sinto por ele, isso sim. Eu sento na minha cama e me olho no espelho, vejo uma moça feliz, preta que agora, junto com ele, dá um passo de cada vez.

sexta-feira, julho 20, 2007

Depois que o conheci, fica cada vez mais difícil resistir às proibições, convenções, tentações. Mas vou dormir cedo, lavo o rosto, amanhã, me parece, será mais quente, eu vou estar longe, e ele, acompanhado. Tanto faz. Não ia durar nada mesmo.

quinta-feira, julho 19, 2007

Susto.

Diz pra mim se você não se assustaria se um tempo depois, alguém que te incendiava toda, simplesmente não acendesse mais nenhuma fagulha de você? Não é estranho, coisas, lugares e pessoas perdem todo o sentido, o tempo todo. E fazem você ir dormir, com desejo de sono e carneirinhos.

Turismo interior.

Eu entendi que não é que eu goste de viajar. É que me importa muito mais morar na cidade do que ser turista nela, seja por apenas dois dias ou um mês a minha estada. Então, o que tem graça em Porto Alegre é tomar o metrô pela manhã (tomando sempre o cuidado de chamá-lo de metrô, mesmo que ele seja um trem), sentir frio, tentar pegar o tíquete dentro da bolsa sem tirar a luva, ouvir as mais diferentes formas de se pronunciar o "bah", fingir cara de séria, fingir timidez e reservas, uma moça que vende toucas e luvas e guarda-chuvas às 11 da noite no centro da cidade, taxistas que conversam com o chimarrão à boca enquanto esperam mais um cliente (o mesmo chimarrão à boca quando entram no carro, perguntam o destino, dão a partida), me importa saber o que eles e elas fazem para passar o tempo, como é o seu dia, o dia de sempre. Museus, praças e parques tem o seu valor, não estou brigando contra isso. Só quero reinvidicar que tem muito mais gosto as coisas todas que se aprende dentro das casas, com as famílias ao redor da mesa, em qualquer bar da esquina reside o espírito da cidade, nem é o mais descolado que vai te ensinar a cidade onde tu tá visitando, ele é fake, então... um conselho: não faça pacotes de viagem, mande o guia embora, não se preocupe em ver a Torre Eiffel em Paris se você ainda não conseguiu ver a alma da cidade, tenha bem claro que o patrimônio e lugares foram feitos por pessoas e elas estão do seu lado, no café, na banca de jornal. Conheçamos, dentro pra fora, pra entender o fora, de dentro. Se você acha perigoso tudo isso, se pra você é inseguro andar às 23 horas em qualquer centro de qualquer cidade no Brasil e tantos outros países, desista de viver. É preciso muita coragem para permanecer vivo e viva, quem não tem coragem nem sequer sobrevive, sonâmbulos medrosos perscrutando a vida alheia, tsc, tsc. Não precisamos de mapa quando o maior turismo é sempre aquele que a gente faz dentro da gente. Caminhos/descaminhos, encontros/desencontros estão todos aqui, não precisa escolher nada, é só se deixar levar. E em todas as cidades, a graça está em decifrar o não dito, se o museu fica naquela rua que eu estou passando vamos lá, não esquecendo de dizer oi para quem passa, ver quem vai e vem, as cidades são as gentes, as cidades são pedras. As cidades. Depois de falar sobre e contra a discriminação nordestinos/as-paulistanos/as, me interpela uma senhora: "Adorei sua fala, eu sou paulistana. Verdade, somos muito preconceituosos. Tem que denunciar... se alguns de vocês caem no crime, a gente não pode generalizar..." Sorri um sorrisinho sem cor e sem graça, assinei a lista de presença e fui embora.

quarta-feira, julho 18, 2007

Sobre chaves, pertencimentos, frio e morte.

Descobri, em mais uma das minhas viagens, que o meu problema com chaves é coisa de herança. Minha mãe tem problemas com chaves: vive remexendo a bolsa, assim como eu, à procura das dela sempre que estamos juntas, atravessando a rua ou comprando frutas. Meu irmão volta religiosamente todos os dias, depois de ter andado 10 passos em direção à escola para buscar a sua cópia, isso quando tem alguém em casa. Então eu sorrio, sei que essa coisa com chaves vai além de mim, e agora já não é tão ruim esquecê-las também, pelo menos eu faço parte de alguma coisa, grupos e eventos, é isso. É isso por que todo mundo adora fazer parte de alguma coisa, por mais bizarro que pareça às vezes. E escrevendo isso eu lembro que minha mãe é a única pessoa que pega na minha mão para atravessar a rua. Então eu penso, para além de qualquer desavença, para além de qualquer "onde você vai" ou "quem era no telefone?", ela pode tudo isso, por que ela pega na minha mão, cuida de mim. Indo de Salvador à Porto Alegre no espaço de um dia, saindo de um pôr do sol na Ribeira para encontrar uma segunda de quatro graus lá no finzinho do Brasil, você também se perguntaria "que que eu tou fazendo aqui?"; sigo em passos curtos, mas certos, para o encontro. Espero que mude coisas aqui dentro, que eu melhore como pessoa, que valha a pena passar dez minutos me vestindo e outros dez minutos praguejando, por que esse frio tá me gelando o coração. Escrevi dia desses, escrevi para que eu lesse, por causa de alguém que me fez ir dormir sonhando: é uma pena que você, de tão especial que era, depois de tudo, se torne mais um rapaz comum. Acho que fica mais triste ainda se eu disser que nem tive tempo de contar pra ele que ele era tão especial, me embriaguei e falei bobagens do tipo "quero alguém pra me amar", talvez eu tenha sido dura por ter falado embriagadamente séria, mas fazer o quê, agora já foi, o que fica aqui são os silêncios, telefone que não toca e a madrugada inteira esperando, não posso fazer nada, não posso voltar no tempo, e nem quero, é só uma questão dele, do tempo, amanhã vai passar, meu coração que é enorme de todo não vai gelar, não vou deixar. Pessoas morreram, neste avião que aterissou, quando todo mundo que crê em qualquer coisa já tinha agradecido por estar vivo, então foi a última prece; e mesmo eu, que não agradeço à moda cristã, digo ufa baixinho, e fico pensando, seria meu último ufa. Isso é triste, é chato e não faz você ter vontade de sair de casa. Chuva, frio e morte. Mas não é que o sul seja assim. Me parece educado, mas me parece discreto demais. Eu gosto de sorrir, olhar no olho, pegar na mão sem luva. Sinto falta do pôr do sol na Ribeira. Abro o celular, suspiro, olho a foto. Amadora, mas salvadora.

quarta-feira, julho 11, 2007

againagainagainagain.

eu sempre digo a mim mesma você resiste, você consegue mas aí vem qualquer coisa de dentro e empurra tudo aqui pra fora fico boba e de novo caio nessa de amor pra sempre de amor eterno eu adoro eu me divirto eu digo sim com os olhinhos brilhando e a boquinha em ponto de ser beijada

terça-feira, julho 10, 2007

Gramsci.

Precisamos estudar mais. Deveria ficar triste por não ser uma intelectual orgânica? Fazer o quê, sou uma intelectual tradicional, aliás, improdutiva, pelo menos pro capitalismo, na verdade. Vou sair por aí.

Hot.

Quando te vi Eu sabia Que ia me acender tudo aqui E foi assim Coração pela boca saindo E eu engolindo em seco Pressa de te ver de novo Um segundo e mais uma vez.

segunda-feira, julho 09, 2007

Vida real.

Cena um: Um moço entra no metrô, vendendo balas. Entrega as balas pra todo mundo, pede "com licença". É um moço bonito. Uma estação depois, entra o segurança do metrô, o moço se esconde. O segurança o encontra no vagão, manda ele sair, toma a sacola de balas. No meu colo, ele também havia deixado uma bala. Escorre uma lágrima. Cena dois: O moço começa a assaltar na vizinhança. Pra comer. Pra vestir. Pra matar a raiva. E alguém chora. Muita gente chora. Mas também, quem liga, pobre matando pobre nem-aí, o problema são os e as tais rebelados e rebeladas quererem sair da senzalinha e vir matar na casa-grande. Enquanto o genocídio forem entre os meus e minhas, não há que se preocupar. Uma quase-limpeza-étnica é sempre bom, e desse jeito, não gastamos nada e a imagem do Brasil, país belo e faceiro, continua por aí, circulando. Muita gente com quem eu converso que só conhece o Brasil de ouvir falar me diz estupefata que nunca imaginou que existia racismo no Brasil. Minha amiga falou: "Agora a gente entende o problema, sabe diagnosticar. Mas ainda não sabe como resolver". Será a nossa principal preocupação do presente. Como resolver o problema da má distribuição de renda, que cria tantas coisas ruins, como favela, preconceito, bandidos e misérias?

sexta-feira, julho 06, 2007

Leiturinhas.

Noemi Jaffe, hoje, na coluna de jornal: "Hitler foi colega de Wittgeinstein. Às vezes, penso como essa convivência entre um alemão mediano e um judeu genial pode ter germinado, na indecifrável alma do primeiro, a idéia da guerra, cuja origem pode ter sido uma pequena inveja." Não vou comentar, só queria que vocês aqui lessem as coisas que eu leio. E depois: "Estudo feito por psicólogos dos EUA e do México (Juntos? Onde?), revelou que mulheres não falam mais que homens. A média de palavras faladas pelos dois sexos, apresenta uma diferença de só 7 por cento, o que é estatísticamente irrelevante". Tem um texto do Frei Beto, Caros Amigos número 122, página 17, que para mim resume o que foi, o que é e o que se tornou a esquerda, um pouco no mundo, outro tanto no Brasil. Mas esse texto, leiam, procurem na internet, não vou escrevinhar aqui, não. Só pra dar o gosto: " A esquerda no governo tende a trocar seu projeto de nação pelo de eleição. Permanecer no governo, ainda que à custa de alianças com forças adversárias, passa a ser mais importante do que mobilizar a nação para fortalecer o empoderamento popular e, graças ao seu apoio, levar a efeito as reformas prometidas e necessárias". É isso aí.

quinta-feira, julho 05, 2007

Férias.

Diz que tu não ia ficar toda boba se as crianças da tua classe começassem a chorar no último dia antes das férias? Dizendo: "Tou com saudade de tu, tu é legal demais". E quando elas descem as escadas pra ir embora, todo mundo fica olhando pras crianças e pra tu, sem entender nada. Uma tua colega vai e dispara: "Em quinze anos de trabalho, nunca vi criança chorar no meio do ano por que vai ficar longe da professora quinze dias". Eu deveria guardar tudo isso pra mim, não ficar metida a besta, essas coisas. Mas não consegui. Desculpem, mas eu sou legal demais.

quarta-feira, julho 04, 2007

Escrevinhação.

Engraçado. Hoje muito mais gente lê essa bodega aqui, mas muito menos gente posta. Não estou ligando para isso. Deixa eu te contar, eu sempre tive diário. Acho que foi ali que tudo começou. Não é bobagem. O Ziraldo, no último livro dele, acha que um bom recurso para alfabetização é o tal diário. Eu fiz ano passado com as crianças e deu certo. Desde os nove anos eu escrevo o que me acontece; tenho um baú em casa de mainha com diários de toda a adolêscencia, e não há uma vez que eu não apareça por lá e não passe tardes e tardes relembrando, relendo, sorrindo, me arrependendo, recordando. Faz muito bem. Continuo fazendo diário, todo ano. Mas não com a mesma intensidade, depois dos dezoito eu passei a escrever cartas, cartas e mais cartas, eram nelas que eu falava do meu dia, minha semana e vida. Escrever é paixão. Compulsão, coisa de louca. Cheguei a escrever para vinte pessoas na época da faculdade, sem rascunho nem xerox. Algumas cartas continham oito ou dez páginas. Escrevinhação pouca é bobagem. E sabe qual era o tesão maior? Depois de escrever, eu lia e relia as cartas que escrevi, eu adorava aquilo, eu aprendia tanto de mim e de como eu me fazia ser pro mundo, pros outros e outras, como eu usava as palavras e como elas me enganavam, certas vezes. Escrever cartas virou uma espécie de registro pessoal, eu escrevia para mim, antes de escrever para alguém. Quando vi que poderia escrever por aqui também achei interessante de cara, olha só, escrever mais e sempre, em todos os lugares possíveis. Carta, postal, diário e blog, tudo junto e sempre mais, por que não faz mal, não tira pedaço e não perturba ninguém. O exercício da escrita devia ser uma coisa que todo mundo devia fazer, como desenhar, recitar poesia e gostar de samba. Não é coisa pra uma ou outra pessoa, mas todo mundo, o tempo inteiro, deveria andar por aí, pensando e imaginando tudo aquilo escritinho, ou eu tou louca? O Ariano Suassuna falou, é verdade, sertaneja e sertanejo falam demais, na roça não se tem tanta coisa pra fazer, então a gente conversa, conta causos, re-conta, fala da vida alheia; não, eu não sou sertaneja, mas venho de famílias do interior baiano, daquelas que até hoje acreditam em lobisomem e desconfiam que o homem na Lua é efeito especial. E então eu adoro falar, e digo isso para quem acabar com aquela coisa de que quem escreve é por que não é bom de oratória, é tímida, isso. Mentira pura. Aliás, o mundo está cheio de mentiras puras. Pena que a gente descobre isso muito tarde. Escrevinhar, andar com papel e caneta, repetir palavras-chave, quem me acompanha sabe que eu faço isso o tempo todo, poesia é palavra de ordem, pra se usar o tempo todo, grito de guerra pra marcar tempos, espaços, gentes e ambientes. Pérola do dia: Eu quero que o mundo se acabe num barranco que é preu morrer encostada. Rá.

segunda-feira, julho 02, 2007

Se o mar pegar fogo, eu vou comer é peixe frito.

Quero escrever um monte de coisas. Primeiro que ontem, às 8 da matina, a TV me fez rir como louca. Um programa que abordava a questão da audiência das TV's abertas no Brasil, disparou: "Um país onde um canal de TV' dá 80 por cento é um caso claro de esquizofrenia." Aí a colunista do Estadão emendou: "No final de Roque Santeiro, a Globo deu 100 por cento". Me fale se não é pra chorar de rir. Eu achei legal uma coisa que a tal moça disse, "somos espectadores globo e leitores abril", o que não é de todo ruim, mas não deixa de empobrecer a discussão toda, tu pega uma revista de outra editora e não entende a linguagem, as cores não se encaixam, muda de canal, mas mesmo que esteja chiando tu deixa no Jornal Nacional, afinal, a voz da elegante moça (apesar de infelizmente nunca ter acertado o corte de cabelo) entra tranquila no nosso ouvido já amaciado para receber as notas parciais. Depois, hoje pela manhã eu assisto um outro programa dizendo que há um projeto de lei, desde 2001, para regulamentar a greve dos/as servidores/as públicos. Rá, rá, rá. Então lá diz que não se pode parar totalmente serviços como saúde, educação, previdência, estabelece quórum para que a greve seja aceita e sugere a suspensão do ponto, corte dos dias parados pelos/as servidores/as. O cara teve a cara de pau de citar os EUA como exemplo, dizendo que lá a greve é ilegal, e aqui a gente quer pôr tudo nos conformes. Pois bem, sabe o que eu acho? Eu acho é ótimo. Que volte tudo como era antes, repressão, ditadura, censura, assim voltam também os idealismos, as aventuras, as loucuras, os sonhos e utopias, as ações diretas, enfim, a vida volta a circular neste País fadado à morte da política, política como expressão de idéias, como espaço do debate, como construção de alternativas, essas coisas. Aí vai rolar a tal Revolução que a gente espera no Brasil, entendeu? Esse limbo todo que a gente vive vai entrar pra história como o período que antecedeu o fumo da cobra. Ouvindo o Franklin Martins falar, e olha que eu gosto dele pacas, que o Brasil está muito melhor que antes, eu fico meio assim-assim. Tá melhor, em que sentido? Eu sei lá. É aquela coisa da segregação racial, tu finge que me tolera e eu finjo que não sou discriminada, sigamos todos e todas nesse baile mascarado de mentiras. Numa atitude radical, eu digo hoje, prefiro o quente, por que morno não tá descendo mais. Ah, e uma menina de 11 anos, que havia perdido um dia de férias do lado dos avós, por causa da tal crise nos aeroportos: "Eles não podiam fazer isso com a gente. Criança ou adulto, isso não é legal". Quer melhor sabedoria que esta? Assisti um filme com a Marilyn Monroe, o Some Like It Hot. Descobri que não sou assim fã de comédias, comédia pela comédia, me canso logo, comédia tem que ter um sentido, ou então, eu dou o sentido da comédia, rio de alguma cena por que me lembra alguma coisa e não necessariamente por que o filme é de comédia, até por que não é sempre que você quer ouvir as coisas num filme, você quer somar "dois mais dois", como disse Billy Wilder, por sinal, o diretor desse filme que fui ver com a Monroe. O roteiro não é ruim, e nem as piadas, na verdade, o problema sou eu. Mas nem era isso que eu queria dizer. Tinha uma idéia da Monroe, aquela coisa da beleza padronizada, como todo mundo acha que a perfeição feminina deve ser. Como é, vou dizer: magra, branca e loira. Tá, branca e loira ela é, mas minha surpresa foi ver que ela tinha carnes, gordurinhas onde todas as mulheres que se julgam perfeitas adoram esconder! E o cabelo? Como qualquer cabelo, minha gente, nada daquelas coisas de a cada dois minutos borrifar um produto mágico para parecer sempre alinhado. O filme aproxima a Monroe de qualquer mulher, não vejo um diretor preocupado no melhor perfil da Monroe, ela aparece de todos os jeitos, como é. Então, ela é perfeita. Mas aí, eu também sou. Saí do cinema feliz, afinal. Mesmo que a última frase do filme seja: Nobody is perfect. Um jogo divertido, enfim.